No acumulado de 2025, os papéis da Movida registram alta de 112%. E, para o BTG Pactual, há espaço para acelerar esse ritmo. “Olhando adiante, ainda vemos potencial de valorização”, ressalta um relatório do banco enviado a clientes.
Nessa trilha, com recomendação de compra e atualizações sobre estimativas, os analistas do banco projetam para 2025 um lucro líquido de R$ 241 milhões, acima da previsão de R$ 162 milhões do mercado.
“Os resultados no segundo semestre e no primeiro trimestre de 2025 superaram nossas estimativas e as do consenso. A principal surpresa veio de preços de aluguel mais fortes, depreciação mais controlada e ganhos de eficiência operacional”, destaca o BTG.
No balanço dos primeiros três meses do ano, a Movida reportou crescimento de 61,5% no lucro líquido, com R$ 78,5 milhões. A receita líquida no período foi de R$ 3,5 bilhões, alta de 18,1%. O Ebitda também teve elevação, de 26,3%, com valor recorde de R$ 1,33 bilhão.
No relatório, o BTG revisou para cima a projeção de crescimento para o segmento de aluguel de curto prazo para 2025. Até o balanço, a perspectiva era de alta de 4%. Agora, é de três vezes acima, com projeção de 12%.
Para o banco, os preços na unidade de gestão de frotas devem subir, agora no patamar de 19%, ante a indicação anterior de 13%. No caso do Ebitda, previsão é de fechar o ano com R$ 5,6 bilhões, contra R$ 4,8 bilhões da previsão anterior, o que representaria uma alta de 16,6%.
A aposta do BTG para a trilha de alta nos próximos meses também está na indicação do Banco Central de que a taxa Selic, hoje em 15%, atingiu o platô, e que agora deve caminhar para uma tendência de queda.
“Dada a elevada alavancagem da Movida (3,1 vezes no primeiro trimestre), a empresa pode ser uma das maiores beneficiadas com esse movimento”, diz o banco. “Estimamos que a cada corte de 100 pontos-base na Selic, o lucro líquido de 2026 da Movida aumenta em 25%.”
A perspectiva de alta na última linha do balanço Movida se conecta com a projeção do banco da curva da Selic, agora prevista para uma média de 14,4% no fim de 2025 e 12,8% em dezembro de 2026.
“A companhia também vem fazendo um ótimo trabalho em aumentar os rendimentos ao mesmo tempo que melhora sua eficiência operacional”, escrevem os analistas.
“Com base em nosso modelo atualizado, a Movida negocia a um atrativo múltiplo de 6,7 vezes preço/lucro 2026 (versus 10 vezes da Localiza), abaixo da média histórica de 5 anos de 9 vezes, o que reforça nossa recomendação de compra”, completa a análise.
A preocupação de outros analistas
Apesar da visão otimista do BTG, outras casas têm feito ressalvas sobre a operação. Em relatório no início de maio, os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, do Santander, reconhecem o crescimento dos resultados da Movida, acima das perspectivas, mas demonstram preocupação com o endividamento.
“A Movida registrou um consumo de caixa de aproximadamente R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre de 2025, principalmente devido a uma queda acentuada de R$ 1,8 bilhão nas contas a pagar a fornecedores”, disse o banco, no documento.
“Como resultado, a dívida líquida aumentou para cerca de R$ 16 bilhões ao final do 1T25, embora a alavancagem tenha permanecido praticamente estável em 3,07 vezes dívida líquida/Ebitda, contra 3,01 vezes no fim de 2024”, afirmou o Santander.
Na mesma linha do BTG, a análise do Itaú também destaca o desempenho financeiro acima da expectativa, principalmente em relação ao lucro líquido do período. Para os analistas do banco, o foco da Movida está no aumento das tarifas e na otimização do mix de aluguel de carros, em direção a contratos de maior rentabilidade.
No entanto, o banco reforça o ponto de atenção sobre a dívida da companhia. “Em tom mais cauteloso, destaca-se que a alavancagem permaneceu estável em 3,1 vezes, impactada por pagamentos às montadoras que geraram uma redução de R$ 1,8 bilhão em contas a pagar”, disse Gabriel Gasparete, do Itaú.
Recentemente, a locadora de veículos, que integra o grupo Simpar, anunciou a emissão de R$ 750 milhões em debêntures, justamente no mesmo dia em que sua principal concorrente, a líder de mercado Localiza, emitiu R$ 1 bilhão.
Segundo informado pela Movida na ocasião, os recursos seriam usados para “fins corporativos” da companhia, incluindo gestão de passivos. Nos dois casos, as emissões foram não conversíveis em ações das empresas.
Nesta quinta-feira, 26 de junho, o humor do mercado, no entanto, foi no sentido contrário do registrado pelo BTG. Às 12h30, as ações da empresa registravam queda de 12,8%. A Movida está avaliada em R$ 2,7 bilhões.