Em uma trajetória meteórica, o ex-prefeito de São José da Laje (AL) Rodrigo Valença foi indicado por Lira para a presidência da Caixa Residencial, empresa responsável por todos os seguros habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, que já entregou mais de 8 milhões de moradias.

Desde que Lira assumiu o controle da Caixa, no fim de 2023, Valença tem encorpado o próprio currículo. Por indicação do ex-presidente da Câmara, trabalhou como gerente jurídico da Caixa Residencial de fevereiro a abril de 2024.

Depois da primeira experiência, foi indicado para a presidência da Caixa Assistência, companhia que reúne produtos de assistência e seguro do banco público. Em maio deste ano, por fim, chegou à presidência da Caixa Residencial.

Com a ida de Valença para o cargo, Lira emplacou na presidência da Caixa Assistência outro aliado, Arlindo Garrote, ex-prefeito de Estrela de Alagoas (AL) e ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) em Alagoas, o que também havia ocorrido por indicação do parlamentar.

A nomeação para a Caixa Assistência dispensa avaliação direta da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

A Caixa Seguridade, empresa à qual as duas subsidiárias são ligadas, lista a experiência necessária para cargos de diretor e participações em conselhos em sua política de elegibilidade. A Caixa não informou quais critérios Valença e Garrote preenchem.

Procurado, o banco disse que as empresas vinculadas à Caixa Seguridade são privadas e que as nomeações seguiram leis e normas internas.

“A Caixa esclarece que todas as empresas nas quais a Caixa Seguridade detém participação são privadas, com sócio privado, governança própria, autonomia e independência em seus processos decisórios. Desta forma, a nomeação e a posse são de competência exclusiva de cada empresa participada, mediante decisão colegiada envolvendo sócios públicos e privados”, disse em nota.

O banco acrescentou que as nomeações foram realizadas em conformidade com a Lei das Estatais, a resolução do governo federal para empresas estatais federais, “bem como demais normas e diretrizes aplicáveis, observadas todas as instâncias de avaliação e aprovação exigidas, inclusive aprovação pela Susep, no caso das seguradoras”.

Valença, Garrote e Lira não responderam aos questionamentos da reportagem.

Tanto Valença como Garrote são filhos de aliados de Lira no estado. Valença é filho do ex-prefeito de São José da Laje Neno da Laje. Já Garrote é filho do ex-prefeito de Estrela de Alagoas Antônio Garrote e da deputada estadual Ângela Garrote, que também foi prefeita do município.

Em abril do ano passado, Valença afirmou pelas redes sociais que fazia questão de ir para Alagoas em sua primeira agenda como presidente da Caixa Assistência. “Podem ter certeza que não medirei esforços para trazer benefícios para São José da Laje e toda Alagoas”, disse.

O Centrão conseguiu a presidência da Caixa após uma queda de braço com o governo federal que levou à queda de Rita Serrano, primeira indicada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) para o cargo.

Ela comandou o banco entre janeiro e outubro de 2023. Para o lugar, Lula nomeou o funcionário de carreira da instituição financeira Carlos Antônio Vieira, indicado de Lira.

A presidência da Caixa é um dos nós para o desembarque do governo da recém-criada federação entre o União Brasil e o Progressistas.

Para manter o discurso de oposição mesmo mantendo cargos no Executivo federal, o grupo político definiu que apenas aqueles que têm mandato devem deixar os cargos – medida que poupa a Caixa e limita a saída, na teoria, aos ministros do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), e do Esporte, André Fufuca (PP).

O União Brasil tem outros dois indicados na Esplanada: Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações). Ambos são da cota pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).