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Governo Trump intensifica operações de imigração em Boston e Chicago

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As discussões sobre operações de imigração estão crescendo em Chicago, com o aumento dos esforços de deportação em Boston e a promessa do “czar da fronteira” da Casa Branca, Tom Homan, de uma ofensiva muito mais ampla nos próximos dias.

O DHS (Departamento de Segurança Interna dos EUA) anunciou nesta segunda-feira (8) o lançamento da “Operação Midway Blitz” para “atingir imigrantes sem documentos com antecedentes criminais que vieram para Chicago e Illinois porque sabiam que o governador (J.B.) Pritzker e suas políticas de cidades santuário os protegeriam e permitiriam que andassem livremente pelas ruas dos Estados Unidos”.

“Podemos esperar ações na maioria das cidades santuários do país”, disse Tom Homan, à CNN no domingo (7), classificando os próximos alvos da ampla agenda nacional de deportações que ajudou a impulsionar o presidente Donald Trump para o segundo mandato, mas que a maioria dos americanos rejeita, como “áreas problemáticas”.

“Cidade santuário” é um termo amplo aplicado a autoridades que têm políticas projetadas para limitar a cooperação ou o envolvimento em ações federais de fiscalização de imigração.

Paralelamente a essas medidas, mais cidades lideradas por democratas também estão se preparando para que o governo Trump decida — “no próximo dia ou dois”, disse o presidente no domingo (7) — onde enviar mais tropas da Guarda Nacional para combater crimes violentos, um problema que a Casa Branca às vezes associa à imigração.

O Departamento de Segurança Interna também culpou a prefeita de Boston, Michelle Wu, pelas políticas de santuário que, segundo o DHS, “não apenas atraem e abrigam criminosos, mas também colocam essas ameaças à segurança pública acima dos interesses dos cidadãos americanos que cumprem a lei”.

“Cruzar a fronteira ou permanecer nos EUA além do prazo de um visto e sem documentos é geralmente uma infração civil, não uma infração criminal”, acrescentou o DHS.

As operações em Boston e Chicago seguem o modelo das ações policiais de imigração de junho em Los Angeles, confirmadas pela Suprema Corte nesta segunda-feira (8).

Elas também seguem a grande operação da semana passada em uma enorme fábrica da Hyundai no sudeste da Geórgia, que, embora não seja uma cidade santuário, o “czar da fronteira” da Casa Branca, Tom Homan chamou de uma prévia do que está por vir.

Agentes de imigração dos EUA prendem centenas de imigrantes em fábrica da Hyundai, principalmente coreanos • Reuters
Agentes de imigração dos EUA prendem centenas de imigrantes em fábrica da Hyundai, principalmente coreanos • Reuters

Cidades respondem às ameaças de Trump

Em Washington, onde mais de 2.200 soldados armados da Guarda Nacional patrulham a cidade há semanas, as autoridades processaram o governo Trump, acusando o presidente de violar a Constituição e a lei federal ao enviar tropas para a cidade sem o consentimento dos líderes locais.

A ação, movida na quinta-feira (4) pelo gabinete do procurador-geral de Washington, alega que as tropas — muitas delas de outros estados — foram designadas como agentes pelo Gabinete dos Delegados dos EUA e estão patrulhando bairros, realizando buscas e prisões, apesar da lei federal, em geral, proibir os militares de atuarem como policiais locais.

O governo Trump tem elogiado os esforços na capital, apontando para uma queda acentuada nos crimes violentos desde que intensificou a fiscalização federal no mês passado.

Mas os críticos argumentam que o envio da Guarda Nacional é desnecessário e custoso, com os contribuintes pagando cerca de US$ 1 milhão por dia enquanto os militares tiram fotos com turistas e recolhem lixo.

Funcionários da Guarda Nacional em Washington, D.C. • REUTERS/Ken Cedeno
Funcionários da Guarda Nacional em Washington, D.C. • REUTERS/Ken Cedeno

Trump também criticou repetidamente a cidade de Baltimore, no estado de Maryland, por sua criminalidade, chamando o local de “inferno” e sugerindo que a Guarda Nacional também poderia ser enviada para lá.

“Não precisamos de uma ocupação”, disse o prefeito de Baltimore, Brandon Scott a CNN no domingo (7).

Scott disse que exploraria todas as opções quando questionado se assinaria uma ordem executiva como a de Chicago, que determina que a polícia local não coopere com a polícia federal de imigração caso seja enviada.

Na noite de domingo (7), Trump disse a repórteres que Chicago é um “lugar muito perigoso”, aumentando a expectativa de envio de militares para lá. O presidente afirmou que poderia “consertar Chicago muito rapidamente”, embora tenha se recusado a se comprometer com o envio da Guarda Nacional.

Nesta segunda-feira (8), ele criticou duramente o governador de Illinois, J.B. Pritzker, questionando a suposta aversão do democrata à intervenção federal: “POR QUÊ???… Somente os criminosos serão afetados” por qualquer operação federal, escreveu Trump em sua conta nas redes sociais, acrescentando que a criminalidade pode piorar na região.

Pritzker chamou Trump de “ditador frustrado” e sugeriu em uma entrevista à emissora americana MSNBC: “Por que não nos ajudar fornecendo agentes do ATF, as pessoas que podem interceptar armas?”, referindo-se ao Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos.

De acordo com dados preliminares da polícia, sete pessoas morreram em Chicago entre sexta-feira (5) e domingo à noite (7); pelo menos seis das vítimas eram homens com idades entre 21 e 42 anos.

Protesto em Chicago, Illinois, EUA, em antecipação à chegada de agentes da Guarda Nacional e agentes federais de imigração • REUTERS/Jim Vondruska
Protesto em Chicago, Illinois, EUA, em antecipação à chegada de agentes da Guarda Nacional e agentes federais de imigração • REUTERS/Jim Vondruska

Mesmo assim, os homicídios na cidade caíram 34,2% neste ano, até 6 de setembro, em comparação com o mesmo período de 2024, com 237 mortes em 2025, segundo dados da prefeitura.

A cidade de Chicago vem se preparando há mais de uma semana para o envio de tropas da Guarda Nacional e para as operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), desde a preparação do governador para uma batalha judicial até o adiamento de eventos pelos organizadores dos desfiles.

Medo tomou conta de Chicago no fim de semana

No bairro Lower West Side, em Chicago, o início das comemorações do Dia da Independência do México costuma marcar um fim de semana agitado de festas e desfiles que atraem centenas de milhares de pessoas.

Embora algumas multidões tenham se reunido no sábado (6) agitando bandeiras verdes, brancas e vermelhas nas ruas do bairro predominantemente latino de Pilsen, uma corrente de cautela persistiu.

Keilina Zamora, moradora do bairro de Pilsen, em Chicago, se prepara para participar do desfile do Dia da Independência do México no sábado (6) • Scott Olson/Getty Images via CNN Newsource
Keilina Zamora, moradora do bairro de Pilsen, em Chicago, se prepara para participar do desfile do Dia da Independência do México no sábado (6) • Scott Olson/Getty Images via CNN Newsource

Enquanto artistas fantasiados e crianças carregando cestas de guloseimas desfilavam pela comunidade, apitos laranja brilhantes permaneciam pendurados em seus pescoços, cada um pronto para cortar a música se agentes federais de imigração aparecessem.

Em outros lugares, as celebrações foram mais discretas.

Em Wauconda, cidade a noroeste de Chicago, o Festival Anual da Herança Latina foi cancelado devido “à recente situação climática e às preocupações com a imigração em nossa área”, informou o Departamento de Polícia de Wauconda em uma publicação nas redes sociais na sexta-feira (5).

Um dos maiores eventos das Fiestas Patrias (Feriados Nacionais), o desfile do Dia da Independência do México em Waukegan, foi adiado pela primeira vez em seus 30 anos de história, de 14 de setembro para 1º de novembro.

O festival é realizado anualmente no subúrbio às margens do Lago Michigan, ao norte da Base Naval dos Grandes Lagos, a instalação que o governador J.B. Pritzker disse que Trump usará como centro de comando para agentes de imigração que chegam.

Comunidades por toda a cidade estão se preparando para a presença do ICE distribuindo panfletos lembrando às famílias que elas têm o direito de permanecer em silêncio, que não são obrigadas a consentir com uma busca e que podem se recusar a compartilhar seu local de nascimento ou status de cidadania, entre outros direitos.

No bairro de Pilsen, a vizinhança se uniu neste fim de semana para celebrar a cultura latina, escolhendo a alegria apesar do medo.

“Acho que agora, mais do que nunca, é o momento em que precisamos mostrar que estamos unidos e que somos uma comunidade”, disse Araceli Lucio, moradora de longa data da região.



Revista do Ceará e CNN

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