Jeannette Jara e José Antonio Kast se enfrentarão no segundo turno da eleição presidencial do Chile, marcado para 14 de dezembro.
Os candidatos são de espectros políticos totalmente opostos — Jara é comunista, e Kast, ultradireitista –, refletindo uma tendência regional marcada pelo declínio da competitividade dos movimentos tradicionais.
Veja abaixo quais são as propostas dos dois candidatos do segundo turno da eleição presidencial do Chile.
Quais são as propostas de Jeannette Jara?
Ao longo de sua campanha, Jeannette Jara prometeu aprofundar as reformas sociais, fortalecer a segurança pública sem recorrer à militarização e combater o crime organizado e o narcotráfico.
Ela afirmou que seu programa de governo terá três pilares: desenvolvimento impulsionado pela demanda interna, bairros dignos e cidadania plena.
“Esses pilares representam um compromisso com a reorganização das prioridades do modelo de desenvolvimento chileno, colocando o bem-estar do povo no centro, e não os lucros de poucos”, declara o programa.

Assim, Jara também prometeu manter as políticas de bem-estar social implementadas durante o governo do presidente Gabriel Boric, ao mesmo tempo que deve expandir as pensões e melhorar o acesso à moradia popular.
A candidata defende a autonomia do Chile em relação à política externa e afirmou, durante o encerramento de sua campanha, que “as relações internacionais são conduzidas pelo chefe de Estado… e, neste caso, serei eu, como Presidente da República”.
De toda forma, pensando nas relações comerciais do Chile com os Estados Unidos, Jara reconheceu a importância de manter relações diplomáticas estáveis.
Por fim, no domingo (16), ela disse que fortalecerá o controle da imigração e que vai combater o crime organizado, incluindo com revogação de sigilo bancário.
“Vamos insistir para que o Chile revogue o sigilo bancário e siga o rastro do dinheiro sujo”, pontuou Jara.
Quais são as propostas de José Kast?
Para esta campanha, José Kast moderou em parte seu discurso, evitando alguns temas polêmicos — como o apoio à ditadura de Augusto Pinochet –, e se concentrou em temas de lei e ordem.
De toda forma, adotou propostas de linha dura contra o crime e imigração — incluindo propostas como a construção de uma vala para conter a entrada ilegal no país –, com uma plataforma que tem sido comparada à de figuras como Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL).
Seu estilo de comunicação direto e seu conservadorismo ferrenho têm reforçado sua popularidade entre os eleitores de direita do Chile.

Kast prometeu fechar as fronteiras para imigrantes irregulares, combater o crime organizado e acabar com as longas filas de espera nos hospitais.
Ele visitou as megaprisões de El Salvador, construídas pelo presidente Nayib Bukele, defendendo a construção de locais do tipo e uma zona de fronteira militarizada.
Sobre a imigração, prometeu construir uma força policial especializada nos moldes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), que seria encarregada de rastrear imigrantes irregulares e deportá-los rapidamente.
O plano econômico de Kast inclui leis trabalhistas mais flexíveis, cortes nos impostos corporativos e menos regulamentação — embora se espere que ele modere os cortes de gastos considerados irrealistas, à medida que reformula sua plataforma para incorporar as de seus principais rivais de direita.
Além disso, o ultradireitista já afirmou anteriormente que revogaria os direitos limitados ao aborto no Chile e proibiria a venda da pílula do dia seguinte. Ele tem se concentrado em outras questões nesta eleição, mas disse que não mudou de opinião.
“Eu apoio a vida desde a concepção até a morte natural”, destacou Kast quando questionado sobre o assunto durante o último debate televisionado.