O Ceará tem potencial para fortalecer seu turismo com cifras bilionárias nos próximos anos investindo em uma área basilar: o saneamento.
Levantamento do Instituto Trata Brasil, especialista no segmento, aponta que as cidades cearenses com vocação turística podem gerar R$ 3,8 bilhões adicionais em receita até 2040, caso alcancem a universalização do saneamento. O ganho anual para o Estado gira em torno de R$ 209 milhões, indica a pesquisa, elaborada em parceria com a consultoria EX Ante.
Em diversos pontos turísticos do litoral, persistem deficiências na coleta de esgoto e até no acesso à água tratada, mazelas que ainda afetam milhões de pessoas no Estado.
Um exemplo é Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. Apesar do grande apelo turístico, mais de 80% da rede do Município não possui ligação com sistema de esgoto.
Em Fortim, a taxa sobe para 88% e em Cascavel, para 99%. Na ala oeste do litoral, os problemas se assemelham. Em Jijoca de Jericoacoara, esse índice supera 80% e em Amontada, 89%. Os dados são do IBGE.
Perdas no turismo
Para além do impacto na saúde pública e em múltiplos fatores socioeconômicos, o turismo também sofre com tais falhas no saneamento. O tratamento adequado de esgoto e o acesso à água potável são essenciais para garantir a qualidade ambiental de praias e áreas costeiras, que são os principais atrativos da região. A ausência desses serviços compromete a balneabilidade, prejudica as belezas naturais e afasta visitantes.
O Instituto Trata Brasil ressalta que cidades nordestinas com cobertura de esgoto abaixo da média nacional registram também menor fluxo turístico e menor arrecadação com a atividade. Além dos danos econômicos, surgem problemas relacionados à imagem dos destinos, o que pode causar efeitos de longo prazo na capacidade de atração de novos visitantes. Regiões com esgoto a céu aberto ou despejo direto no mar enfrentam ainda multas ambientais e ações judiciais que oneram os cofres públicos.
Até mesmo os trabalhadores do turismo que atuam em localidades saneadas obtêm renda maior. Dados do IBGE citados pelo Trata Brasil expõem que a renda média de empregados do setor turístico que vivem em residências com saneamento básico é de R$ 2.383,53, enquanto os que moram em áreas sem saneamento ganham em média R$ 1.785,79 – uma diferença de cerca de R$ 600 por mês.
Financiamento de projetos
Um importante vetor pare reverter esse quadro é o Banco do Nordeste, que tem ampliado os desembolsos no financiamento de projetos de saneamento básico. Em 2024, a instituição destinou R$ 1,6 bilhão a iniciativas do segmento. A expectativa é que os desembolsos cheguem a R$ 2,3 bilhões em 2025, um crescimento previsto de 43% na rubrica.
Os recursos são aplicados por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que pode ser um caminho estratégico para obtenção de recursos a projetos de melhorias no saneamento em diversas cidades cearenses.
Legenda:
Foto:
Paulo Câmara. presidente do BNB
Divulgação/Lide Ceará
“Investir em saneamento é investir em saúde, dignidade e qualidade de vida para milhões de pessoas. Ao apoiar projetos estruturantes com alto impacto social e ambiental, o Banco do Nordeste contribui para a transformação de realidades e para a geração de empregos, fortalecendo a economia local e promovendo desenvolvimento com sustentabilidade”, comenta o presidente do BNB, Paulo Câmara.
Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, ressalta que o acesso pleno ao saneamento tem potencial para “modificar para sempre o Ceará”.
Os ganhos socioeconômicos líquidos decorrentes da universalização no Ceará poderiam atingir R$ 36,8 bilhões, com a geração de aproximadamente 35 mil novos empregos, deixando “um legado promissor para o estado”.