O presidente Donald Trump anunciou na quarta (29) que na Truth Social, sua rede social, que os Estados Unidos iniciarão testes com armas nucleares “imediatamente” com a justificativa que outros países também iniciaram seus programas de testes nucleares.
A declaração gerou reações da Rússia e da China, citadas nominalmente por Trump em sua publicação. Moscou disse que não realiza testes com armas nucleares, mas que o fará se Washington os fizer. Já Pequim fez um apelo para que os Estados Unidos cumpram o compromisso com a moratória sobres testes nucleares e com as obrigações previstas no Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares.
Segundo a Associação de Controle de Armas, desde a primeira explosão de um teste nuclear em 16 de julho de 1945 – evento conhecido como teste Trinity, no deserto do Novo México, nos Estados Unidos -, pelo menos oito países realizaram mais de 2.000 testes nucleares em dezenas de locais.
O que é um teste nuclear?
O Centro de Controle de Armamentos e Não Proliferação, uma organização americana sem fins lucrativos e apartidária, classifica os testes nucleares, em linhas gerais, como explosões controladas de dispositivos nucleares, como bombas ou ogivas. Os testes são usados para determinar a eficácia de um dispositivo, seu rendimento (quantidade de energia liberada durante a detonação) e sua capacidade explosiva.
Os testes nucleares são classificados em quatro tipos:
- Atmosféricos: os testes ocorrem na atmosfera ou acima dela;
- Subterrâneos: ocorrem abaixo da superfície da terra;
- Alta atmosfera: ocorrem a mais de 30 quilômetros do solo, e
- Subaquáticos: ocorrem debaixo d’água ou próximos à superfície.
Por meio de explosões de testes nucleares, os países que os realizam têm sido capazes de testar na prática novos projetos de ogivas e criar armas nucleares cada vez mais sofisticadas. A grande maioria das detonações de testes de armas nucleares teve como objetivo o “desenvolvimento de armas” e os “efeitos das armas”.
Os testes nucleares causam exposição à radiação?
Boa parte dos primeiros testes realizados foi detonado na atmosfera, o que espalhou materiais radioativos pelo ar. O Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares de 1963 pôs fim à maioria dos testes nucleares atmosféricos, mas não a todos.
Muitas explosões nucleares subterrâneas também liberaram material radioativo na atmosfera e deixaram contaminação no solo. Se os dispositivos forem enterrados profundo o suficiente, uma explosão nuclear pode ser contida para impedir a liberação de radiação na atmosfera. No entanto, se um dispositivo não estiver enterrado profundo o bastante, a explosão pode fazer com que o solo ao redor exploda, resultando na liberação de radiação.
Como se sabe que um teste com arma nuclear foi realizado?
Dispositivos nucleares liberam uma grande quantidade de energia quando são detonados. Essa liberação de energia pode ser registrada como atividade sísmica, semelhante a terremotos. Existe uma rede global de sensores sísmicos que conseguiu detectar com sucesso todos os testes nucleares desde sua ativação.
Por exemplo, a Coreia do Norte realizou seu último teste nuclear em 2017. O teste subterrâneo ocorreu próximo ao conhecido local de testes de Punggye-ri, na Coreia do Norte, e registrou um evento sísmico de magnitude 6,3, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Como os testes nucleares afetam países em uma região geográfica pequena?
Os riscos para outras áreas próximas a um teste nuclear são em grande parte determinados pelo tipo de teste realizado. Testes atmosféricos e subaquáticos podem causar contaminação do ar e da água. O maior risco para áreas na vizinhança imediata de um teste nuclear subterrâneo é a possível atividade sísmica, embora não haja nenhum caso documentado de um teste nuclear ter causado um terremoto.
De modo geral, os locais de teste nuclear são escolhidos longe de grandes centros populacionais por esse motivo. Por exemplo, o local de testes nucleares de Punggye-ri, na Coreia do Norte, fica a mais de 373 km de Pyongyang e a mais de 450 km de Seul. Curiosamente, está a menos de 80 km da cidade norte-coreana de Chongjin, que, segundo relatos, tem uma população de mais de 600.000 habitantes.
Quantos testes com armas nucleares já foram realizados?
Desde 1945, mais de 2.000 testes nucleares foram realizados em todo o mundo. Os dados são do Centro para o Controle de Armamentos e Não Proliferação e corroborados pelas Nações Unidas. A seguir está a distribuição do número de testes realizados por cada país detentor de armas nucleares:

Destes testes, 528 foram atmosféricos e 1.528 subterrâneos.
Moratória sobre testes nucleares
Em 1990, a União Soviética propôs uma moratória sobre testes nucleares, que foi aceita pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. Isso criou uma oportunidade de avanço para os defensores que, por décadas, vinham promovendo uma proibição abrangente de todos os testes nucleares.
O último teste nuclear da União Soviética ocorreu em 24 de outubro de 1990; o do Reino Unido, em 26 de novembro de 1991; e o dos Estados Unidos, em 23 de setembro de 1992. A França e a China realizaram seus últimos testes em janeiro e julho de 1996, respectivamente, antes de assinarem o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares.
A França fechou e desmantelou todos os seus locais de testes nucleares na década de 1990 — sendo até hoje o único Estado com armas nucleares que realizou essa ação.
Nos últimos anos, os testes nucleares diminuíram significativamente, sendo a Coreia do Norte o único país a realizar testes explosivos no século XXI.
 
				 
		 
								 
								 
								 
								