O Google paga uma “enorme quantia em dinheiro” para manter o Gemini instalado por padrão em celulares da Samsung, segundo reportagem da Bloomberg. Em depoimento prestado nesta semana, o vice-presidente de parcerias de plataformas e dispositivos da empresa, Peter Fitzgerald, confirmou a existência do acordo com a fabricante sul-coreana para garantir a presença nativa do chatbot em seus aparelhos.
Embora os valores exatos não tenham sido revelados, sabe-se que o pagamento é feito mensalmente. A prática não é nova: por anos, o Google pagou bilhões à Apple para manter seu buscador como padrão no Safari, navegador dos iPhones. Essa estratégia já foi alvo de investigações regulatórias e chegou ao centro de um processo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ).
Hoje, o Google Assistente ainda é o assistente padrão em dispositivos Android com os serviços da empresa, mas está sendo gradualmente substituído pelo Gemini — ferramenta baseada em modelos de linguagem (LLMs). Em geral, essa migração exige o consentimento do usuário.

No entanto, no Galaxy S25, o Gemini já vem instalado de forma nativa e é a opção padrão. Ao pressionar e segurar o botão de energia, é ele que é acionado — substituindo inclusive a Bixby, assistente virtual da própria Samsung.
Segundo o executivo da gigante, o acordo entre Google e Samsung começou em janeiro de 2025 teria vigência de pelo menos dois anos. Nele, o Google se compromete a pagar por cada dispositivo com o Gemini pré-instalado. Além disso, a Samsung também recebe comissões por interações com os anúncios exibidos dentro do app.
Segundo um advogado do DOJ, os valores pagos mensalmente são “quantias enormes” em dinheiro.
Google cogitou obrigar pré-instalação do Gemini
De acordo com slides internos obtidos pelo site The Information, o Google também considera atualizar os termos de licenciamento do Android. Nesse novo modelo, marcas interessadas em usar o sistema com os serviços Google teriam que aceitar a pré-instalação obrigatória do Gemini, do buscador e do navegador Chrome.

Atualmente, vários serviços da empresa são essenciais para o funcionamento pleno do Android. Fabricantes que optam por não usá-los devem recorrer ao Android Open Source Project (AOSP), uma versão mais limitada e com menos recursos.
Abrir mão do ecossistema do Google, no entanto, representa um grande desafio. Sem esses serviços, o aparelho perde muitas das funcionalidades que os consumidores esperam, tornando-se uma opção menos atrativa no mercado.
Google na mira do governo dos EUA
Em agosto de 2024, o juiz distrital Amit Mehta concluiu que o Google atua como um monopólio e emprega práticas anticompetitivas para manter sua liderança no setor de buscas. O debate agora gira em torno da gravidade das sanções que devem ser aplicadas à empresa.
Entre as possíveis medidas sugeridas pelo DOJ está a venda do Chrome, navegador que detém cerca de 65% do mercado há anos, segundo dados do StatCounter. Em uma primeira versão do documento, também se cogitou forçar a venda do Android — hipótese retirada na revisão mais recente.
Desdobramentos importantes
Em depoimento prestado nesta terça-feira (22), o diretor de produtos do ChatGPT, Nick Turley, afirmou que a OpenAI teria interesse em adquirir o Chrome, caso ele seja colocado à venda.

Outra proposta que pode alterar significativamente o setor é a obrigatoriedade de compartilhamento dos dados coletados pelo buscador do Google — medida que, segundo Turley, poderia acelerar o desenvolvimento do chatbot da OpenAI.
A próxima audiência do processo entre o DOJ e o Google está marcada para segunda-feira (28). A decisão final, porém, só será divulgada em setembro de 2025, com possibilidade de recurso por parte da empresa.
Seja qual for o desfecho, o impacto será profundo para a experiência dos usuários na web. O Google é um nome central no cotidiano digital há décadas, e uma possível venda de seus produtos pode redefinir os rumos da internet — especialmente para o consumidor final.
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