Para ampliar o contentamento dos agropecuaristas do Ceará, que ainda celebram a extraordinária performance do setor no primeiro trimestre deste ano – cujo PIB cresceu de 18,4%, bem cima dos 4,1% do PIB estadual – o presidente da Enel Ceará Distribuição, José Nunes, transmitiu ontem a esta coluna duas informações de alta relevância.
A primeira dá conta de que a sua empresa – controlada pelo grupo italiano Enel — está investindo no reforço da linha que abastece de energia a Chapada do Apodi. A segunda tem importância ainda maior, pois se trata de uma rede nova, de alta tensão, que, até o próximo mês de agosto, levará energia elétrica a uma vasta área rural de influência do município de Morada Nova, onde centenas de pequenos estabelecimentos rurais esperam, há anos, a chegada desse insumo.
No que tange à Chapada do Apodi – onde se desenvolve em alta velocidade um polo agropecuário e industrial (é lá que se localiza a gigantesca fábrica da Cimento Apodi) — José Nunes revelou que o investimento em execução pela Enel “é mesmo essencial”. Ele se referiu, destacadamente, à Fazenda Nova Agro, que produz soja e algodão, utilizando pivôs centrais de irrigação cujo mecanismo é movido a energia elétrica. Hoje, os produtores rurais daquela chapada queixam-se da oscilação da tensão da rede elétrica, o que provoca, constantemente, a queima dos equipamentos.
“Fiquei impressionado com o que vi na Nova Agro”, contou Nunes à coluna, que também elogiou outras fazendas de produção agrícola — principalmente de frutas – e pecuária existentes na região. Ele disse que, dentro de mais algumas semanas, estará concluído o reforço da rede da Enel Ceará na Chapada do Apodi.
Com relação à zona rural de Morada Nova, José Nunes confirmou que a Enel acelerou os trabalhos de implantação da linha, depois de terem sido superados alguns problemas ligados a questões fundiárias que atrasaram o seu cronograma. Com cerca de 60 quilômetros de extensão, essa nova rede parte da subestação de Chorozinho e chega ao distrito de São João do Aruaru, onde há um polo moveleiro.
“Estimo que, até 15 de agosto, os serviços estarão concluídos para alegria dos pequenos e médios produtores rurais da região, que há meio século aguardam a chegada da energia elétrica para dobrar, em alguns casos, ou triplicar, em outros, a sua produção agropecuária, informou ele.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, as duas obras da Enel “contribuirão para o mais rápido desenvolvimento do agro na Chapada do Apodi e na zona rural de Morada Nova; esses serviços já deveriam ter sido executados, mas foram postergados por diferentes problemas sobre os quais não desejo falar, pois o tempo agora é de torcer pela rápida conclusão dos dois projetos”.
O presidente da Faec aproveitou para comentar a respeito do PIB do agro cearense no primeiro trimestre deste ano. Ele disse:
“Para nós não foi um resultado surpreendente, pois acompanhamos, permanentemente. o desenvolvimento dos diferentes setores da agropecuária do Ceará. Esse crescimento é produto de investimento e de muito trabalho de pequenos, médios e grandes agricultores, pecuaristas, fruticultores, carcinicultores, apicultores, floricultores, avicultores e ainda de agroindustriais que beneficiam e transformam o que o campo produz. Posso dizer – pois estou diariamente em contato com os produtores rurais – que esse trabalho e esse resultado tendem a ser multiplicados, levando-se em conta que empresários cearenses e de outros estados investem em novas culturas, como o algodão, agora é cultivado com a mais avançada tecnologia de plantio e de colheita. Do meu ponto de vista, enxergo um futuro próximo para a nova cotonicultura do Ceará, talvez um horizonte de cinco anos, quando já deverão estar produzindo os algodoais que serão plantados na Chapada do Araripe”.
Por seu turno, Sílvio Carlos Ribeiro, secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, tem a mesma opinião. Ele disse à coluna que, além da cotonicultura, o Ceará “terá, também, futuro brilhante e próximo no cultivo de frutas de alto valor agregado, graças a investimentos privados que estão sendo feitos nas chapadas do Cariri, do Apodi e da Ibiapaba”.
Resumindo: há vida inteligente no agro do Ceará.