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Carreiras com muitos capítulos: qual o problema? – Delania Santos

Carreiras com muitos capítulos: qual o problema? - Delania Santos

“Passei por vários empregos. Isso pega mal?” Essa é uma pergunta comum e revela uma dúvida legítima de quem construiu uma trajetória marcada por transições. A resposta é: depende. Vamos refletir?

O mundo do trabalho mudou. Carreiras lineares, com longos períodos em uma única empresa, são cada vez menos comuns, especialmente nas novas gerações. O mercado atual valoriza a adaptabilidade, a pluralidade de experiências e a capacidade de transitar por contextos distintos.

Mas, cuidado! Dependendo do que norteou suas tomadas de decisão, variedade profissional não é sinônimo automático de desenvolvimento. Ter passado por muitos empregos pode ser uma riqueza ou um ruído, tudo vai depender da coerência entre as escolhas, do aprendizado obtido e da narrativa construída em torno dessa jornada.

Alguns profissionais vivem em uma constante indecisão sobre os caminhos que desejam trilhar em suas carreiras. Essa falta de clareza pode comprometer a objetividade nas tomadas de decisão e dificultar a análise dos verdadeiros motivos de uma insatisfação. Quando falta autoconsciência, é comum transferir à empresa a responsabilidade pelos insucessos, sem reconhecer o próprio papel nos resultados.

O contrário também pode acontecer! A empresa não tem certeza sobre o perfil profissional que deseja para um determinado cargo e, desta forma, não cria uma ambiência adequada para quem está chegando.

É fato que currículos com várias transições em um espaço de tempo reduzido pode gerar dúvidas nos entrevistadores e ansiedade nos candidatos que não sabem o que responder, quando questionados sobre os motivos de tantas mudanças. Antes de analisarmos o que pode ser feito nesse sentido, é importante compreender os erros mais comuns dos profissionais que mudam muito de emprego.

Os erros mais comuns de quem muda demais

Quem está prestes a se demitir, não está em uma situação confortável. Esse é um momento que demanda muita reflexão, energia e uma grande ‘ressaca moral’. A sensação de mais um fracasso não é confortável para ninguém.

Alguns erros são comuns e podem provocar precipitação e arrependimento. São eles:

  1. Não refletir sobre os ciclos que se encerram – mudar só para fugir de desconfortos imediatos pode impedir o amadurecimento profissional. Não existe empresa perfeita, e é muito provável que você desista de um problema e encontre outro muito mais desafiador.

  1. Não fechar bem as portas – a reputação é construída nos bastidores. Deixar empresas sem diálogo ou com conflitos mal resolvidos contamina a imagem no mercado e dificulta a próxima recolocação. Além disso, ficará cada vez mais difícil responder à pergunta: por que você saiu da empresa ‘x’?

  2. Não conectar os pontos da trajetória – quando não há clareza sobre o “porquê” de cada transição, a impressão que fica é de instabilidade, falta de direção ou, ainda, falta de comprometimento.

  3. Ignorar o aprendizado – trocar de emprego sem extrair lições ou habilidades práticas reduz o valor das experiências acumuladas e demonstra uma certa “arrogância” profissional. Não seja a pessoa que sempre está certa ou acima de tudo e de todos?

As empresas enxergam essas transições com cautela!

É importante ter consciência de que algumas empresas ainda enxergam mudanças frequentes como um fator de risco e, dependendo da cultura organizacional, podem interpretar isso como falta de comprometimento, dificuldade de adaptação ou baixa resiliência.

Isso não significa que você precise se justificar demais, mas sim que saiba conduzir sua narrativa com autenticidade, clareza e foco no que construiu, não apenas no que abandonou.

Neste caso, seja sincero quando indagado sobre os motivos que o motivaram a sair de uma determinada empresa. É importante assumir que houve um erro de julgamento e na sequência expor seus aprendizados sobre esse fato.

O que devo dizer nas entrevistas de emprego?

Quando esse histórico vier à tona em um processo seletivo, o melhor caminho é ser direto, coerente e estratégico. Mostre o que aprendeu, quais competências desenvolveu, como isso o preparou melhor para o desafio atual e que você está pronto para construir um ciclo mais estável.

Diga algo como:

“Tive experiências diversas que me trouxeram repertório e capacidade de adaptação. Em cada transição, busquei aprendizado, ampliação de visão e desafios compatíveis com meu momento. Hoje, tenho clareza do que busco e estou pronto para construir um ciclo mais longo, com entrega consistente e alinhada aos valores da empresa.”

Evite desconversar ou falar mal da empresa. Se você fizer isso, o recrutador partirá do princípio de que você poderá fazer isso com a empresa deles também.

A pergunta certa: como ter certeza do próximo passo?

O que define o impacto real de uma trajetória com muitos capítulos não é a quantidade de páginas, mas a qualidade da história contada. No fim, não se trata de quantos empregos você teve, mas de quantas vezes você se permitiu evoluir com consciência.

E mais do que justificar o passado, o essencial é preparar o futuro. Para isso, alguns cuidados fazem toda a diferença:

  1. Reflita sobre seu padrão de movimento – você está mudando por insatisfação momentânea, fuga de conflito ou real evolução? Entender o motivo interno da mudança é essencial para quebrar ciclos repetitivos.

  2. Avalie o que aprendeu e o que ainda precisa aprender – leve para o próximo ciclo as lições e as competências adquiridas. Reconheça também o que precisa desenvolver para não repetir os mesmos desafios.

  3. Investigue a cultura da nova empresa – valores, estilo de liderança, ambiente de trabalho e estrutura organizacional fazem diferença. Pergunte, pesquise e observe.

  4. Esteja pronto para permanecer – não aceite a nova oportunidade como um “teste”. Entre com disposição real para construir com entrega, consistência e comprometimento.

Não é a quantidade de mudanças que compromete uma trajetória, mas a ausência de sentido em cada passo. O que o mercado admira é a coerência de quem sabe para onde está indo.

Nesta coluna, trarei reflexões sobre carreira, liderança, coaching e tendências que impactam o mundo do trabalho. Sua participação é muito bem-vinda! Deixe sua pergunta, comente este post ou envie uma mensagem pelo Instagram: @delaniasantosds. Aproveite para se inscrever no canal do YouTube: @delaniasantosds. Será um prazer ter você comigo nessa jornada. Até a próxima!





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