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Fictor Alimentos faz primeiro M&A e mira exportação de suínos para Oriente Médio e África

carne suína exportação

A Fictor Alimentos entrou no radar dos investidores no fim do ano passado ao fazer um IPO reverso. Quatro meses após esse movimento, a empresa, cujos donos têm negócios que vão do setor financeiro ao agronegócio, concretizou o seu primeiro M&A. Na quarta-feira, 30 de abril, a companhia obteve a aprovação do administrador judicial para a compra da Mellore Alimentos, por R$ 30,4 milhões, empresa em processo de recuperação judicial (RJ) desde 2017.

O valor representa um deságio de cerca de 67,45% do valor da causa da RJ da Mellore, fixado em R$ 93,4 milhões. “Com a homologação, não há risco de a Fictor Alimentos sofrer qualquer sanção ou bloqueio por causa de dívidas da Mellore”, diz André Vasconcellos, diretor de Estratégia, Planejamento e Relações com Investidores da Fictor Alimentos, ao NeoFeed.

Segundo o executivo, no cronograma de pagamento apresentado inicialmente serão pagas dívidas tributárias e trabalhistas. Pelo documento aprovado pelo administrador judicial, a Fictor Alimentos pagará incialmente R$ 7,8 milhões, sendo R$ 3,9 milhões até 30 dias após a homologação do acordo de compra e o restante em 24 parcelas. O recurso será utilizado no pagamento de créditos concursos, dívidas que existiam antes da homologação da RJ. No plano, a empresa detalha as demais ordens de pagamentos.

O foco da empresa é justamente a compra de empresas em situações de RJ ou em processo falimentar. “O core da empresa é buscar ativos estressados. Com isso, a gente consegue assegurar valores bem vantajosos e leva em consideração também o potencial dessas companhias”, afirma Vasconcellos.

Situada em Betim, Minas Gerais, a unidade produtiva da Mellore tem área construída de 9 mil m² e capacidade produtiva de 1,7 mil toneladas mensais de produtos acabados de origem animal. Ainda que possa autorização para atuar no setor de bovinos e suínos, hoje 100% da produção da Mellore é de carne suína.

Além de aprimorar os processos produtivos, a Fictor Alimentos pretende adotar uma política de exportação dos produtos, aproveitando a habilitação da Mellore concedida em 2015 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mas que não era explorada de forma representativa pelos atuais donos.

A lista contempla 100 países em que a empresa pode exportar, como Hong Kong, Catar e Emirados Árabes e mercados na América do Sul. O foco, segundo Vasconcellos, será inicialmente Oriente Médio e continente africano.

Hoje o mercado de proteína animal no Brasil é dominador por quatro grandes companhias: JBS, BRF, Marfrig e Minerva. Mas há uma pulverização de empresas menores que atendem o mercado, principalmente em escala regional. E é nesse filão que a Fictor Alimentos pretende atuar.

Com a mudança, a Mellore deve adotar o nome da compradora. Ainda não está definido como ficarão as marcas dos produtos comercializados, mas a expectativa é que a sentença aprovando a compra saia antes do fim do segundo trimestre. O processo tramita na Vara Empresarial, da Fazenda Pública e Autarquias, de Registros Públicos e de Acidentes do Trabalho da Comarca de Betim.

André Vasconcellos, diretor de Relações com Investidores da Fictor Alimentos

O plano da Fictor Alimentos é de realizar mais aquisições em 2025. “O que está em vista é que estamos observando empresas de aves, pescados e frutos do mar.”

Para isso, a companhia já tem autorização para aumento de capital, com aportes de acionistas que vão impulsionar esse movimento. Não há, no entanto, o valor definido para os próximos M&As.

IPO Reverso

A Fictor Alimentos foi criada pela Fictor Holding, que detém investimentos no setor financeiro e no agronegócio, como as marcas Dr. Food, Fredini e Vensa, e pela Aqwa Capital, que tem ativos no agronegócio ligados à produção de óleo e amendoim. Para criarem a Fictor Alimentos, eles adquiriram o controle da Atom Participações, uma empresa listada na B3 fundada por Carol Paiffer e Joaquim Paiffer para a formação de traders.

Após a aquisição, eles aproveitaram a “carcaça” da Atom na B3 e concretizaram o IPO reverso. Juntas, Fictor Holding e Aqwa detém 76,5% de participação acionária. Os outros 23,5% estão em circulação no mercado. São 5.043 acionistas, dos quais 95% são de pessoas físicas.

O valor que a Fictor Alimentos irá desembolsar para a compra da Mellore é superior inclusive ao que foi pago aos antigos donos da Atom Participações no ano passado, no valor de R$ 20 milhões.

“Isso mostra o quanto poderemos crescer com essa aquisição. A mensagem que passamos ao mercado é que a Fictor Alimentos está capitalizada e preparada para crescer de forma significativa”, diz Vasconcellos

As ações da Fictor Alimentos na B3 acumulam valorização de 28,39% no acumulado de 2025. A empresa está avaliada em R$ 96,70 milhões.





Ceará Agora e Diário do Nordeste

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