7 de novembro de 2025 – 16:06
Programação aprofundou pautas como diversidade, políticas afirmativas, cultura afro-brasileira, formação em Museologia e os novos desafios do campo museal
É tempo de pensar e avançar na preservação de nossa memória. Com este objetivo, nesta quinta-feira (6), o 6º Fórum Estadual de Museus do Ceará reuniu pesquisadores, gestores e fazedores de cultura no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE), em Fortaleza, para debater o futuro das instituições que guardam as raízes e a história do povo cearense.
O encontro, promovido pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), traz o tema “Imaginar museus: o futuro das memórias” e segue fortalecendo o papel dos museus como espaços de conhecimento, afeto e resistência. Em seu segundo dia de programação, o Fórum promoveu um intenso circuito de palestras, mesas temáticas e rodas de conversa que trataram de temas como diversidade, políticas afirmativas, cultura afro-brasileira, formação em Museologia e os novos desafios do campo museal.
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A programação iniciou com a palestra “Diversidade e Políticas Afirmativas em Museus”, conduzida pelo Prof. Dr. Alexandre Fleming, Ma. Siv Gomes e Me. Francisco Erik da Silva, dentro do Programa Cientista-Chefe da Cultura (CCCult). Foi momento para o público participante conhecer a contribuição estratégica do Guia Inclua Cultura.
Elaborada por pesquisadores(as) do CCCult, a plataforma visa desenvolver alternativas para um modelo de gestão cultural embasado em teorias e metodologias que reconhecem a cultura como uma dimensão humana de potencial inclusivo, criativo, educativo e emancipador.
Na oportunidade, a pesquisadora Sy Gomes apresentou experiências de implantação do Guia em espaços públicos de Cultura mantidos pelo Governo do Ceará: Pinacoteca, Museu Sacro São José de Ribamar e Museu do Ceará. “A ideia de que os equipamentos culturais também tem responsabilidade com os seus territórios, com segurança pública, com saúde e com o direito à cultura, mas não só, com a produção de cidadania, é exatamente a virada que propomos aqui”, pontuou a palestrante.
Memória no território
Pela tarde, foi a vez da Roda de Conversa “Museus, cultura afro-brasileira e resistência”. A iniciativa reuniu a Mestra Maria de Tiê e Mãe Francisca (Museu Orgânico de Maria de Tiê), Adriano Almeida e Pai Neto Tranca Rua (Ponto de Memória Grande Bom Jardim), com mediação de Nágila Gonçalves, da Rede de Museus do Ceará.
Nesta atividade, o Fórum abraça as vivências e falas dos Tesouros Vivos da Cultura do Ceará. Mestre da Cultura Tradicional Popular desde 2022, Pai Neto Tranca Rua possui Título de Notório Saber em Cultura Popular em Umbanda. Em sua participação, o Mestre pontuou sua trajetória no Grande Bom Jardim.
Uma atuação reconhecida por resguardar, preservar e repassar para seus filhos e filhas de santos os saberes, as artes, os ofícios e a cosmologia dessa religião de tradição de matriz afro-brasileira.

Tesouro Vivo do Ceará desde 2019, com título de Notório Saber Saber em Cultura Popular, Mestra Maria de Tiê é liderança comunitária responsável por manter viva a Dança do Coco e o Maneiro-Pau na Comunidade Quilombola dos Souza. A referência convidada reforçou o quanto a sabedoria ancestral é uma das alternativas viáveis para o futuro de nossa cultura. “O conhecimento faz a gente romper batalha que a gente nem espera”, asseverou a Mestra.
Adriano Almeida apresentou o trabalho realizado pelo Ponto de Memória Grande Bom Jardim. O Ponto utiliza as categorias da memória social e museologia comunitária para a promoção e afirmação de identidades institucionais e territoriais, com o objetivo de gerar as condições sociais e políticas do desenvolvimento local e dos direitos, usando a linguagem como estratégia de transformação.
Pensar novas práticas
Ainda no período da tarde, aconteceu a mesa-redonda “A importância do curso de graduação em Museologia no estado do Ceará”. Esta ação destacou o papel da formação acadêmica na consolidação e expansão do campo museológico no estado, com participação do Prof. Dr. Jucieldo Ferreira Alexandre (UFCA), Profª Dra. Anna Paula da Silva (UFBA) e Saulo Moreno Rocha (Corem 1R).
Em seguida, foram apresentados os resultados finais dos painéis temáticos e realizada uma reunião aberta da Rede de Museus do Ceará, reforçando a importância do trabalho colaborativo entre instituições e profissionais do setor. Para concluir o ciclo de debates, foi a vez do público acompanhar a conferência de encerramento “Imaginar Museus: o futuro das memórias”, ministrada pela Profª Dra. Camila Wichers (USP).
Camila Wichers apresentou marcos teóricos e pesquisas que mergulham em novas formas de pensar e salvaguardar a memória. Durante sua apreciação, a palestrante destacou o Ceará como um território inspirador de novas práticas museais no Brasil e no mundo.
“Em um mundo em transformações, repleto de crises ambientais e sociais, é urgente dar atenção especial aos museus e espaços de memória comunitária como sementes do futuro. É necessário abertura e postura crítica para reflorestar os nossos modos de imaginar e fazer museus”, compartilhou Camila Wichers.
Vivência em Baturité
Fechando o segundo dia de programação, o Fórum Estadual de Museus prosseguiu com apresentações artísticas de Kelly Brown e do Grupo + Melanina. Nesta sexta-feira (7), o encontro será marcado pela Vivência no Museu Comunitário Serra do Evaristo, em Baturité.
Neste importante espaço de nossa cultura acontece a roda de conversa “Museus Comunitários e Arqueologia: desafios e possibilidades”, com as participações do Prof. Evandro Ferreira, Jéssica Chuab e a Prof* Dra Verőnica Viana (UFC). A ação ainda conta com visita mediada ao Museu Comunitário Serra do Evaristo, além de Feira de Artesanatos e Farmácia Viva.
O 6º Fórum Estadual de Museus é uma realização do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Sistema Estadual de Museus do Ceará, e do Sistema Brasileiro de Museus, do Instituto Brasileiro de Museus e Ministério da Cultura. Conta com apoio da Rede Pública de Espaços Culturais do Ceará (Rece), por meio da Pinacoteca do Ceará, KUYA – Centro de Design do Ceará, Estação das Artes, Museu Ferroviário Estação João Felipe, Museu da Imagem e do Som Ceará, Porto Iracema das Artes e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, geridos em parceria com o Instituto Dragão do Mar e Instituto Mirante. A produção é do Instituto Assum Preto.