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América Latina se divide entre apoio e repúdio ao ataque dos EUA ao Irã

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Os governos latino-americanos se dividiram entre os que apoiaram, repudiaram e os que preferiram somente expressar preocupação pelos ataques do último sábado (21) dos Estados Unidos contra três instalações nucleares iranianas.

O presidente Javier Milei, da Argentina, e o governo paraguaio de Santiago Peña manifestaram, de diferentes formas, apoio aos Estados Unidos. Já o chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro, o boliviano Luis Arce e o venezuelano Nicolás Maduro condenaram enfaticamente os ataques americanos.

A mexicana Claudia Sheinbaum, por sua vez, adotou um tom mais neutro, e preferiu citar uma fala do papa Francisco contra a guerra.

Veja as principais manifestações:

Argentina

No domingo (22), o presidente argentino Javier Milei republicou uma postagem em que ele aparece em uma foto com Trump e um internauta afirma que “a Argentina [está] do lado correto da história”.

Ele repostou a mensagem do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu parabenizando Trump pelo ataque e do presidente israelense Isaac Herzog dizendo que este episódio entrará para a história da humanidade como o momento no qual princípios como a liberdade, a responsabilidade e a segurança “triunfaram”.

Milei também republicou a postagem do ex-vice-presidente do Banco Central da Argentina, Lucas Llach, na qual afirma que os integrantes do seu governo estão “alinhados internacionalmente com os inimigos dos autores dos maiores atentados terroristas contra o povo argentino”.

Llach se refere aos ataques às sedes da embaixada de Israel em Buenos Aires e à Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia) nos anos 1990, atribuídos a lideranças iranianas.

Milei também republicou o subsecretário de imprensa da Casa Rosada, Javier Lanari, na qual ele afirma que “a esquerda internacional associada ao terrorismo (…) pretende que Israel se permita ser exterminado pelo Irã”. “Uns para ir contra o Ocidente, e outros para derrubar o capitalismo”, escreveu.

O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, por sua vez, postou a mensagem “terrorismo nunca mais”.

Paraguai

A chancelaria do Paraguai, por sua vez, ratificou seu apoio “ao povo de Israel e ao direito de proteger sua existência”. “Acompanhamentos as ações levadas adiante pelos países aliados”, expressou, sem mencionar o ataque dos Estados Unidos, antes de pedir a união de esforços para diminuir as tensões no Oriente Médio através da diplomacia e do direito internacional”.

Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, questionou nas redes sociais a legalidade de bombardear instalações nucleares, sem permissão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, sem mudanças no tratado de proliferação nuclear e sem aval do Congresso dos Estados Unidos.

Em comunicado, a chancelaria do país expressou “profunda preocupação pelo aumento de tensões entre os EUA e o Irã”, pedindo que ambos os envolvidos retomem “com urgência, o caminho da negociação como única saída responsável e duradoura da atual crise”.

“A Colômbia repudia o uso unilateral da força, especialmente quando esta contravém os princípios fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas e coloca em risco a paz e a estabilidade internacionais”, diz o comunicado.

O texto afirma ainda que o regime de não proliferação nuclear é um pilar essencial para a segurança global.

Ele repostou a mensagem do deputado do seu partido Agustín Tomo que afirma que Trump “arrebentou todas as reservas de uranio da Ditadura Islâmica do Irã”, apontada como a responsável pelos atentados a bomba na Argentina e que agora o país dos aiatolás “nunca vão poder ter uma bomba nuclear”.

A mensagem diz ainda que os apoiadores da ex-presidente Cristina Kirchner “se queixam em vez de comemorar”.

Uruguai

O governo do uruguaio Yamandú Orsi expressou “profunda preocupação diante da perigosa escalada da violência no Oriente Médio a partir dos recentes ataques aéreos contra instalações nucleares” no Irã.

A chancelaria uruguaia repudiou ações que representem ameaças para a paz e para a segurança internacionais, incluindo a proliferação nuclear e diz que “o uso da força a nível internacional se encontra estritamente regulado pelo Direito Internacional e só pode ser exercida conforme a Carta das Nações Unidas”.

O texto menciona também o agravante de que os ataques a instalações nucleares aumentam o risco de fuga radiológica que afete a população, conforme indicado pelo Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA).

O país termina fazendo um “chamado urgente” para a contenção e o fim imediato de hostilidades”.

Chile

No próprio dia do ataque dos EUA, o presidente do Chile Gabriel Boric afirmou que “atacar centrais nucleares está proibido pelo direito internacional”.

“O Chile condena este ataque dos EUA. Defenderemos o respeito ao direito internacional humanitário em todas as instâncias. Ter poder não autoriza utilizá-lo vulnerando as regras que como a humanidade nos demos, mesmo que você seja os EUA. Exigimos e precisamos de paz”, escreveu.

Em comunicado, a chancelaria chilena disse que o ataque norte-americano constitui “uma grave ameaça à segurança regional e internacional”.

Também afirmou que as instalações nucleares civis têm proteção especial pelo direito internacional humanitário pela Convênios de Genebra de 1949.

México

A mexicana Claudia Sheinbaum, por sua vez, preferiu utilizar uma citação do papa Francisco, a quem qualificou como “um homem sábio”.

“[O papa] disse algo que resulta ser sumamente pertinente neste momento: ‘A guerra é o maior fracasso da humanidade. Não tem futuro na destruição, mas sim na fraternidade. A paz não é só a ausência de guerra, é a construção da justiça’”, escreveu.

Ela afirmou que o “México será sempre um fator de paz” e que a constituição do país diz que a política exterior do país deve ser conduzida com base na autodeterminação dos povos, da não intervenção, da solução pacífica de controvérsias, da proscrição da ameaça do uso da força nas relações internacionais e da luta pela paz.

“A ONU deve ser hoje mais do que nunca a instituição que chame à construção da paz”, escreveu.

No mesmo tom, a chancelaria mexicana fez um “chamado urgente” ao diálogo diplomático pela paz, em apego ao princípio pacifista da sua constituição.

O país afirmou também que suas embaixadas “permanecem atentas” e em permanente contato com mexicanos que residam ou transitem na região.

Venezuela

Nicolás Maduro, da Venezuela, disse condenar “de maneira categórica e firme o vil ataque perpetrado pelos EUA” contra o Irã.

“Isso foi uma ação criminosa que viola as normas do direito internacional, a carta das Nações Unidas e inclusive ignora as leis dos EUA, colocando em perigo a vida e a paz”, escreveu.

Ele expressou ainda solidariedade absoluta com o “nobre povo” do Irã e com seu governo.

Em comunicado, o regime venezuelano, aliado do Irã, afirmou condenar “de maneira firme e categórica” a “agressão militar” dos EUA contra o país e exigiu o “cesse imediato de hostilidades”.

O ministro de Defesa Vladimir Padrino López disse, por sua vez, que o fechamento do Estreito de Omuz pode afetar a Venezuela pelo impacto que terá no mercado do petróleo. “Isso vem para cá”, alertou, em alusão aos efeitos dos recentes episódios no Oriente Médio.

Bolívia

O Boliviano Luis Arce condenou energicamente o que definiu como” ataque arbitrário dos EUA a instalações nucleares” iranianas. “Bombardear objetivos desta natureza não só coloca em risco a paz regional e global, mas vulnera princípios fundamentais do direito internacional e a carta da ONU.

Cuba

No mesmo dia dos bombardeios dos EUA, o líder cubano Miguel Díaz-Canel disse condenar energeticamente os bombardeiros norte-americanos contra as instalações nucleares do Irã, afirmando que “constituem perigosa escalada de conflito no Oriente Médio”.

Ele expressou que a “agressão viola gravemente a Carta da ONU e o Direito Internacional e arrasta a humanidade a uma crise de irreversíveis consequências”.

Peru

O Peru também manifestou “extrema preocupação” com os acontecimentos mais recentes que “exacerbam a espiral de violência nessa região e afetam os esforços internacionais por desescalar o conflito”.

“Isso também coloca em grave risco a paz e a segurança no mundo”, expressou o governo de Dina Boluarte em comunicado.

“O Peru exorta vivamente as partes do conflito a evitar novas ações bélicas e a priorizar canais diplomáticos para a busca da paz justa e duradoura, que evite o agravamento da situação”, manifestou.



Revista do Ceará e CNN

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