De pequenas mercearias a grandes ‘atacarejos‘, Fortaleza tem uma quantidade significativa de comércios varejistas de alimentos. A cidade é a terceira capital brasileira com o maior número de supermercados, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A capital cearense tem 7.227 estabelecimentos de comércio de alimentos, segundo dados do Sebrae. É o maior mercado entre as capitais nordestinas.
No Rio de Janeiro, os estabelecimentos focados na venda de alimentos somam 8.804 empresas. Já em São Paulo, que lidera o ranking, são 22.213 empresas.
De modo geral, se sobressaem as empresas cadastradas como minimercados, mercearias e armazéns. Em Fortaleza, são 6.649 pequenos mercados de alimentos.
Os supermercados somam 399 empresas na Capital e os hipermercados são 86. Já o comércio atacadista com predominância de produtos alimentícios somam 93 empresas em Fortaleza.
O especialista em varejo e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque, destaca como as mercearias mantêm a potência, mesmo com a chegada de redes médias de supermercados em bairros menores.
“Nos bairros periféricos, tem muita mercearia porque é muito daquele cearense que veio do interior para cá e criou a sua pequena mercearia. Começou a oferecer grandes produtos de forma mais rápida em seu raio geográfico, entendendo os clientes e, sobretudo, trabalhando com a venda ‘a fiado’”, explica.
O especialista cita o exemplo da rede Nidobox, que começou no bairro Granja Lisboa, criada por um cearense de Jaguaretama. Hoje, já são unidades e faturamento superior a R$ 220 mil.
Os pequenos mercadinhos seguem fortes principalmente devido às compras de pequenos produtos, realizadas com maior frequência.
“Aquela dona de casa que tem até dois salários mínimos de renda compra no atacarejo no início do mês. E quando precisa repor algo, um biscoito, um legume, ela vai à mercearia próxima à casa dela”, comenta Avesque.
REDES LOCAIS SÃO FORTES E CRIAM PRÓPRIOS ‘SHOPPINGS’
A força do varejo alimentar de Fortaleza envolve também fatores históricos, já que o comércio sempre esteve na história da Capital.
“Nós sempre tivemos isso desde o século 17, está na nossa veia. A partir da década de 1980, houve a política estadual de levar esses atacadistas para a BR-116, criando um arco de distribuição. Nos tornamos referência logística”, aponta.
O crescimento da infraestrutura de Fortaleza e a alta densidade demográfica, já que se trata da quarta maior capital do país, fez com que as redes locais crescessem a operação.
“Fortaleza é uma megalópole, tem um mercado consumidor extremamente alto. Como tem uma infraestrutura muito boa, tem o sucesso dos nossos grupos varejistas, que têm centros de distribuição enormes, compram grandes quantidades de produtos e vão capilarizando”, aponta.
Oito empresas cearenses do setor supermercadista estão entre as 300 maiores varejistas do Brasil, conforme ranking divulgado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Cometa, São Luiz e Frangolândia são as maiores redes, com faturamento superior a R$ 1 bilhão.
Com o destaque, as redes criaram os próprios strip malls – pequenos shoppings – em diversas regiões da cidade. “Os médios grupos criaram os pequenos malls em bairros, que você tem farmácia, variedade alimentar. Então o supermercado se transformou em um pequeno shopping”, comenta.
DIVERSIDADE DE REDES VAREJISTAS
A Presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Claudia Novais, reitera que Fortaleza contempla uma diversidade de redes supermercadistas.
“A cidade conta com uma grande diversidade de redes, desde supermercados regionais até grandes grupos nacionais, que investem constantemente em inovação, tecnologia e experiência do consumidor. Além disso, o comportamento do consumidor cearense, que prioriza praticidade e preços competitivos, impulsiona o setor”, avalia.
A associação destaca que o Ceará é o 12º estado em receita de setor supermercadista, conforme o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Supermercados).
“A tendência é que esse desenvolvimento continue impulsionado por investimentos em tecnologia, expansão geográfica e personalização do atendimento ao cliente. Além disso, práticas como digitalização de processos, programas de fidelização e ampliação do mix de produtos têm se mostrado estratégicas para o setor”, avalia Claudia Novais.