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Aliados e críticos de Bolsonaro batem boca no plenário da Alesp após STF torná-lo réu | Política

Primeira Turma do STF julga denúncia sobre Bolsonaro e aliados — Foto: Antonio Augusto/STF

Deputados estaduais de São Paulo discutiram no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na tarde da quarta-feira (26), ao tratarem da decisão que tornou Jair Bolsonaro (PL) réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Aliados e detratores do ex-presidente divergiram sobre o julgamento, com bolsonaristas falando em perseguição, enquanto correligionários do presidente Lula (PT) pregaram a defesa da democracia.

No horário destinado a discursos na tribuna, Simão Pedro (PT) propôs “celebrar a força das nossas instituições e da democracia” após a decisão do STF. “Eles [acusados] se tornaram réus por tentativa de derrubar a democracia e dar um golpe militar no Brasil. Não aceitaram os resultados das eleições e tramaram desde antes para jogar o povo contra a democracia, as instituições e o sistema eleitoral“, disse, citando a existência de “provas muito robustas” e criticando a “tentativa de desqualificar as instituições, o Supremo”.

Em resposta, Danilo Campetti (Republicanos), um dos bolsonaristas da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que “não era e nunca foi uma tentativa de golpe“, em referência aos ataques de 8 de janeiro. “Não havia uma liderança, não havia blindados na praça dos Três Poderes”, argumentou. A deputada Fabiana Bolsonaro (PL) reforçou na sequência a defesa do ex-mandatário, dizendo que “a gente está vivendo uma ditadura velada“. “O senhor [Bolsonaro] está sendo extremamente injustiçado, e o país está contigo. Estão inventando a lei para te prejudicar, e isso é muito triste”, afirmou.

Os discursos em tom mais exaltado foram os de Paulo Fiorilo (PT) e Conte Lopes (PL). Enquanto o primeiro disse que há elementos suficientes para condenar Bolsonaro e que anistia para os envolvidos em atos antidemocráticos seria um salvo-conduto para novos ataques, o segundo fez coro às alegações de que é preciso apresentar provas e que o caso deveria ser julgado na primeira instância, não no STF. “A condição de réus não significa ainda que eles são culpados. Agora, com a quantidade de provas que pulula, acho muito difícil que ele [Bolsonaro] consiga sair desse processo provando a sua inocência“, disse Fiorilo.

Conte também levou ao debate o caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos. Na semana passada, o relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, votou pela condenação da participante do 8 de janeiro a uma pena de 14 anos. “Passar um batom numa estátua, e uma mulher que nunca fez um crime na vida pegar 14 anos de cadeia?“, questionou. Campetti chamou a punição a Débora de exagerada e elogiou o “excelente e preciso voto” do ministro Luiz Fux, que indicou durante o julgamento que vai propor a revisão da pena imposta à cabeleireira. O deputado do Republicanos disse que os envolvidos nos atos de depredação devem responder “na medida da sua culpabilidade”, mas reiterou ser favorável a uma anistia para eles.

Carlos Giannazi (Psol), por sua vez, disse “saudar a decisão do STF” e cobrou prisão para Bolsonaro “e os seus cúmplices”, não só pelo que chamou de “destruição” do Estado democrático de Direito. “Ele foi responsável por metade das mortes da covid-19 do Brasil, então ele tem que ter mil anos de cadeia. É um criminoso, um fascista, um genocida”, afirmou Giannazi. Em tom mais ameno, Eduardo Suplicy (PT) disse ser “muito importante” que os ministros do Supremo “ajam com muito equilíbrio e possam chegar a uma decisão que seja a mais justa possível e leve em conta os princípios constitucionais, a democracia e o cumprimento das leis”.

Letícia Aguiar (PP) repetiu o discurso bolsonarista de injustiça e vitimização. “Nunca na história houve tamanha perseguição política em algo que de fato não existe nada concreto, nada que legitima uma suposta tentativa de golpe“, declarou, pregando apoio a Bolsonaro “para enfrentar o que está por vir” após ele virar réu. “Apoiar o presidente Bolsonaro, mais do que um compromisso pelo Brasil, é um compromisso pela verdade e pela justiça”, disse a parlamentar, suplicando a ajuda de Deus.

Também houve embate entre Fiorilo e Campetti, após o petista afirmar que “o inelegível”, isto é, Bolsonaro “atentou contra a democracia” e “capturou” instituições como a Polícia Federal durante seu mandato. Campetti, que é policial federal licenciado, contestou Fiorilo e resgatou o caso da facada sofrida pelo então candidato durante a campanha eleitoral de 2018. “Quem foi vítima de tentativa de homicídio foi o presidente Bolsonaro”, disse, apontando que “muitos aqui negam” o fato. Sobre a questão do golpe, Campetti afirmou que “as provas não confluem para que haja um nexo causal que culpe o presidente Bolsonaro”. O bolsonarista disse esperar “que seja mantida a total imparcialidade e que o julgamento transcorra com plena e ampla defesa“.

Um dos pontos que geraram consenso no plenário foi a crítica a Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado federal pediu licença do mandato para articular nos Estados Unidos medidas contra o Judiciário brasileiro e em defesa da reabilitação política de seu pai. “O próprio filho dele foge para os Estados Unidos para se aliar a Donald Trump, Steve Bannon e Elon Musk, todos esses golpistas que não aceitam a democracia e querem instaurar no mundo um regime autoritário, e tramar contra o Brasil“, disse Simão Pedro. Conte Lopes afirmou também achar que o deputado federal “não deveria ter ido” para os EUA. “Fazer o que nos Estados Unidos? Vai resolver o que lá? Tem que estar aqui, tentar resolver aqui. Se não resolver aqui, vai resolver onde?“, indagou o membro do PL.

Primeira Turma do STF julga denúncia sobre Bolsonaro e aliados — Foto: Antonio Augusto/STF



Valor Econômico

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