Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Dezembro Chegou. O Ano Acabou.

Eis que mais um ano se esvai, com a pressa de quem tem um compromisso urgente em outro lugar. “Voou!”, sentencia a sabedoria popular, e com razão. Passou tão rápido que mal tivemos tempo de apreciar a paisagem, ou talvez a velocidade tenha sido uma bênção para nos poupar dos detalhes.
Mas, como é de praxe, façamos o balanço contábil, o inventário do nosso patrimônio de aprendizados. E que patrimônio! Vejamos o que este ano nos legou:
Aprendemos que o futuro da energia é, gloriosamente, o passado. Com uma coerência invejável, enquanto o mundo discursa sobre o clima na COP-30, nós garantimos o futuro de nossas termelétricas até 2040 com novos e promissores gasodutos. Uma prova de que não nos deixamos levar por modismos.
Descobrimos que a sensação de segurança ao sair de casa recebeu uma atualização conceitual. Deixou de ser um dado concreto do cotidiano para se tornar uma questão de sorte, um estado de espírito a ser cultivado com otimismo, o que é, sem dúvida, um exercício muito mais desafiador e pessoal.
Vimos que o maior luxo não é mais um bem material, mas a aspiração, quase utópica, de dormir oito horas por noite. Para o cidadão que se levanta às cinco da manhã, a realidade é outra: não se sabe a que horas a cabeça encontrará o travesseiro, e as poucas e miseráveis horas que se seguem — três, talvez quatro, com sorte — não servem para sonhar. São apenas para dar um breve armistício ao corpo castigado. O sono reparador, meus caros, virou artigo de grife.
Celebramos o patriotismo de nossos produtos. O café, o chocolate e a carne, cansados do real, decidiram fazer um intercâmbio prolongado, e agora preferem ser cotados em moedas mais cosmopolitas, como o Dólar, o Euro e o Yuan.
E, para coroar este ano de notáveis avanços, aprimoramos o Natal. Promovemos uma bem-vinda atualização no protagonista da festa. A figura central foi terceirizada para um senhor barrigudo e simpático, que bate o ponto nos shoppings e gerencia a troca de lembrancinhas (presentes, convenhamos, viraram coisa de extrato bancário).
Com isso, quase ninguém mais se lembra daquele aniversariante original. Um certo menino nascido em Belém — a da Palestina, não a do Pará —, um pequeno palestino que veio ao mundo com a estapafúrdia ideia de nos ensinar a viver em harmonia, com respeito, empatia e solidariedade.
E, se esquecemos do aniversariante e do motivo da festa, é porque certamente não aprendemos nada da lição que Ele veio ensinar. Basta abrir qualquer jornal para ver o nosso boletim. Reprovamos. Tomamos “bomba” com louvor, e desta vez não há nota do Enem que nos salve.
Em todo caso, ainda vale um, Feliz Natal.

O post Dezembro Chegou. O Ano Acabou. apareceu primeiro em O Estado CE.



Estado do Ceará

Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *