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Hotéis: Fortaleza involuiu; outras capitais cresceram – Egídio Serpa

Hotéis: Fortaleza involuiu; outras capitais cresceram - Egídio Serpa

Em 2014, a cidade de Fortaleza sediou dois gigantescos eventos: a Copa do Mundo de Futebol, da Fifa, e a reunião do BRICs, um grupo de cooperação econômica que, naquela época, reunia apenas o Brasil, a Rússia, a Índia e a África do Sul. Nos dois acontecimentos, a hotelaria fortalezense e sua capacidade instalada (número de leitos) deram um show, hospedando, com distinção e louvor, a cúpula do futebol mundial, milhares de torcedores que vieram de países e continentes diferentes e os governantes – com suas extensas assessorias – das quatro nações criadoras do BRICs.

“Hoje, 11 anos depois, o setor hoteleiro da capital cearense não teria condição de receber esses mesmos eventos. A razão é uma só: faltam hotéis aqui” – foi o que esta coluna ouviu ontem do diretor de um importante estabelecimento hoteleiro de Fortaleza, que externou sua preocupação com o cenário atual:

“O setor turístico de Fortaleza involuiu, ao mesmo tempo em que cresceu o de João Pessoa, Maceió e Aracaju. Aqui, a capacidade instalada da rede hoteleira reduziu-se e muito, nos últimos anos, com o desaparecimento de vários bons hotéis”, acrescentou a fonte, na opinião de quem “o quadro vai agravar-se porque mais hotéis desaparecerão, sem esquecer que, de 2020 para cá, foram fechados seis deles”.

O diretor citou o caso do hotel Seara, um ótimo quatro estrelas localizado no coração da Avenida Beira Mar, cujo prédio será demolido para dar lugar a duas torres com 84 apartamentos cuja área variará de 29 m² a 70 m², “o tamanho ideal exigido pela Airbnb” (empresa norte-americana que opera um mercado online para estadas em casas de família e experiências de curto e longo prazos em vários países e regiões; ela atua como corretora e cobra uma comissão por cada reserva; o Airbnb foi fundado em 2008 por Brian Chesky, Nathan Blecharczyk e Joe Gebbia – como informa o Google). O Airbnb é a crescente dor de cabeça da hotelaria mundial.

De acordo com a mesma fonte, as duas torres de apartamentos que surgirão na Beira Mar, no mesmo espaço em que funcionava o Seara, obstruirão ainda mais as artérias e vasos da hotelaria formal de Fortaleza, já obstruídos por outras causas, como a redução do número de voos nacionais e internacionais.

“Estamos perto de um AVC. O hub da Gol mudou-se de Fortaleza para Salvador”, lembrou a fonte, adiantando que a Latam, que poderia fazer um novo voo ligando Fortaleza a outro país da Europa, anunciou um voo daqui para Lisboa, algo que há mais de 20 anos a TAP oferece diariamente.

“Teremos, então, concorrência para o mesmo destino. Até prova em contrário, não há demanda excedente para essa nova oferta, que, na verdade, é a troca de um voo da Latam que existia para Miami por outro que irá para a bela e acolhedora capital portuguesa. Ou seja, cobrimos um santo, mas descobrimos outro”, disse a mesma fonte.

A redução do número de voos no Aeroporto internacional Pinto Martins, agora rebatizado com o nome de Fortaleza Airport, preocupa a Fraport, gigante alemã do setor que tem a sua gestão. Mas preocupa, também, toda a cadeia produtiva do turismo cearense, incluindo a rede de hotéis desta capital.

Há poucos dias, hoteleiros de Fortaleza reuniram-se com a secretária de Turismo da PMF, Denise Carrá. E ficaram muito bem impressionados com o que ela disse – e mais ainda com o que ela ouviu sobre o quadro da hotelaria local. A secretária, que tomou posse do cargo e de suas funções sabendo pouco a respeito de um setor importante da economia estadual cearense, “está agora ciente das dificuldades que a esperam, mas com informações e sugestões capazes de levá-la a adotar as melhores soluções”.

Uma das informações transmitidas à secretária Denise Carrá foi a seguinte: em 2024, o setor de turismo de Fortaleza cresceu 1% em relação ao ano anterior de 2023; as demais capitais do Nordeste tiveram crescimento de 10%, em média, o que quer dizer que outras cidades cresceram acima desse percentual.

Em tempo: ontem, esta coluna recebeu a informação – ainda não confirmada – de que a direção do hotel Oasis (antigo Imperial Palace, também na Beira Mar) está em negociação com um grupo imobiliário para possível venda.

Mas, depois desta tormenta, há um céu de brigadeiro adiante. É só atentar para o que diz Igor Pires, especialista em transporte aéreo de passageiros, com origem no ITA de S. José dos Campos, e colunista do Diário do Nordeste com alto índice de leitura.

Ele pode acalmar os empresários do trade turístico de Fortaleza. Igor Pires está a dizer em sua coluna que a decisão da Latam de privilegiar o Fortaleza Airport (a empresa acaba de anunciar um voo Fortaleza-Lisboa-Fortaleza e outro Fortaleza-Juazeiro do Norte-Fortaleza) está sustentada em seis pilares, a seguir:

“Um voo Fortaleza Lisboa pode ser viável financeiramente; pode ser realizado com aeronave de fuselagem larga (sem risco financeiro), como um Boeing 787, por exemplo; há slots (horários de chegadas e partidas) disponíveis para operação no disputado aeroporto de Lisboa; a Latam tem olhos do Nordeste para a Europa; o Brasil precisa de um novo hub internacional no Nordeste; o hub Latam do Nordeste, que previa vários destinos internacionais na Europa a partir de Fortaleza, poderá renascer: projeto de 2015, por que não?”

Igor Pires conclui assim sua coluna do último sábado, 8, no DN:

“O aeroporto de Fortaleza precisa crescer.” 



Secretaria da Cultura

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