Multiempresário – atua na indústria da construção pesada, na indústria de rações para animais, na pecuária, na agricultura e na produção de camarão no Ceará, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco – o engenheiro civil Cristiano Maia, 73 anos, cearense de Jaguaribara, onde nasceu na fazenda Samaria, cujo nome batiza suas empresas, é diferenciado em tudo. A começar pela maneira como emite suas opiniões: é sincero, vai direto ao ponto, não tem medo de cara feia, sendo exigente consigo mesmo: “Eu e minhas empresas e minha equipe de trabalho temos de fazer sempre o melhor, porque o nosso cliente merece o melhor”, ele costuma dizer.
Entrevistá-lo não é fácil. Falta-lhe tempo para ouvir perguntas de jornalistas e, mais ainda, para lhes dar respostas. Mas esta coluna teve sorte, pois o surpreendeu no seu escritório – um espaço onde tudo é simples – em momento de descontração e de boas notícias – acabara de ser informado a respeito de chuvas caídas sobre suas fazendas na região jaguaribana, as quais minimizarão os efeitos de uma estiagem que já durava mais de 15 dias.
Suas fazendas de pecuária leiteira e de corte suportarão o segundo semestre, quando não haverá mais chuva? – foi a primeira pergunta. Ele respondeu nos seguintes termos, mas com outras palavras:
“Sim, porque temos o Plano A, com chuvas que já passaram, e o Plano B para o enfrentamento da estiagem daqui para a frente. Usaremos o pasto natural enquanto ele houver e, depois, o que foi ensilado. Temos, também, o Plano C, que prevê a venda de parte do rebanho de corte, algo que fazemos anualmente. Temos no Ceará fazendas que comercializam alimentos ensilados como milho, sorgo, capim e palma forrageira, e isto nos garantirá a travessia do estio. Assim como eu, há agropecuaristas cearenses que também já se prepararam para a convivência com essas dificuldades próprias e periódicas do nosso clima. É bom deixar claro que, hoje, a agropecuária cearense, aquela que opera de forma empresarial, avançou muito, principalmente na tecnologia. Em tempos de estiagem, a produção leiteira, por exemplo, aumentou no Ceará, é só perguntar à Alvoar.”
E sua produção de camarão, a maior do país, como vai? Cristiano Maia respondeu na ponta da língua:
“Ah, essa vai muito bem, batendo recordes de produção e de venda. A Samaria Camarões tem fazendas de criação em Pendência, no Rio Grande do Norte, e em Beberibe e Paraipaba, no Ceará. Atendemos às maiores redes de restaurantes do país e já estamos prontos para exportar para o Reino Unido, tão logo o seu governo autorize. Praticamos uma carcinicultura da mais alta qualidade, para o que temos um laboratório moderno que, além de acompanhar todas as etapas da criação, monitora também o processo de beneficiamento, do que resulta um camarão disputado pelos nossos clientes do Nordeste, do Sul, do Sudeste e do Centro Oeste. Eu, pessoalmente, visito e inspeciono as operações de nossas fazendas de criação para que tudo siga sendo como é: uma operação perfeita.”
E a indústria de rações, na qual o senhor fez grandes investimentos nos últimos três anos? Cristiano Maia abriu um sorriso para responder:
“Posso afirmar que nossa empresa Samaria Rações, com unidades indústriais em Fortaleza e em Goiana, em Pernambuco, estão operando na ponta tecnológica. A Samaria Rações oferece hoje o que há de melhor no Brasil em ração para cães, gatos, peixes, camarão, equinos, suínos e aves. Isto exigiu muito investimento em máquinas, equipamentos e tecnologia e, ainda, em treinamento de pessoal. Mas valeu a pena, porque nossos produtos são consumidos hoje não só no Nordeste e no Norte, mas também no Sudeste, onde os criadores são exigentes na qualidade dos produtos com os quais alimentos seus animais.”
Cristiano nem espera a próxima pergunta e logo adianta que sua Construtora Samaria – que constrói e mantém rodovias federais e estaduais no Ceará – também vai bem. E diz o que pensa sobre a economia brasileira:
“Se o setor produtivo dispusesse hoje de juros bem mais baixos do que os de agora, com certeza o crescimento da economia brasileira não seria tão raquítico. Temos plena condição de crescer a taxas bem superiores do que à de 2,2% prevista para este ano. Mas me mantenho otimista, principalmente com relação ao Ceará, cujo governo dá sinais de que quer ser parceiro da iniciativa privada, e é e será essa parceria que permitirá o crescimento da economia”, finalizou Cristiano Maia.