Mísseis hipersônicos com grande poder de destruição foram exibidos pela China durante exercícios militares realizados próximos a Taiwan, na terça-feira (1º). A ação foi considerada por analistas como um provável sinal de aviso aos Estados Unidos, em relação a potenciais interferências na região.
A poderosa munição foi flagrada sendo transportada por um bombardeiro H-6K que decolava de um aeroporto não identificado no território chinês. As imagens, compartilhadas nas redes sociais, mostram dois mísseis antinavio hipersônicos YJ-21 acoplados à aeronave.
Segundo o South China Morning Post (SCMP), o vídeo foi publicado após o Exército de Libertação Popular (PLA) conduzir manobras marítimas e aéreas ao redor da ilha. Na gravação, um porta-voz do Eastern Theater Command, um dos comandos da organização militar, comentou que as atividades representavam “um aviso sério” contra as forças separatistas taiwanesas.
Os exercícios incluíram demonstrações de combate marítimo-aéreo, bloqueios em áreas-chave e rotas marítimas e ataque a alvos no mar e em solo, entre outras ações, possibilitando testar as capacidades do PLA. A entidade afirmou, ainda, que se trata de uma operação legítima para salvaguardar a soberania nacional da China.
Características do míssil YJ-21
Também conhecido como Eagle Strike-21, o míssil balístico hipersônico chinês visto no bombardeiro HK-6 possui alcance estimado de 1.000 km a 1.500 km, podendo atingir tanto alvos em movimento quanto estacionários. Eles são direcionados a navios de grande porte, principalmente, entre os quais porta-aviões.
Para chegar ao alvo, o YJ-21 viaja a seis vezes a velocidade do som (Mach 6), em média, alcançando cerca de 7.350 km/h. No entanto, este projétil pode atingir uma velocidade terminal de Mach 10, o que significa incríveis 12.250 km/h.
Apresentando ogiva cônica que se assemelha ao míssil hipersônico russo Kh-47, o YJ-21 possui alta capacidade de escapar de sistemas antimísseis, podendo causar grandes danos quando disparado. Ele fez sua primeira aparição pública em 2022, sendo lançado de um navio Type 055, o maior destroier da frota chinesa.
Sua integração ao H-6K, originalmente projetado para transportar mísseis balísticos de cruzeiro subsônicos e supersônicos, o torna ainda mais letal. Analistas acreditam que ele permite à Força Aérea chinesa obter vantagens consideráveis em ataques de precisão de longo alcance contra alvos marítimos e terrestres de grandes potências.
Tensões entre China e Taiwan
Com quase 24 milhões de habitantes, Taiwan se considera independente, possuindo governo, moeda e forças militares próprias. Mas a China não reconhece tal movimento e vem tentando a reunificação. As tensões entre as duas nações se intensificaram desde a posse do novo presidente taiwanês, Lai Ching-te, em maio do ano passado.
O mandatário é um forte defensor da independência da ilha e tem apoio de outros países. Os Estados Unidos estão entre as nações que se opõem à retomada do território taiwanês por Pequim, já tendo se comprometido a fornecer armas para a defesa de Taiwan, se necessário.
Dessa forma, a intensificação dos exercícios militares do PLA é vista como uma tentativa de intimidar qualquer tipo de ajuda à ilha. Em entrevista ao SCMP, o pesquisador sênior do Instituto Hudson, Timothy Walton, comentou que a divulgação do vídeo dos mísseis hipersônicos YJ-21 “sinaliza uma capacidade de atingir alvos distantes”.
Para ele, o alerta foi dado não só aos EUA como também a militares do Japão, Coreia e quem mais tentar intervir no conflito. Após as manobras mais recentes, a Casa Branca reafirmou sua posição contrária às tentativas de uso da força para reunificação dos dois países, apontando uma resolução pacífica como o melhor caminho.
Curtiu o conteúdo? Leia mais sobre tecnologia militar e outros assuntos no TecMundo e não se esqueça de comentar nas nossas redes sociais.
