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Ex-CEO de app que usaria IA para automatizar compras será julgado por fraude

Ex-CEO de app que usaria IA para automatizar compras será julgado por fraude

O fundador da startup Nate, Albert Saniger, será julgado por fraude após lançar um aplicativo que prometia concluir compras com um clique usando inteligência artificial, mas na verdade o processo era realizado por humanos. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) detalhou o caso recentemente.

Criada em 2018, a empresa obteve mais de US$ 50 milhões em rodadas de investimento em um primeiro momento, o equivalente a R$ 283 milhões pela cotação do dia, prometendo um produto inovador. Mas uma reportagem feita pelo The Information, em 2022, levantou suspeitas sobre a veracidade do serviço.

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O app alegava usar IA para automatizar compras. (Imagem: Getty Images)

O Departamento Federal de Investigação (FBI) passou a investigar o caso e chegou a conclusões semelhantes. Segundo o DOJ, a plataforma até possuía alguma tecnologia de IA e contava com profissionais da área, porém a automação do app era mínima, apontando que Nate enganava tanto os investidores quanto os usuários.

“Esse tipo de engano não apenas vitima investidores inocentes, mas também desvia capital de startups legítimas, torna os investidores céticos em relação a avanços reais e, em última análise, impede o progresso do desenvolvimento da IA. Este escritório e nossos parceiros do FBI continuarão a perseguir aqueles que procuram prejudicar os investidores divulgando falsas inovações”, declarou o procurador interino dos EUA, Matthew Podolsky.

Humanos fazendo o trabalho da IA

Anunciado como uma solução indispensável para quem compra muito, o app nate afirmava ter a capacidade de concluir o processo de compra usando IA. Se o consumidor estivesse em busca de um par de tênis, por exemplo, bastava entrar na loja online, informar o modelo desejado e deixar o restante do trabalho com o bot.

Saniger dizia aos investidores que o seu produto conseguia selecionar o tamanho do calçado, preencher as informações de entrega da encomenda, inserir os dados de pagamento e confirmar a compra. Para ter acesso a tais facilidades, o usuário pagaria apenas US$ 1 (R$ 5,67) por operação.

Mas o processo não tinha nada de automatizado, ao contrário do que ele afirmava, de acordo com o DOJ. Na verdade, quem concluía as compras online era uma equipe de centenas de trabalhadores que atuava em um call center localizado nas Filipinas, assumindo o trabalho supostamente feito pela IA.

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Na verdade, eram humanos que concluíam as compras no lugar da IA. (Imagem: Getty Images)

A maioria dos funcionários da startup não sabia da fraude, assim como os investidores. Além disso, o então CEO restringia o acesso ao “Painel de Taxa de Automação” da plataforma, usando explicações falsas para manter o sigilo sobre essa informação, alegando se tratar de um segredo comercial.

Os investigadores também detalharam que o app chegou a desenvolver bots para automatizar algumas transações, mas eles não conseguiam lidar com a maioria delas, dependendo do trabalho manual. Quando questionado, o executivo dizia que, em certos casos, a intervenção humana era necessária para concluir o processo.

Até 40 anos de prisão

Por enganar os investidores ao “explorar a promessa e o fascínio da tecnologia de IA para construir uma narrativa falsa sobre inovação que nunca existiu”, Saniger foi acusado de dois crimes. Ele recebeu uma acusação por fraude de valores mobiliários e outra de fraude digital.

Cada uma delas tem pena máxima de 20 anos de detenção. Caso seja condenado, o ex-CEO da Nate pode pegar até 40 anos de prisão, lembrando que o julgamento do caso ainda não tem uma data definida para acontecer.

Segundo o TechCrunch, o criador do app que prometia finalizar compras usando IA foi forçado a vender todos os seus ativos no início de 2023, ficando sem dinheiro e deixando os investidores do negócio com perdas quase totais.

Um caso semelhante aconteceu recentemente com a Presto, que alegava usar IA para automatizar o atendimento em drive-thrus. Porém, a maior parte do trabalho era feito por humanos, igualmente contratados de empresas baseadas nas Filipinas.

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Ceará Agora e Diário do Nordeste

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