O cônsul britânico no Rio de Janeiro, Anjoum Noorani, afirmou que a visita do príncipe William, do Reino Unido, ao Brasil é mais uma evidência da centralidade do Rio e do país no mundo. A primeira vinda do príncipe de Gales ao Brasil, segundo o cônsul, busca aumentar o foco mundial no país e na COP30. Em tom leve, disse esperar que a população carioca e brasileira receba o príncipe com “amor, carinho, energia e todo o borogodó” pelos quais são conhecidos.
Noorani descreveu a visita como “histórica”. Embora reconheça que o adjetivo “histórico” é sobreutilizado e diplomatas britânicos são orientados a não utilizá-lo, defende que é justificável neste momento:
“É a primeira vez que vai chegar na terra brasileira sua Alteza Real, seguindo os passos de seu pai e sua avó. É mais uma evidência da centralidade do Rio de Janeiro e do Brasil no mundo, na véspera da COP30. […] E tem objetivos fundamentais e urgentes que são alcançar um sucesso na COP30”.
Nos últimos anos, Reino Unido e Brasil têm trabalhado de forma conjunta para ampliar mundialmente os compromissos com o clima. “E o que é melhor para ver a implementação de compromissos climáticos do que ver as soluções práticas dos finalistas do Earthshot Prize?”, perguntou, ao citar a premiação ambiental de iniciativa do príncipe e que terá sua cerimônia anual no Rio nesta quarta-feira (5).
Criado em 2020, o prêmio é inspirado no desafio do presidente John Kennedy em 1962, de levar o homem à Lua em até uma década. O projeto também trabalha, portanto, com um horizonte de dez anos, até 2030.
Quinze finalistas disputam em cinco categorias (proteger e restaurar a natureza; limpar nosso ar; revitalizar nossos oceanos; construir um mundo sem lixo; e corrigir nosso clima) por um prêmio de 1 milhão de libras cada (cerca de R$ 7,5 milhões).
“Nossa essência é uma equação simples. Urgência mais otimismo é igual à ação. Nossa base é o trabalho de décadas de cientistas, líderes e ativistas que compreendem que as ameaças ao clima e à natureza são reais e urgentes”, afirmou o diretor-executivo do Prêmio Earthshot, Jason Knauf.
Duas iniciativas brasileiras estão entre os 15 finalistas: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) – planejado pelo governo brasileiro e celebrado por diferentes países na última Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) – e a empresa re.green, de restauração de florestas nativas.
Um dos objetivos do governo britânico, disse Anjoum Noorani, é o crescimento econômico: “Como verá isso? Através de soluções inovadoras como as que o príncipe vai ver e promover. Para o governo britânico, a rota para um crescimento econômico sustentável é baseado na economia verde”.
Noorani fez referência ao simbolismo da visita do príncipe de Gales no ano em que se celebra 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido e ressaltou a importância da viagem. Os encontros previstos entre o príncipe e jovens líderes climáticos, apontou, vão criar um “laço simbólico entre Reino Unido e Brasil e entre uma geração e outra”.
“Para nós do governo britânico será uma visita sumamente importante e nossa única espera é que os cariocas e brasileiros recebam o príncipe com todo esse amor, todo esse carinho, toda essa energia e todo esse borogodó pelos quais são famosos”.
Além do Earthshot Prize, outra iniciativa do príncipe William que ficará em evidência esta semana é a United for Wildlife, organização que trabalha pelo combate ao tráfico de vida selvagem.
O diretor-executivo de conservação da Royal Foundation, Tom Clements, disse que o tema da cúpula da organização deste ano, que ocorre no Rio nesta terça-feira (4), é o crime ambiental, com problemas como extração de madeira, extração de ouro e tráfico de animais selvagens.
“Como líder ambiental mundial, o Brasil enfrenta enormes desafios climáticos ligados a crimes ambientais. A Amazônia, compartilhada por nove países, é um dos pontos críticos de biodiversidade do planeta, e um dos mais vitais sumidouros de carbono [que absorvem e capturam o CO2, o que reduz sua presença]”, afirmou.
Neste contexto, a Amazônia passa por dupla crise, segundo ele: a destruição ambiental acelerada e a escalada da violência contra aqueles que defendem a natureza.