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Black Ops 2 a previu tensão entre China e Estados Unidos em 2025? Entenda o caso

Black Ops 2 a previu tensão entre China e Estados Unidos em 2025? Entenda o caso

Em 2025, a realidade começa a se parecer — e muito — com a ficção de Call of Duty: Black Ops 2. Lançado em 2012 pela Treyarch, o título apostou em um futuro marcado por guerras tecnológicas, sanções comerciais e um embate geopolítico entre a China e os Estados Unidos. Agora, mais de uma década depois, o mundo real parece estar seguindo um roteiro surpreendentemente parecido.

Um dos jogos favoritos em toda a franquia, Black Ops 2 estreou no Xbox 360, PlayStation 3 e PC, e não demorou para conquistar milhões de fãs graças à sua jogabilidade afiada e multiplayer viciante. Mas um de seus maiores destaques foi a campanha, que mergulhava ainda mais fundo nas teorias da conspiração — desta vez ambientadas em um então distante 2025.

A proposta ousada de um cenário futurista dividiu opiniões. Equipamentos tecnológicos, drones e robôs desagradaram parte da comunidade, que não comprou a ideia dos desenvolvedores sobre o “futuro”. Ainda assim, vários dos elementos fictícios acabaram se mostrando assustadoramente próximos da realidade — como a escalada de tensão entre a China e os Estados Unidos, um dos catalisadores centrais da trama.

Uma nova Guerra Fria?

A relação entre a China e os Estados Unidos há décadas é marcada por disputas de influência global — quase sempre silenciosas, mas constantes. Black Ops 2 atualizou essa dinâmica para um cenário contemporâneo, no qual as armas não eram apenas balas ou bombas, mas também tarifas comerciais, bloqueios de exportação e ciberataques.

No jogo, tudo começa com um ataque cibernético falsamente atribuído aos Estados Unidos, o que colapsa a infraestrutura digital chinesa. Em retaliação, a China bloqueia imediatamente a exportação de minérios raros — insumos essenciais para a fabricação de tecnologias militares e eletrônicas, como drones e armamentos avançados.

Chen | Call of Duty Wiki | Fandom
Premier Chen, de Black Ops 2.

O plano, orquestrado por Raul Menendez e sua organização Cordis Die, tinha como objetivo justamente desestabilizar a ordem mundial. Com isso, o Ocidente é colocado em desvantagem, e o mundo mergulha em uma espécie de Segunda Guerra Fria, motivada não por ideologias, mas por interesses econômicos e tecnológicos.

O enredo de Black Ops 2 está mais atual do que nunca

A trama do jogo se desenrola em duas linhas do tempo. Nos anos 1980, acompanhamos Alex Mason — protagonista do primeiro Black Ops — e seu parceiro Frank Woods em meio aos conflitos da Guerra Fria. Eles enfrentam Menendez, um traficante nicaraguense com motivações políticas e pessoais.

Já em 2025, o protagonismo passa para David Mason, filho de Alex, que atua como agente da CIA. Ele enfrenta o retorno de Menendez, agora líder da Cordis Die — uma organização radical com discurso anti-ocidental, alto poder de influência nas redes sociais e domínio da guerra cibernética.

Eventualmente, o jogo revela que o ataque cibernético inicial foi arquitetado por Menendez para colocar as superpotências em conflito. O bloqueio dos minérios raros pela China é o estopim de uma crise global, que reconfigura alianças e desestabiliza o equilíbrio geopolítico. Tudo isso ambientado no “futurístico” 2025 — o mesmo ano em que estamos agora.

Fatos e ficção se misturam

A série Black Ops é conhecida por misturar eventos históricos com ficção de forma convincente, dando ao jogador a sensação de lidar com informações sigilosas ou acontecimentos de grande relevância. E mesmo que os temas de Black Ops 2 parecessem exagerados à época, muitos deles já tinham raízes na realidade de 2012.

Entre 2010 e 2015, por exemplo, a China limitou em até 70% a exportação internacional de minérios raros, com o argumento de proteger suas reservas e o meio ambiente. Essa ação afetou diretamente os preços e a oferta global desses materiais, impactando diversas indústrias tecnológicas. A medida só foi revertida após pressão da Organização Mundial do Comércio (OMC), que atendeu a queixas de Estados Unidos, União Europeia e Japão.

Possivelmente com base nos primeiros capítulos desse histórico, o enredo do jogo usou essas disputas comerciais como pano de fundo — mas acertou de forma impressionante ao situar sua crise justamente em 2025.

A rivalidade moderna entre a China e os Estados Unidos

Neste mês de abril, a rivalidade entre a China e os Estados Unidos ganhou um novo capítulo. O atual presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o aumento de tarifas sobre praticamente todos os produtos chineses, elevando-as para até 54%. Como resposta, o governo chinês restringiu a exportação de sete categorias de minerais de terras raras — incluindo elementos cruciais como disprósio, térbio e gadolínio. Esses insumos são vitais para a produção de chips, baterias, veículos elétricos, armamentos e turbinas eólicas.

A decisão não afetou apenas os EUA: como a China responde por cerca de 90% do refino global desses materiais, o impacto foi sentido em todo o planeta. Segundo a Reuters, o governo chinês justificou a medida como forma de “proteger a segurança nacional e os interesses do Estado”, mas seu caráter geopolítico é evidente.

Trump expects visit from Chinese President Xi without giving timeline |  Reuters
Presidente Donald Trump e Presidente Xi Jinping.

Como consequência, países ocidentais e empresas vêm acelerando planos para reduzir a dependência chinesa. Um exemplo é a expansão da planta da Solvay, na França, com apoio da União Europeia — uma tentativa de recuperar parte da cadeia de produção de terras raras no Ocidente.

Uma guerra, mas de interesses comerciais

Diferente do que acontece em Black Ops 2, as tensões atuais ainda não culminaram em conflitos armados diretos. Apesar do clima de Guerra Fria Comercial, tanto China quanto Estados Unidos têm buscado evitar confrontos militares, preferindo ações estratégicas e diplomáticas.

Mesmo assim, o conflito de interesses é claro: trata-se de uma disputa por autonomia tecnológica, controle de recursos estratégicos e, sobretudo, por influência global.

O que as tarifas de Trump mudam no mundo dos jogos?

Na última segunda-feira (7), em mais um movimento de resposta, os Estados Unidos dobraram as tarifas sobre produtos chineses, que agora ultrapassam os 100%. O mercado reagiu com quedas acentuadas, e o consumidor brasileiro também começa a sentir os efeitos, especialmente com a disparada do dólar.

No setor de tecnologia e games, o impacto pode ser ainda mais direto. Como a China é peça-chave na cadeia de produção e refino de minérios raros — usados na fabricação de chips, baterias e semicondutores —, dispositivos eletrônicos tendem a ficar mais caros. Consoles como o Nintendo Switch 2, por exemplo, que já deve estrear com hardware mais robusto e fabricação asiática, podem sofrer com aumentos de custo e escassez de componentes.

Lula diz que pesquisas fazem efeito depois que
Presidente Lula reitera independência econômica do Brasil frente à instabildiade internacional.

Essa possibilidade preocupa não só consumidores, mas também fabricantes, que precisam lidar com margens mais apertadas e riscos de atraso na produção. Quanto ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou tranquilizar a população ao afirmar que o país não depende de nenhuma superpotência. Mas, na prática, o consumidor brasileiro pode enfrentar um cenário de preços mais altos — não só para produtos importados, mas também para eletrônicos e games que dependem da cotação do dólar.

Enquanto a política internacional segue aquecida, uma pergunta inevitável fica no ar: o que mais Black Ops 2 pode ter acertado sobre o futuro?
 



Ceará Agora e Diário do Nordeste

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