Para mostrar sua força, sua importância, seu lado econômico e social, sua musculatura política e seu poder de mobilização, a indústria do Ceará já está trabalhando para efetivar, em março do próximo ano de 2026, a maior feira e exposição industriais que este estado e a região Nordeste já viram.
Da mente privilegiada do presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, nasceu a ideia, que rapidamente prosperou pela liderança dos seus 40 sindicatos filiados e ganhou forma com a criação de um Grupo de Trabalho que, sob a liderança do primeiro vice-presidente da entidade, Carlos Prado, cuida agora de dar estrutura ao projeto, desenhando, de início, o seu cronograma de execução.
Uma feira da indústria é, antes de tudo, um evento de marketing que busca a realização de negócios, como o foi a recente Pernordeste, promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), sob o comando do seu presidente Amílcar Silveira. Ainda não se sabe quanto em novos negócios deixou a Pecnordeste. A estimativa da Faec era de R$ 150 milhões, dos quais o Banco do Nordeste (BNB), sozinho, respondeu por mais da metade.
No caso da Expo Indústria do Ceará – nome provisório da feira que a Fiec realizará daqui a nove meses no Centro de Eventos – a expectativa é de que ela registre em dobro, no mínimo, o valor dos negócios fechados na Pecnordeste.
O Ceará tem hoje em operação em toda a sua geografia quase 20 mil unidades industriais, algumas das quais são as maiores do Brasil, como a M. Dias Branco, líder do mercado nacional de massas e biscoitos, e a Esmaltec, do Grupo Edson Queiroz, que lidera o mercado de fogões.
Há algo em comum na indústria e na agropecuária do Ceará: ambas alcançaram um nível de desenvolvimento tecnológico tamanho que coloca suas empresas no proscênio da economia – no agro, são cearenses e têm sede no Ceará as maiores produtoras brasileiras de camarão – a Samaria Camarões – e de melão, a Agrícola Famosa e a Itaueira Agropecuária. Isto não é pouca coisa para um estado cuja economia participa com apenas 2,2% do PIB nacional. E isto também significa dizer que a indústria e o agro cearenses têm centros de excelência que a tornam referências no universo empresarial do país.
Carlos Prado, acostumado a enfrentar e vencer desafios, já está mergulhado na tarefa que lhe confiou o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante. E, certamente, palmilhará os caminhos de quem idealizou e coordenou a Pecnordeste. O primeiro passo, sem dúvida, será buscar os melhores profissionais da área de feiras, congressos e exposições onde quer que eles estejam, mas de preferência os daqui. O contato direto com as grandes empresas da indústria cearense será outro passo relevante, até chegar às médias e pequenas – parceiras indispensáveis, pois elas serão responsáveis pela capilaridade da feira.
Não há hoje, nem haverá amanhã, qualquer incerteza sobre o êxito do projeto da Expo Indústria do Ceará – a não ser que a economia nacional enverede por uma crise fiscal, monetária e política que inviabilize um empreendimento desse gênero. Esta possibilidade, porém, é remota. A indústria tem mais chance e mais capacidade de mobilizar, além do próprio setor industrial, a área financeira, isto é, os grandes bancos para o financiamento de negócios durante o evento. Só esta possibilidade atrairá expositores nacionais e estrangeiros para a exposição da Fiec.
Esta coluna disse na semana passa e o repete agora: o cearense da capital e do interior do estado desconhece, em sua maioria, o que são, o que fazem, o que empregam em mão de obra e o que exportam em produtos sua indústria e sua agroindústria. A exposição que a Fiec promoverá em março de 2026 – além de lotar os dois pavilhões do imenso Centro de Eventos do Ceará – terá, também, o objetivo didático de revelar esses segredos.
Esta coluna tem a certeza de que as empresas industriais do Ceará criarão estandes inovadores para exibir seus produtos e para mostrar como eles são fabricados. Uma boa sugestão para a Expo Indústria do Ceará será a programação de visitas de alunos de escolas públicas e privadas ao evento – que terão lá verdadeiras aulas práticas.
O projeto idealizado por Ricardo Cavalcante tem em excesso panos para as mangas da criatividade, e Carlos Prado, seu executor, já o sabe mais do que ninguém.
IRRIGAÇÃO É TEMA DE DEBATE EM BRASÍLIA
Ontem, em Brasília, o Secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará e, também, presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), Sílvio Carlos Ribeiro, participou do 3º Workshop “Setor Agropecuário na Gestão da Água – Irrigação e Energia”, evento que celebrou o Dia Nacional da Agricultura Irrigada, comemorado em 15 de junho.
Organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a ABID, o wokshop aconteceu na Câmara dos Deputados, em Brasília e buscou promover o reconhecimento da irrigação como um vetor essencial para a segurança alimentar, a eficiência produtiva e a sustentabilidade no uso dos recursos naturais.
Durante abertura do evento, o presidente da ABID falou sobre a relevante potencial do país para a agricultura irrigada.
“O Brasil possui aproximadamente 9,5 milhões de hectares irrigados, mas com um potencial de expansão de 55 milhões de hectares. A agricultura brasileira tem maior produtividade com a mesma área e gera emprego e renda no meio rural, razão por que é preciso incentivar e promover o setor”, disse Sílvio Carlos Ribeiro.
O evento teve a presença do Presidente da CNA, João Martins, do secretário Nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe Vieira, e do deputado federal General Girão, autor do requerimento do qual originou a sessão especial.