A Nasa apresentou nesta segunda-feira as 10 pessoas — selecionadas de um grupo de 8.000 candidatos — que vão integrar o corpo de astronautas da agência enquanto ela corre para retornar à Lua antes de tentar uma missão tripulada sem precedentes a Marte.
O grupo inclui seis mulheres e quatro homens, que o administrador interino da Nasa, Sean Duffy, chamou de “os melhores e mais brilhantes da América”.
“E vamos precisar dos melhores e mais brilhantes da América para todos os nossos planos de exploração para o futuro”, disse Duffy. “Estamos voltando para a Lua… E digo o seguinte: estarei danado se os chineses vencerem a Nasa ou vencerem a América de volta à Lua.”
Os 10 escolhidos são:
- Ben Bailey, engenheiro mecânico e oficial técnico chefe 3 do Exército, de Charlottesville, Virgínia;
- Lauren Edgar, geóloga de Sammamish, Washington;
- Adam Fuhrmann, engenheiro aeroespacial e major da Força Aérea, de Leesburg, Virgínia;
- Cameron Jones, engenheiro aeroespacial e major da Força Aérea, de Savanna, Illinois;
- Yuri Kubo, engenheiro elétrico e de computação, ex-funcionário da Nasa e diretor de lançamentos da SpaceX, de Columbus, Indiana;
- Rebecca Lawler, ex-tenente-comandante e piloto de testes da Marinha, de Little Elm, Texas;
- Imelda Muller, ex-tenente da Marinha e médica subaquática, de Copake Falls, Nova York;
- Erin Overcash, tenente-comandante e piloto de testes da Marinha, de Goshen, Kentucky;
- Katherine Spies, engenheira de design e ex-piloto de testes do Corpo de Fuzileiros Navais, de San Diego;
- Anna Menon, engenheira biomédica e ex-funcionária da SpaceX, de Houston.
Esta turma de astronautas é a primeira em que há mais mulheres do que homens, segundo a Nasa.
A agência também confirmou que Menon é a primeira pessoa a ingressar no corpo de astronautas da Nasa que já havia voado em órbita.
Enquanto trabalhava na SpaceX, Menon foi escolhida pelo bilionário da tecnologia Jared Isaacman para acompanhá-lo na Polaris Dawn, uma missão experimental que viajou mais alto em órbita terrestre do que qualquer espaçonave tripulada havia voado em décadas.
A missão, realizada no ano passado a bordo de uma cápsula Crew Dragon da SpaceX, também incluiu a primeira caminhada espacial feita pelo setor privado.
Menon se juntará ao marido, Anil Menon, no corpo de astronautas. Anil também é ex-funcionário da SpaceX e foi escolhido para o corpo de astronautas da Nasa na última seleção, em 2021.
Cada turma de novos astronautas recebe um apelido especial escolhido pela turma anterior. O grupo de 2021 — apelidado de “Flies” (moscas), em parte como referência à rapidez com que provavelmente seriam designados e enviados a missões em órbita — dará o apelido desta nova turma.
“Em nome de todos os Flies, estamos ansiosos para conhecer a sua turma para que possamos dar a vocês um nome à altura das suas personalidades e apropriado para este momento empolgante e dinâmico”, disse o astronauta da Nasa, Chris Birch.
O caminho à frente
Os 10 novos astronautas passarão os próximos dois anos em treinamento intensivo, durante o qual eles vão “aprender a história da Nasa e nossa visão para o futuro, terão aulas de geologia, sobrevivência na água e saúde espacial”, disse Stephen Koerner, diretor adjunto do Centro Espacial Johnson da agência espacial.
“Eles também terão a chance de treinar em nossos jatos de alta performance”, acrescentou Koerner.
Após o treinamento, a nova turma se juntará aos outros 48 membros do corpo de astronautas da agência espacial e se tornará elegível para missões. E isso pode ser uma experiência diferente daquela vivida pelos escolhidos na seleção de 2021.
Naquela época, a Nasa ainda tinha uma década de operações da Estação Espacial Internacional pela frente. Mas agora, a agência espacial se prepara para encerrar suas atividades no laboratório orbital até o início da década de 2030 e para lançar novas estações espaciais operadas pelo setor privado.
Por duas décadas, a ISS foi o único destino no espaço para os astronautas da Nasa.
Embora Norman Knight, diretor de operações de voo da Nasa, tenha dito na coletiva desta segunda-feira que “muitos desses candidatos sentados aqui hoje terão a oportunidade de visitar” a ISS, ele enfatizou que a estação espacial deve servir como laboratório de aprendizado para missões mais difíceis em espaço profundo.
“Cada lição aprendida a bordo da estação abriu caminho para onde estamos indo: primeiro de volta à Lua — desta vez para ficar — e depois para Marte”, disse ele.
Ainda não está claro para quais outras missões esses astronautas podem se tornar elegíveis. A Nasa provavelmente selecionará astronautas mais experientes para as missões lunares. A agência já escolheu um grupo de veteranos para a Artemis II, uma missão de teste que dará uma volta em torno da Lua já no próximo ano.
Mas autoridades da Nasa indicaram que esperam que o jovem grupo de astronautas selecionado nesta segunda-feira possa se tornar elegível para voos posteriores do programa Artemis à Lua e talvez até mesmo a Marte — para onde nenhum humano jamais viajou.