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Qual cidade do Norte do País poderia receber um hub aéreo? Belém e Manaus têm grandes potenciais – Igor Pires

Qual cidade do Norte do País poderia receber um hub aéreo? Belém e Manaus têm grandes potenciais - Igor Pires

Não passou desapercebido o fato de a Gol avaliar estabelecer um hub no Norte do Brasil. Segundo a companhia aérea, a região é uma das mais atingidas pela escassez de voos.

A aérea sai da Recuperação Judicial fortalecida, capitalizada e já testemunhou que deseja crescer.

Primeiramente, a intenção é importantíssima para ajudar a descentralizar a ultracentralizada aviação brasileira e, como considerado pela Gol, prover mais voos para a região. O Norte é a maior região geográfica do país (sete estados) e sei bem como é mais difícil chegar e sair de lá.

Até outro dia, para ilustrar a dificuldade, a Azul havia deixado de operar no Acre, reduzindo ainda mais a oferta de assentos.

Das 7 capitais da região, apenas Belém e Manaus têm mais de 10 partidas por dia de Gol, Latam e Azul: é pouco para as outras 5 capitais: muitos voos com horários na madrugada. 

O Nordeste, apesar de estar longe de uma boa conectividade entre suas capitais, possui as 3 companhias aéreas (semi) estabelecidas nas 3 principais cidades da região. É 1/3 das capitais com pelo menos um “hub”. De Recife, por exemplo, voa-se direto a todas as capitais da região Nordeste. De Salvador, a todas as capitais, menos Teresina.

No Norte, declaradamente, entretanto, apenas a Azul informa ter uma concentração de voos que lembraria um hub na cidade de Belém. E as outras duas companhias? E as outras 6 capitais?

Isso é, o Norte possui uma conectividade melhor estabelecida em apenas 1/7 das capitais, menos da metade do Nordeste. De Belém, porém, só se voa para Macapá e Manaus (entre as principais cidades), é pouco. A grande Manaus possui 2,7 milhões de habitantes, a grande Belém, 2,5 milhões. 

Ainda que sejam abençoadas com natureza exuberante como nenhuma outra, são ‘punidas’ por algo próximo a um isolamento. Manaus é a maior prova disso: ilhada. Portanto, um hub no Norte faz muito sentido. 

Na média, os voos por lá são escassos e caros. Se o passageiro perde um voo para São Paulo, o próximo pode ser depois de uma dezena de horas, ou apenas no próximo dia. Nem a concessão de redução de alíquota de ICMS sobre o querosene de aviação trouxe uma maior oferta de voos como no Acre e em Roraima.

A região Norte sofre mais também porque se posiciona, em média, mais distante do eixo Sudeste, sendo mais caro operar para lá.

A ideia faz tanto sentido que, no vácuo de mais operações, pensou-se em legislar no sentido de permitir companhias aéreas estrangeiras realizarem voos domésticos para a Amazônia Legal, a cabotagem.

A grande queixa era justamente o “desinteresse” das companhias nacionais em voar mais para o Norte do Brasil.

Hub Norte

Em qual cidade, então, faria mais sentido o estabelecimento de um hub conectando com qualidade, por exemplo, 60% dos principais aeroportos da região num banco de conexões, para que não se precise realizar um périplo para viajar entre quaisquer duas cidades da região?

Lembro que Manaus tinha voos para Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista e Belém. Não penso que seria demais pensar numa ligação para Macapá. Da mesma forma, Belém, deveria ter voos a Boa Vista.

O experimento da Azul em Belém, de onde mantém até voos internacionais, poderia indicar um caminho. Lá, a empresa tem um focus city bem interessante com voos para Manaus, Macapá e para vários destinos do interior como Santarém, Marabá, Altamira, até voos a Flórida.

Belém seria uma boa localização dada sua proximidade com o Nordeste, além de ser mais próxima de Brasília, porém, não seria a melhor localização para estados como Acre e Porto Velho.

Por outro lado, Manaus parece o estado mais central. Teria voos de menos de 2h de duração para todas as capitais, com exceção de Palmas. Palmas, porém, é muito bem servida pela proximidade de Brasília.

O hub no Norte deveria ser melhor para o próprio Norte, ou melhor, para o Brasil acessar a região?

Economicamente, parece fazer mais sentido a segunda opção. Sendo assim, penso ser Belém a melhor opção. É da ordem de 20 minutos mais próxima do Sudeste que Manaus.

Belém ainda é mais próxima de Brasília e Recife, dois grandes hubs, o que auxiliaria ainda mais na conectividade. 

Ainda, a Gol acabou de anunciar voos regulares para Miami a partir da capital do Pará. Parece reconhecer um papel de maior protagonismo da cidade. Manaus já teve seus voos aos EUA com a Gol, porém, foram descontinuados.

Fator Azul

A Gol desejaria estabelecer um hub no Norte e a própria Azul, que já possui uma coligação com a primeira, informou que a fusão entre as companhias auxiliaria justamente no atingimento do objetivo.

John Rodgerson, CEO da Azul, disse no início do ano ao portal Neofeed que a fusão com a Gol permitiria “criar hubs no Norte e Nordeste do país”.

Caso a fusão se concretize, estarão Gol e Azul fortalecendo suas estruturas em Belém?

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.





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