Foi divulgado hoje, segunda-feira, 23, o Boletim Focus, do Banco Central, que trouxe como novidade a previsão de inflação para este ano, que foi reajustada para baixo pela quarta vez consecutiva: ela caiu de 5,25% para 5,24%, mas bem acima do teto da meta, que é de 3%.
A previsão do PIB saltou de 2,20% para 2,21.
A seguir, a opinião de três economistas de três diferentes empresas financeiras.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital: “O Boletim Focus desta semana reforça a leitura de que o Brasil seguirá em um ciclo de crescimento econômico abaixo do potencial, com inflação persistente e juros estruturalmente altos. A nova projeção de IPCA para 2025, ajustada para 5,24%, continua bem acima do centro da meta, que é de 3%, com margem de 1,5 ponto. Isso cria um ambiente onde o custo de capital segue elevado, exigindo ainda mais inteligência na alocação de recursos e na análise de risco. Para empresas focadas em investimentos em M&A e tecnologia, o foco deve estar nos negócios com capacidade de gerar caixa no curto prazo, com forte vantagem competitiva e que já estejam próximos do break-even. O cenário atual exige investimentos mais estratégicos, com menor apetite a risco e maior valorização de ativos resilientes.”
Sidney Lima, estrategista da Ouro Preto Investimentos: “O Boletim Focus desta semana reforça o cenário de cautela para os ativos de risco no Brasil. A revisão do IPCA de 2025 para 5,24%, ainda 0,74 ponto percentual acima do teto da meta, mantém a percepção de inflação desancorada e prolonga a perspectiva de juros elevados. No caso do PIB, a projeção subiu de 2,20% para 2,21%, mas o crescimento segue abaixo do potencial histórico do país. Esse ambiente de inflação persistente com crescimento limitado tende a manter o investidor mais conservador, com maior demanda por ativos de crédito privado com melhor relação risco-retorno. No segmento de fundos estruturados, como os FIDCs, a tendência é de reforço nos filtros de risco, com maior seletividade em relação a setores e estruturas de garantias.”, Sidney Lima, estrategista da Ouro Preto Investimentos.”
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio: “O cenário apontado pelo Focus deixa claro que o empresário brasileiro continuará lidando com um ambiente de juros elevados e inflação fora do centro da meta por mais tempo. Mesmo com a revisão para 5,24% no IPCA de 2025, seguimos bem acima do que seria ideal para estimular o consumo e os investimentos. A manutenção da projeção de 4,5% para 2026, colada ao teto da meta, reforça que o desafio fiscal e o custo do dinheiro seguem como temas centrais. Para os negócios, o recado é direto: quem quiser crescer ou preservar margem vai precisar buscar soluções inteligentes de gestão tributária, proteção patrimonial e acesso a crédito estruturado com condições mais competitivas. Em momentos como esse, o planejamento se torna um diferencial de sobrevivência e crescimento.”