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Armas, roupas e convidados: Símbolos do desfile militar da China

Homem pede separação, tenta pegar roupas, mas é atacado e morto pela mulher

A China realizou um grande desfile militar, com milhares de soldados, tanques, aviões e outros veículos, nesta quarta-feira (3) para marcar os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.

O evento contou com a presença de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, marcando também a primeira vez em que eles foram vistos com Xi Jinping, chefe de Estado chinês.

O desfile também exibiu diversas armas, desde lasers de defesa aérea, caças furtivos e novos drones submarinos até bombardeiros com capacidade nuclear e míssil balístico intercontinental.

Mas a cerimônia foi além de uma mera demonstração de força e dos avanços tecnológicos do Exército chinês — que já é um dos mais poderosos do mundo –, enviando também mensagens geopolíticas.

Isso ficou evidente no discurso de Xi Jinping, que disse que a ascensão do país é imparável e que não se intimida com “valentões”, mas também na simbologia de diversos pontos, desde a roupa do chefe de Estado até os convidados.

Cerimônia no coração de Pequim

O desfile militar chinês foi feito na Praça da Paz Celestial, no centro da capital do país, Pequim.

Alexandre Uehara, professor de Relações Internacionais da ESPM, ressalta o simbolismo já na escolha do local para a cerimônia, relembrando um evento violento que aconteceu em 1989.

Em 4 de junho daquele ano, tropas chinesas fizeram uma repressão violenta contra manifestantes que exigiam reformas políticas e o fim da corrupção. Testemunhas relataram pessoas sendo atropeladas por tanques e soldados atirando indiscriminadamente.

O caso ficou conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial e, embora um número oficial de mortos nunca tenha sido divulgado, as estimativas variam entre várias centenas a milhares.

“Os protestos na praça Celestial em 1989 foram vistos como um descontentamento e uma afronta ao governo de Pequim, e agora, com o desfile militar, busca-se mostrar a força do governo chinês”, destacou o especialista.

Estilo de Mao Tsé-Tung

Xi Jinping foi parte ativa do desfile, tendo passado em frente às tropas com um carro com abertura no teto e microfones. Os soldados respondiam ao chefe de Estado aos gritos e olhavam em sincronia.

O líder chinês estava usando uma roupa cinza formal, com bolsos na parte da frente e gola fechada.

Sandro Teixeira Moita, professor de Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, chamou atenção para este ponto, destacando a semelhança entre o uniforme de Xi e o utilizado por Mao Tsé-Tung, que comandou o país entre 1949 e 1959.

“Aqui fica muito claro o desejo dele de se mostrar como uma figura tão importante na história chinesa é tal como o Mao”, ressaltou.

Xi Jinping e Mao Tsé-Tung • Sergey Bobylev / RIA Novosti/Anadolu via Getty Images // Universal History Archive/Getty Images
Xi Jinping e Mao Tsé-Tung • Sergey Bobylev / RIA Novosti/Anadolu via Getty Images // Universal History Archive/Getty Images

O especialista adicionou que a escolha visa apontar para um cenário em que Xi Jinping é o “grande timoneiro” do processo de ascensão chinesa e de transformação do em superpotência.

Além disso, a esposa de Xi, Peng Liyuan, também usou uma referência à tradição chinesa: um vestido de mangas compridas estilo qipao com gola mandarim.

Convidados de um novo bloco

Um dos pontos que chamaram mais atenção de autoridades mundiais e especialistas foi a presença de Vladimir Putin e Kim Jong-un, líderes de dois países em guerra e que têm entrado em conflito com o Ocidente nos últimos anos.

Esse foi o primeiro encontro entre os três chefes de Estado, enviando uma mensagem de união, alinhamento e, principalmente, reposicionamento do tabuleiro geopolítico mundial.

Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un caminham lado a lado em desfile militar em Pequim • Reprodução/Reuters
Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un caminham lado a lado em desfile militar em Pequim • Reprodução/Reuters

Além disso, estiveram presentes líderes de outras nações — algumas que são antipáticas aos Estados Unidos –, como Irã, o Paquistão e Belarus.

Para o professor Sando Teixeira, fica “muito claro, de certa maneira, a formação de um bloco” no qual a China é hegemônica. “Então, claramente, há aqui a mobilização de uma simbologia para mostrar uma nova era na ascensão chinesa no mundo”, diz.

Ainda segundo o especialista, a China tenta mostrar um projeto “triunfante”, que não pode ser parado pelo Ocidente, com um país soberano e assertivo.

Alexandre Uehara também ressalta que a China se apresenta como uma nação que “tem ganhado influência política decorrente de suas relações econômicas globais e porque tem aparecido como uma alternativa as políticas hostis dos EUA e tem poder militar, colocando-se como uma referência de potência internacional”.

As armas

Alguns armamentos foram revelados ao público pela primeira vez no desfile chinês desta quarta-feira, mostrando o avanço do desenvolvimento tecnológico de Pequim na área militar.

Jatos furtivos exibidos durante o desfile militar em Pequim. • CCTV/Reuters
Jatos furtivos exibidos durante o desfile militar em Pequim. • CCTV/Reuters

Ainda assim, os especialistas consultados pela CNN ressaltam que a demonstração de poderio militar e dos avanços tecnológicos não são uma surpresa, tendo em vista o grande gasto da China na área, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

De toda forma, Sando Teixeira pondera que o poder militar foi usado pelo governo de Xi Jinping neste caso para demonstrar o papel do país na ordem global e ajudar a solidificar as alianças que Pequim tenta desenvolver.

*com informações de Jessie Yeung, da CNN



Revista do Ceará e CNN

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