O ambiente de negócios brasileiro encerrou 2024 com mais de 21,1 milhões de empresas ativas, segundo dados do Ministério da Fazenda. Só no último ano, foram abertas 3,8 milhões de novas empresas, mas cerca de 1,4 milhão fecharam as portas — uma taxa de mortalidade que reforça um ponto crítico: crescer exige mais do que vender, exige gerir.
Entre os principais motivos para o fechamento precoce, pesquisas do Sebrae apontam que 60% das empresas encerram atividades por falta de planejamento financeiro. Em um cenário em que a taxa básica de juros (Selic) oscilou entre 13,75% e 10,5% ao ano em 2024, e a inflação acumulada fechou em 4,62%, manter equilíbrio de caixa e margens de lucro exige preparo técnico e visão estratégica.
Para Luís Augusto Ribeiro de Figueiredo Antunes, especialista com 25 anos de experiência em finanças e gestão, a gestão financeira estratégica é o elo entre os números e as decisões que definem o futuro do negócio.

“Não basta registrar entradas e saídas. É preciso interpretar indicadores, entender tendências de mercado e conectar as finanças ao plano estratégico da empresa. Isso é o que garante a sobrevivência e o crescimento sustentável”, afirma.
A aplicação prática desse conceito envolve integrar a área financeira à tomada de decisão em todos os níveis: desde o planejamento de vendas até a definição de investimentos e cortes de custos. Empresas que adotam essa visão conseguem antecipar riscos, identificar gargalos e reagir rapidamente a mudanças de cenário — algo essencial em uma economia sujeita a variações cambiais, instabilidade política e oscilações de consumo.
O impacto dessa abordagem pode ser mensurado. Estudos do IBGE indicam que empresas com gestão estruturada de processos — incluindo o financeiro — têm 35% mais chances de ampliar faturamento de forma contínua. Além disso, em tempos de retração, são 50% mais propensas a manter o quadro de funcionários e preservar competitividade.
Outro desafio identificado é a transformação de faturamento em lucro real. Muitas empresas, embaladas pelo aumento nas vendas, negligenciam custos indiretos, perdas operacionais e ineficiências que corroem margens. A gestão estratégica atua justamente na identificação desses pontos, permitindo ajustes em tempo real e melhoria contínua.
Luís Augusto reforça que a construção de reservas financeiras e a elaboração de cenários de médio e longo prazo são práticas indispensáveis. “Negócios que criam colchões de liquidez não apenas resistem às crises, mas têm capacidade de investir quando os concorrentes estão retraídos. Essa é a hora em que o mercado muda de mãos”, observa.
Com a previsão de crescimento modesto do PIB brasileiro para 2025, em torno de 2,2%, e um mercado cada vez mais competitivo, a gestão financeira estratégica não é mais uma opção, mas uma necessidade. Empresas que transformarem dados em decisões e disciplina financeira em rotina estarão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades e resistir às instabilidades que fazem parte da realidade econômica do país.