Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

A “grande aposta” de dois gurus de Wall Street no estouro da bolha de IA

A “grande aposta” de dois gurus de Wall Street no estouro da bolha de IA


Ler o resumo da matéria

A recente queda das ações de empresas de tecnologia focadas em IA acentuou preocupações sobre uma bolha no setor. Michael Burry direcionou US$ 1,1 bilhão em opções de venda contra Nvidia e Palantir, refletindo descrença no crescimento sustentável dessas companhias. Mark Mobius prevê uma correção de 40% nas ações de big techs envolvidas com IA, mas acredita na recuperação a longo prazo.

Grandes empresas como Meta, Oracle, Microsoft, Google e Amazon ampliaram dívidas para financiar projetos de IA, com previsão de gastos em infraestrutura atingindo US$ 490 bilhões em 2026. O movimento negativo afetou também Softbank, Oracle, AMD e índices asiáticos. Mobius destaca oportunidades em mercados emergentes, com destaque para China e Índia, que impulsionaram a valorização desses mercados frente ao S&P 500.

* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed

Os sinais de ansiedade em Wall Street quanto à formação de uma bolha nas ações de empresas de tecnologia que estão investindo pesado em inteligência artificial (IA) sem retornos previstos no curto prazo ganharam relevância com queda abrupta de ações de empresas do setor e alertas (incluindo investimentos) liderados por dois gurus do mercado financeiro americano.

O investidor de fundos de hedge Michael Burry – cuja gestora lucrou centenas de milhões de dólares prevendo o colapso da bolha imobiliária nos EUA em 2008,  façanha que inspirou o filme A Grande Aposta, de 2015 – já havia chamado a atenção quando, em meio ao tombo de ações de empresas de tecnologia, anunciou ter apostado US$ 1,1 bilhão na queda dos preços das ações da fabricante de chips de IA Nvidia e da empresa de software Palantir.

Agora, foi a vez de Mark Mobius – lendário gestor de fundos da Mobius Capital Partners e especializado em mercados emergentes – engrossar o coro sobre a bolha de IA, ao prever queda de 40% de ações de gigantes tech que estão investindo em inteligência artificial. O tombo, segundo ele, seria de “correção” e transitório, em contraponto à elevada valorização das ações dessas empresas em 2025.

As Big Techs americanas emitiram mais de US$ 200 bilhões em títulos para financiar grandes projetos de infraestrutura relacionados à inteligência artificial em 2025 e analistas preveem que essa onda de emissões “inundará” o mercado em geral e acumulará novos riscos de dívida para investidores de crédito.

Muitas altas recentes nas ações de empresas de tecnologia foram associadas a grandes investimentos em IA. Quatro grupos tecnológicos, Alphabet, Amazon, Meta e Google, anunciaram ao longo da semana passada um investimento combinado de US$ 112 bilhões no terceiro trimestre para expandir seus data centers e infraestrutura de IA.

Segundo analistas da Citigroup, os gastos com infraestrutura de IA devem atingir US$ 490 bilhões em 2026, com uma parcela crescente sendo financiada por dívida em vez de fluxo de caixa.

As ações da Amazon, por exemplo, atingiram um recorde histórico, após o anúncio de um acordo de US$ 38 bilhões com a OpenAI, em 3 de novembro.

Não se sabe até que ponto esse acordo pode ter atiçado os temores de investidores em torno da bolha de IA, mas o fato é que eles se materializaram um dia depois, em meio a uma onda de aversão ao risco que afetou as ações de tecnologia.

No mesmo dia, a Palantir Technologies liderou a queda, fechando em baixa de 9,2%, mesmo após suas ações terem mais que quadruplicado no último ano. O movimento contaminou investidores de outras carteiras, com os papéis da Oracle caindo 4,3%, da Nvidia recuando 3,4% e a AMD registrando queda de 3,3%.

A razia prosseguiu dois dias depois em duas frentes. Nos EUA, as ações da Amazon reverteram parte dos ganhos da véspera, recuando 1,84%.  Puxado pela queda de 3% do índice Nasdaq Composite ao longo da semana, o valor de mercado combinado de oito das ações mais valiosas relacionadas à IA — incluindo Nvidia, Meta, Palantir e Oracle — caiu cerca de US$ 800 bilhões.

O principais índices asiáticos também foram afetados, seguindo a onda de vendas nos EUA. O Nikkei 225 do Japão fechou em queda de 2,5%, pressionado pela gigante de investimentos em tecnologia Softbank, que despencou mais de 10%.

Uma das maiores empresas do Japão, o Softbank investiu fortemente no desenvolvimento de IA canalizando bilhões para empresas de tecnologia como OpenAI, Intel e outros participantes do setor.

Aposta de Burry

Não deixa de ser sintomática a aposta de Michael Burry contra duas gigantes do setor de IA. De acordo com os documentos da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), seu fundo, a Scion Asset Management, comprou US$ 187,6 milhões em opções de venda da Nvidia e US$ 912 milhões em opções de venda da Palantir.

Burry também fez uma aposta de longo prazo de US$ 1 bilhão a partir de 2005 contra o mercado hipotecário dos EUA, prevendo sua queda. Seu fundo teve um retorno impressionante de 489% quando o mercado de fato entrou em colapso, em 2008.

A aposta contra as duas gigantes tech veio à tona depois de Burry soltar uma postagem no X: “Às vezes, vemos bolhas. Às vezes, há algo que podemos fazer a respeito. Às vezes, a única jogada vencedora é não entrar no mercado.”

Já Mobius afirma que um eventual estouro da bolha de IA deve levar à queda de 40% dos preços das ações como resultado de uma valorização excessiva.

Por isso, o gestor de fundos da Mobius Capital Partners acredita numa queda temporária, com tendência de alta de longo prazo para a IA. “Quando analiso uma correção, penso em quedas de 30%, 40%, isso vai acontecer, mas será passageiro”, afirma.

Mobius diz estar principalmente preocupado com as altas avaliações e os gastos exorbitantes que as gigantes da tecnologia destinaram a despesas de capital este ano na área de IA. “Temos que estar preparados, quando vier essa correção, eu entraria com tudo, comprando na baixa, e muito”, afirma.

Outros pesos-pesados de Wall Street engrossaram o coro. O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, especulou que o mercado poderia cair até 20% nos próximos dois anos. O CEO do Morgan Stanley, Ted Pick, disse que uma queda de até 15% era possível, acrescentando que recuos são saudáveis para o mercado em geral.

Mobius reforça, porém, sua confiança no setor de IA sugerindo investimento em ações de mercados emergentes, sua conhecida aposta. “Os mercados emergentes superaram o mercado americano até agora neste ano”, diz, lembrando que o índice ETF iShares MSCI Emerging Markets acumula alta de 29,7% no ano, superando o ganho de 13,8% do S&P 500.

O índice subiu em grande parte devido à força das ações chinesas e indianas, assegura Mobius. “A economia da China está ‘subindo’ na escala tecnológica, e a Índia também está se desenvolvendo no setor de hardware de computadores — dois fatores que podem ajudar a impulsionar uma rotação de volta para ativos de mercados emergentes.”



Ceará Agora e Diário do Nordeste

Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *