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Quatro derrotas seguidas: o que deu errado com Liverpool na Premier League

Quatro derrotas seguidas: o que deu errado com Liverpool na Premier League

O Liverpool teve um início forte nesta edição da Premier League. Atual campeão, o time venceu suas cinco primeiras partidas no campeonato, além das duas que disputou em outras competições.

Mas, desde então, a realidade se transformou completamente. No sábado (25), a derrota por 3 a 2 para o Brentford foi a quarta consecutiva do clube na competição. É apenas a 4ª vez na história em que o defensor do título passa por uma sequência tão ruim, segundo a Opta.

Esse número de derrotas é igual ao total sofrido pela equipe de Arne Slot em toda a temporada passada, quando conquistou o campeonato com quatro rodadas de antecedência.

Mas por que um time que dominou a Premier League no ano passado está enfrentando uma sequência de derrotas? A CNN fez uma análise que envolve tática e a tragédia que atingiu o clube.

Talento abundante, mas novo

Depois de uma temporada tão bem-sucedida no ano passado, os Reds pareciam prontos para disputar títulos novamente, acrescentando ao elenco alguns dos talentos ofensivos mais empolgantes da Europa.

O clube quebrou seu próprio recorde de transferência duas vezes para contratar Florian Wirtz e, depois, Alexander Isak — além de adicionar outro atacante, Hugo Ekitiké.

Esses jogadores substituíram nomes como Luis Díaz, Darwin Núñez e Harvey Elliott, que deixaram o clube por valores consideráveis.

Com tanta mudança no setor ofensivo, alguns problemas de adaptação são compreensíveis. Mas poucos previram uma queda de desempenho tão acentuada.

“É sempre um processo um pouco turbulento quando há mudanças”, disse Slot após a derrota para o Brentford. “Isso não é tão surpreendente. Mas quatro derrotas (na liga) seguidas?”

Florian Wirtz quando foi anunciado pelo Liverpool • Divulgação/Liverpool
Florian Wirtz quando foi anunciado pelo Liverpool • Divulgação/Liverpool

Problema tático expõe desequilíbrio no Liverpool

O problema tático do Liverpool, ao que tudo indica, não está nas mudanças no setor ofensivo, mas sim nas substituições na defesa.

Especialmente após a saída de Trent Alexander-Arnold para o Real Madrid e a perda de protagonismo de Andrew Robertson, que continua no clube mas, aos 31 anos, já não é titular absoluto.

Em uma analogia com o futebol americano, Alexander-Arnold atuava como uma espécie de quarterback, responsável por distribuir passes longos a partir da defesa.

seu substituto, Jeremie Frimpong, tem características de wide receiver — busca receber passes mais à frente, em posição ofensiva.

“Eu diria que o Liverpool errou na janela de transferências do verão, para ser sincero”, afirmou o analista tático Josh Williams à CNN Sports.

“Há muitos jogadores contratados recentemente com funções que se sobrepõem. É praticamente um time formado por atacantes neste momento. No papel, isso parece ótimo, mas na prática, começa a faltar equilíbrio”, completou.

Mudança de adversários

Além dessa falta de harmonia, os Reds parecem ter sido surpreendidos por uma mudança significativa nas estratégias adotadas por vários técnicos da Premier League.

Ao investir em jogadores como Florian Wirtz, o Liverpool reforçou um estilo baseado em passes curtos e trocas de bola mais elaboradas.

Entretanto, outras equipes da liga têm apostado cada vez mais em bolas longas e jogadas de bola parada — uma tendência que vem dificultando a adaptação do time de Arne Slot.

A eficiência do jogo direto — com bolas longas e disputas físicas — contra o Liverpool não passou despercebida pelo técnico Arne Slot, que admitiu ainda não ter encontrado uma solução para conter essa estratégia.

“As equipes adotam um estilo específico para jogar contra nós, e é uma estratégia muito eficaz. Ainda não encontramos uma resposta”, disse o treinador após a derrota para o Brentford.

Tragédia em Merseyside

O grande tema sensível, no entanto, é a trágica morte de Diogo Jota. Então jogador do Liverpool, ele morreu em um acidente de carro em julho, ao lado do irmão, André Silva.

“Sabíamos que esta seria uma temporada difícil. Eu mencionei isso desde o início”, declarou o capitão Virgil van Dijk, em entrevista no começo de outubro. “Precisamos superar isso juntos, como um só time.”

A canção dos torcedores do Liverpool em homenagem a Diogo Jota continua ecoando no 20º minuto de cada partida, em uma referência ao número que o atacante português usava na camisa.

Quando o canto foi entoado na vitória sobre o Bournemouth, na estreia da temporada, Mohamed Salah — que havia admitido temer o retorno das férias sem o companheiro — parecia conter as lágrimas enquanto aplaudia junto à torcida.

O egípcio, artilheiro e líder em assistências da Premier League na última temporada, tem enfrentado dificuldades nesta nova fase. O primeiro gol de Salah em jogadas normais, sem pênaltis, só veio na derrota para o Brentford, no último sábado.

Embora seja um tema delicado, a morte de Jota também afetou o time de forma prática. O atacante português era uma peça fundamental, com faro de gol e grande capacidade de decisão.

Gakpo comemora o segundo gol do Liverpool contra o Bournemouth com homenagem a Diogo Jota • Reprodução/X @LFC
Gakpo comemora o segundo gol do Liverpool contra o Bournemouth com homenagem a Diogo Jota • Reprodução/X @LFC

“É possível apontar a trágica morte de Diogo Jota como um fator que influencia o Liverpool de várias maneiras”, afirmou Neil Atkinson, do The Anfield Wrap, à CNN Sports. “Ela também explica por que o clube parece estar um atacante abaixo do necessário.”

Após a tragédia, o técnico Arne Slot destacou o desejo de que o elenco se inspirasse na postura de Jota dentro de campo.

“Estamos vivendo um momento muito difícil, então precisamos tentar fazer o que Diogo fazia tantas vezes”, escreveu o treinador. “Quando tudo parecer complicado, é hora de se esforçar um pouco mais e continuar tentando até dar certo.”

Apesar do momento conturbado, a temporada do Liverpool está longe de terminar. Outros times já conseguiram reverter desvantagens de sete pontos e conquistar o título da Premier League. Além disso, os Reds seguem vivos na Liga dos Campeões, com duas vitórias em três partidas.

Ainda assim, o desafio é enorme. Resta saber se o Liverpool conseguirá transformar a dor em força para reagir.



Revista do Ceará e CNN

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