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Câmara dos EUA aprova divulgação dos arquivos de Epstein | Mundo

Câmara dos EUA aprova divulgação dos arquivos de Epstein | Mundo

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, controlada pelos republicanos, aprovou nesta terça-feira uma proposta que obriga a divulgação de arquivos do Departamento de Justiça sobre o agressor sexual falecido Jeffrey Epstein. A medida segue para o Senado.

Dois dias depois da mudança brusca de posição de Trump, que passou a defender a medida, a proposta foi aprovada por 427 votos a 1, encaminhando ao Senado uma resolução que determina a divulgação de todos os registros não classificados relacionados a Epstein. A disputa pública — e cada vez mais acirrada — entre republicanos sobre esses documentos havia abalado a relação entre Trump e alguns de seus apoiadores mais leais.

Antes da votação, cerca de 20 vítimas dos supostos abusos cometidos por Epstein se reuniram com três parlamentares democratas e republicanos em frente ao Capitólio para defender a divulgação dos documentos. As mulheres exibiam fotos de quando eram jovens — a idade em que afirmam ter conhecido Epstein pela primeira vez, um financista de Nova York que circulava entre alguns dos homens mais influentes do país.

O escândalo envolvendo Epstein tem sido um problema político para Trump há meses, em parte porque ele próprio alimentou teorias da conspiração sobre o agressor sexual entre seus apoiadores.

Muitos eleitores de Trump acreditam que seu governo acobertou os laços de Epstein com figuras poderosas e escondeu detalhes sobre sua morte, considerada suicídio, em uma prisão de Manhattan em 2019.

Apesar da mudança de posição sobre o projeto, o presidente republicano continua irritado com a atenção dedicada ao caso Epstein. Nesta terça-feira, ele chamou de “péssima pessoa” um repórter que lhe perguntou sobre o tema no Salão Oval e afirmou que a ABC, emissora em que ela trabalha, deveria ter sua licença revogada.

Trump conviveu e participou de festas com Epstein durante os anos 1990 e 2000, antes do que ele descreve como um afastamento. A antiga relação, no entanto, se tornou um ponto vulnerável entre o presidente e seus apoiadores.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na segunda-feira indicou que apenas 44% dos republicanos aprovam a forma como Trump lida com o caso — bem abaixo dos 82% que aprovam seu desempenho geral.

“Por favor, pare de politizar isso, não se trata de você, presidente Trump”, disse Jena-Lisa Jones — que afirma ter sido abusada sexualmente por Epstein aos 14 anos — em uma coletiva de imprensa em frente ao Capitólio algumas horas antes da votação. “Eu votei em você, mas seu comportamento nesse assunto tem sido uma vergonha nacional.”

Trump afirma não ter qualquer ligação com os crimes de Epstein e passou a chamar o assunto de uma “farsa democrata”, apesar de alguns dos republicanos estarem entre os que mais pressionam pela divulgação dos registros das investigações criminais.

“É hora de arrancar o band-aid”, disse o deputado Thomas Massie, republicano de Kentucky, que liderou o esforço para forçar a votação e se uniu às supostas vítimas de Epstein no Capitólio.

Ro Khanna, democrata da Califórnia, afirmou que Trump deveria convidar os sobreviventes para a eventual cerimônia de assinatura da resolução, caso o Senado também a aprove.

Johnson resistiu por meses à proposta de divulgação iniciada por Massie, que coletou assinaturas de 218 deputados para forçar a votação — em uma Câmara onde os republicanos têm maioria de 219 a 214.

A oposição de Trump azedou sua relação com uma de suas maiores apoiadoras no Congresso, a deputada Marjorie Taylor Greene, que vem criticando o Departamento de Justiça por não divulgar mais detalhes sobre Epstein. Ela afirmou que Trump a pressionou a retirar seu apoio à resolução e chegou a chamá-la publicamente de traidora quando ela manteve sua posição.

Greene se juntou a Massie e Khanna no Capitólio antes de votar a favor da resolução.

“Traidor é quem serve a países estrangeiros ou a si mesmo. Patriota é quem serve aos Estados Unidos da América e a americanas como as mulheres que estão atrás de mim, afirmou Greene a jornalistas.

Trump disse que mudou de posição no domingo para que os republicanos superassem a disputa interna sobre Epstein e “porque não temos nada a esconder”.

O presidente, por sua vez, já tinha autoridade para ordenar a divulgação dos documentos do Departamento de Justiça, sem precisar de uma resolução do Congresso para obrigá-lo.

Ainda não está claro o que o Senado, controlado pelos republicanos, aprovará a medida. O líder da maioria, John Thune, preferiu não comentar.

Preocupações sobre a divulgação

Mesmo após a vitória para realizar a votação, alguns parlamentares demonstraram preocupação sobre até onde irá a divulgação dos registros de Epstein.

Na semana passada, Trump instruiu o Departamento de Justiça a investigar laços de Epstein com democratas proeminentes e outros adversários políticos.

A resolução aprovada permite que o Departamento de Justiça retenha material que possa “comprometer uma investigação federal ativa ou uma ação penal em andamento”.

Epstein se declarou culpado de uma acusação estadual de prostituição na Flórida em 2008 e cumpriu 13 meses de prisão.

Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA o acusou de tráfico sexual de menores.

Epstein declarou inocência antes de morrer, em agosto de 2019.



Valor Econômico

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