O governo federal lançou nesta quarta-feira (8) o terceiro leilão do Eco Invest Brasil, programa criado para atrair investimentos privados em participação societária (equity) voltados à transição ecológica e proteção cambial.
A iniciativa, coordenada pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, tem apoio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e da Embaixada do Reino Unido e integra o Plano de Transformação Ecológica, a principal estratégia do governo para alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
Lançado em março de 2024, o Eco Invest combina recursos públicos e capital privado para financiar projetos de bioeconomia, transição energética, economia circular e infraestrutura verde.
O diferencial desta nova edição é a criação de um mecanismo inédito de proteção cambial (FX hedge), que oferece cobertura parcial contra variações do real em condições mais vantajosas que as do mercado.
O instrumento, válido por no mínimo cinco anos, dá previsibilidade a investidores internacionais e reduz o risco de longo prazo — uma das principais barreiras ao ingresso de capital estrangeiro em países emergentes.
As instituições financeiras selecionadas também poderão estruturar mecanismos de mitigação de risco de performance, dividindo com o governo eventuais perdas iniciais dos fundos e criando incentivos para que os projetos atinjam rentabilidade mais rápida.
As regras exigem que cada banco alavanque pelo menos três vezes o valor recebido do Eco Invest e destine 20% dos recursos a fundos de capital semente, voltados a startups e empresas de base tecnológica.
Os bancos deverão apresentar suas propostas até 19 de novembro, e a homologação dos resultados está prevista para o início de dezembro. As instituições vencedoras terão até cinco anos para aplicar integralmente o capital captado.
Desde então, o programa já mobilizou R$ 75 bilhões (US$ 13 bilhões), sendo R$ 46 bilhões (US$ 8 bilhões) de origem estrangeira, e financiou projetos de combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio verde e recuperação de 1,4 milhão de hectares de pastagens degradadas.
O 3º leilão, lançado nesta quarta, marca uma nova fase do programa, com foco em fundos de participação em empresas e startups sustentáveis. Diferentemente das edições anteriores, que tinham formato de dívida, esta rodada é voltada exclusivamente ao equity, em que o investidor se torna sócio dos projetos apoiados.
Ampliação para novos bancos e novos leilões
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, explicou que o modelo vem se tornando mais sofisticado a cada rodada e que o objetivo agora é avaliar a ampliação do programa para novas instituições financeiras, de diferentes portes e perfis, a fim de aumentar a capilaridade das operações e o alcance regional do Eco Invest Brasil.
“É um modelo mais complexo, que exige experiência técnica e responsabilidade territorial, mas estamos estudando formas de ampliar a participação de outros bancos e financeiras, considerando as especificidades regionais”, afirmou Ceron.
Ceron confirmou ainda que o governo planeja um novo leilão até a COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA).
“Queremos chegar à COP30 com resultados concretos e uma nova rodada de projetos em curso, mostrando que sustentabilidade é investimento de qualidade e que o Brasil tem uma carteira sólida para atrair capital verde”, disse.
Melhor endereço para investimentos verdes
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o Eco Invest representa um novo ecossistema de investimentos sustentáveis, unindo estabilidade econômica, inovação financeira e compromisso ambiental.
“O Brasil pode ser o melhor e maior endereço para os investimentos verdes. A sustentabilidade precisa virar um novo ismo. Tudo que prospera vira um ismo — capitalismo, socialismo, então eu inventei o ‘sustentabilismo’. Uns serão progressistas, outros conservadores, o que não podemos é negar o futuro”, declarou.
Marina explicou que o programa opera dentro da chamada “quadratura da transformação ecológica”, que reúne eixos de bioeconomia, economia circular, transição energética e infraestrutura verde e resiliente.
Ela citou também o TFFS (Tropical Forest Financing System ou Fundo Floresta Tropical para Sempre), instrumento em formulação para financiar a conservação de florestas e remunerar boas práticas ambientais.
“Estamos criando um novo ecossistema para negócios e, principalmente, para mentalidades. O Eco Invest mostra que é possível unir desenvolvimento, estabilidade econômica e compromisso ambiental”, completou.