O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger, faleceu nesta segunda-feira (28), aos 60 anos, após uma luta contra o câncer. Ele faria 61 anos no próximo domingo (04). A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa da instituição.
Formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1987, Krieger se destacou pela sua longa e significativa trajetória científica. Com mestrado (1989) e doutorado (1997) em Ciências Biológicas, com ênfase em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele ocupou diversos cargos importantes dentro da Fiocruz, incluindo a direção-adjunta de Desenvolvimento Tecnológico, Prototipagem e Produção do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná), e a coordenação do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
Krieger foi peça-chave na implantação da Fiocruz Paraná, estabelecendo uma aliança estratégica com o IBMP, o que impulsionou a Fundação no estado. Sua carreira científica inclui inúmeras publicações e seis patentes. A sua referência em áreas como imunização e vacinas foi amplamente reconhecida, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando ele se destacou como uma das principais fontes de informações científicas sobre a eficácia das vacinas.
Com grande presença na mídia, Krieger foi uma voz fundamental durante a crise sanitária. Ele apareceu frequentemente em emissoras de TV, fornecendo esclarecimentos sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca. Além disso, desempenhou um papel crucial na liderança do Comitê de Vacinas da Fiocruz e foi uma das figuras centrais no processo de aprovação emergencial das vacinas pela Anvisa.
Sua paixão pela inovação tecnológica o motivou a buscar sempre novos projetos que pudessem beneficiar a saúde pública brasileira. Krieger também teve um papel decisivo no fortalecimento do programa Inova Fiocruz, que visa fomentar pesquisas inovadoras e estratégicas, e foi incansável na busca por soluções para as doenças que mais afetam a população, como o câncer e as doenças raras.
Entre suas conquistas mais recentes, destaca-se o desenvolvimento da plataforma de mRNA, que ele acompanhou de perto até seus últimos dias. O pesquisador também foi responsável por trazer a tecnologia de car-t cell para a Fiocruz, um avanço que busca transformar o tratamento de câncer e outras doenças raras dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além de sua atuação nacional, Marco Krieger representou a Fiocruz em diversas conferências internacionais. Em 2024, ele esteve na Malásia, onde discutiu a cooperação para a vacina de mRNA, e na China conheceu empresas líderes em terapias avançadas. Sua visão estratégica para o desenvolvimento da saúde global se refletia no seu trabalho, que visava reduzir a dependência externa de produtos essenciais para a saúde, promovendo uma produção regional de medicamentos e vacinas.
O cientista também se destacou na luta contra as arboviroses. Em 2019, o IBMP obteve o registro de um teste molecular para diagnóstico de zika, dengue e chikungunya, um projeto que Krieger acompanhou com entusiasmo e que considerava um avanço importante para o enfrentamento dessas doenças.
Filho do geneticista Henrique Krieger, ele seguia os passos do pai no campo da pesquisa, mas também valorizava aspectos simples da vida. Desde jovem, em seu tempo livre, praticava agricultura orgânica e cultivava hortifrutis em uma chácara da família. Ele deixa esposa, dois filhos e duas netas.
Para os colegas de profissão, sua dedicação à inovação tecnológica, o compromisso com o SUS deixarão um legado duradouro na história da ciência no país.
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