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Após vender as operações da Avon na América Central, a Natura anunciou a venda, por £ 1, da Avon International na Europa, África e Ásia para a Regent, incluindo earn-outs e pagamentos contingentes limitados a £ 60 milhões, mas excluindo o mercado russo e a América Latina. A maior parte dos recebíveis de empréstimos será capitalizada e o restante transferido à compradora.
A Natura fornecerá uma linha de crédito de até US$ 25 milhões à Avon International. O desinvestimento, previsto para o primeiro trimestre de 2026, faz parte da reestruturação iniciada em 2022, após vendas da Aesop e The Body Shop. As operações descontinuadas geraram saída de caixa de R$ 1,7 bilhão no 1º semestre de 2025. O mercado reagiu positivamente, com alta de 13,53% nas ações.
* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed
Três dias depois de comunicar a venda das operações da Avon na América Central (CARD), a Natura voltou a movimentar sua prateleira de desinvestimentos no exterior. E agora, com o pedaço desse pacote mais aguardado pelo mercado.
O grupo anunciou na manhã desta quinta-feira, 18 de setembro, que celebrou um acordo vinculante para a venda das operações da Avon International na Europa, África e Ásia para um veículo de aquisição afiliado à Regent. No fechamento da operação, a companhia receberá um valor simbólico de £ 1.
A Regent é uma holding global de investimentos cujo portfólio inclui operações como Bally, DIM Paris, Sassoon e Playtex, além de empresas de mídia e tecnologia como TechCrunch, Foundry, CrossKnowledge e Boundless Learning.
Segundo a Natura, os termos da transação incluem ainda earn-outs, que terão como base resultados futuros, além de pagamentos contingentes em determinadas condições específicas após o fechamento do negócio, que serão efetuados em certos eventos de liquidez.
A companhia também observou que os earn-outs e valores contingentes estão limitados a £ 60 milhões. E que a operação não envolve o mercado russo da Avon, tampouco a marca e as operações da empresa na América Latina, que seguem sob o guarda-chuva da Natura.
No acordo, as duas partes também estabeleceram que a maior parte dos recebíveis de empréstimos detidos pela Natura contra a Avon International será capitalizada antes do fechamento. E, o restante, transferido à compradora, sem contraprestação após o cumprimento de condições pós-fechamento.
A Natura concordou ainda em fornecer uma linha de crédito garantida à Avon International de até US$ 25 milhões, com vencimento em cinco anos após a primeira utilização. A linha poderá ser sacada em até um ano após o fechamento da aquisição, atrelada ao cumprimento de determinadas condições.
Além do desinvestimento anunciado hoje, cuja expectativa de conclusão é o primeiro trimestre de 2026, o grupo brasileiro ressaltou que segue explorando alternativas estratégicas para o mercado russo da Avon.
“Este acordo representa os passos finais da jornada de simplificação de nossa estrutura, iniciada há três anos, com o foco no crescimento das operações na América Latina”, afirmou, em comunicado, Fábio Barbosa, presidente do Conselho de Administração da Natura.
Esse processo de reestruturação na operação teve início justamente com a chegada de Barbosa como CEO global do grupo, em junho de 2022. Na época, a Natura desistiu de levar à frente sua ambição de consolidar uma plataforma global de cosméticos.
Os primeiros passos dessa reviravolta envolveram as vendas, em 2023, da Aesop e da The Body Shop. Já em fevereiro de 2024, a Natura incluiu a Avon nesse processo, ao anunciar que avaliava a separação do grupo em duas companhias independentes.
Comprada em 2019, por cerca de US$ 2 bilhões, a Avon era justamente o maior símbolo das aspirações globais da Natura. E, desde então, a indefinição sobre os rumos dessas operações alimentaram as expectativas – e incertezas – do mercado.
Em agosto de 2024, uma das etapas desse roteiro envolveu o pedido voluntário de proteção contra credores da Avon Products Inc., subsidiária não operacional da marca Avon nos Estados Unidos, por meio do Chapter 11 da justiça americana, em um movimento que, na época, surpreendeu o mercado.
As indefinições sobre o destino da Avon International seguiram pesando sobre a Natura. Inclusive em seus balanços, o que fez com que a empresa registrasse surpresas negativas, em sequência, a cada trimestre.
Segundo dados mais recentes, as operações descontinuadas da Natura, que incluem a Avon International e a CARD, registraram uma saída de caixa de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025, levando a uma redução na posição de caixa consolidada do grupo de cerca de R$ 750 milhões.
No comunicado de hoje, Barbosa destacou que a Avon International já vinha implementando um programa “robusto” de estruturação e disse acreditar que, com a venda para a Regent, essa jornada será “fortalecida”.
Segundo dados mais recentes, as operações descontinuadas da Natura, que incluem a Avon International e a CARD, registraram uma saída de caixa de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025, levando a uma redução na posição de caixa consolidada do grupo de cerca de R$ 750 milhões.
Parte do processo para eliminar esses impactos, a venda da operação na América Central, anunciada na última segunda-feira, envolveu as operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana para o Grupo PDC.
Assim como no acordo de hoje, a transação também foi fechada por um valor simbólico, de US$ 1, acrescido de um recebível de US$ 22 milhões da Avon Guatemala à subsidiária integral da Natura no México.
Em relatório sobre o negócio com o Grupo PDC, o Santander estimou que o desinvestimento pode trazer cerca de R$ 60 milhões em economia de caixa para a Natura. E ressaltou que o acordo poderia melhorar justamente o sentimento em relação aos esforços do grupo para concluir a venda da Avon International.
No mercado, a reação ao anúncio de hoje é bastante favorável. As ações da Natura estavam sendo negociadas com alta de 13,53% por volta das 10h30 na B3, dando à companhia um valor de mercado de R$ 13,8 bilhões.