O mercado de shopping centers no Brasil ganha mais um grande player a partir de 1º de julho. As companhias privadas Argo Participações e Replan estão em fase final para realizar a fusão de suas operações.
A Argoplan vai nascer como a terceira maior administradora de shoppings do País, em números de centros de compras. Serão 30 shoppings (23 da Argo e sete da Replan), entre próprios e no modelo de sociedade. Com isso, a nova empresa fica atrás dos 58 shoppings da Allos e dos 43 da AD Shoppings, que administra o Iguatemi São Carlos e o Shopping Metrô Tatuapé. A Multiplan, por exemplo, é dona de 20 centros de compras no País, e o Iguatemi, 17.
“A fusão aumenta nosso poder de negociação com fornecedores, teremos mais capilaridade e a oportunidade de atrair mais parceiros comerciais e empreendedores. Nesse segmento, escala é algo importante”, diz Leandro Lopes, sócio da Replan, ao NeoFeed.
Lopes, que foi CFO da BRMalls e vice-presidente da Allos, assumirá o posto de diretor de planejamento, novos negócios, jurídico e financeiro na nova companhia.
Dos 30 shoppings administrados pela Argoplan, 13 são próprios – sete que vieram da Replan e seis da Argo – e 17 estão sob gestão. As unidades estão em 22 cidades de nove estados e recebem 11 milhões de pessoas por mês. Ao todo, são cinco mil lojas e 850 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL), além de 35 mil vagas de estacionamento.
Em termos de ABL, a Allos é a principal empresa do setor, com 1,3 milhão de m². A segunda maior é a Multiplan, com 940,7 m². A Argoplan ficará à frente do Iguatemi, que tem 746 mil m².
“Quando a gente vai negociar com uma grande varejista, por exemplo, para ampliar a presença nos shoppings, uma coisa é ter dois ou três shoppings. Outra coisa é ter 30”, afirma Lopes.
Do total do volume de vendas da companhia, o líder é o Américas Shopping, que fica no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, e que movimenta R$ 800 milhões por ano. Em tamanho, está o Shopping Montes Claros, em Minas Gerais, com 40 mil m² de ABL, o único do município. A nova administradora terá vendas anuais de R$ 10 bilhões (a Allos ultrapassou R$ 40 bilhões no ano passado e a Multiplan, R$ 24 bilhões).
Dos shoppings que vieram da Replan, um deles está em construção, em um projeto greenfield, com investimentos de R$ 300 milhões, em Lagoa Santa, em Minas Gerais. A entrega está prevista para 2027.
Além dos atuais empreendimentos, a nova companhia já prepara sua expansão para terminar 2025 com 35 shoppings administrados. Dos novos negócios, serão dois shoppings que virão via M&A e dois no modelo de administração. Outro será construído no interior de São Paulo, com previsão para entrega em 2028.
Segundo Lopes, um dos focos a médio prazo é a consolidação da presença da Argoplan na cidade de São Paulo, com shoppings próprios e geridos. Hoje, a empresa administra o Boavista Shopping, que fica no bairro Santo Amaro, na Zona Sul da capital paulista.
“Temos pouca presença na cidade de São Paulo e nossa estratégia é crescer nossa penetração. Mas temos uma atuação importante no interior”, diz Lopes. Dos atuais 30 ativos, 12 estão situados no Rio de Janeiro e cinco no estado de São Paulo.
Governança da nova empresa
Em fevereiro deste ano, os empresários Lopes e Felipe Andrade, que já foi diretor comercial da Allos, fizeram uma associação entre a Replan com a SFA Malls, da família Bretas, fundadora da rede de supermercados Bretas, vendida em 2010 para o grupo chileno Cencosud, e que hoje tem investimentos em vários segmentos.
A estrutura da nova sociedade não terá um CEO. Lopes será o sócio-diretor que estará mais em contato com o mercado, Andrade estará à frente dos setores de operações, comercial, marketing, mall e mídia. E Luana Bonfim, que era sócia da Argos, cuidará das áreas de inteligência, tecnologia, e pessoas e cultura.
O outro sócio da Argos, Hugo Matheson, vai compor o conselho de administração ao lado de Marcela Bretas, da SFA Malls. Haverá, ainda, a participação de um membro independente a ser escolhido.
A nova composição societária será formada por 50% de participação de cada uma das companhias, o que significou também um aporte de capital não revelado. A sede da nova empresa será na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Até o fim do ano, a companhia terá uma filial em São Paulo.
Para Lopes, a tendência é de crescimento nas vendas no varejo de shoppings, a exemplo do que vem reportando seus principais concorrentes. Segundo ele, a taxa Selic a 15%, em que pese afetar basicamente toda a economia no País, não deve frear o consumo.
“Para os projetos de expansão, essa taxa de juros é um grande dificultador. No lado do empreendedor, também afeta. Mas temos visto um bom resultado de vendas. As pessoas deixam de fazer compras a longo prazo, mas seguem comprando roupas, indo a restaurantes e cinemas”, diz o sócio-diretor da Argoplan.
“Acho que a taxa chegou no topo. E há um grande espaço no mercado para consolidar a administração de shoppings de porte médio e grande pelo País, tanto com aquisição quanto em gestão. Essa é a nova visão”, complementa.
