O Estado de São Paulo investiga 192 casos de pessoas contaminadas por metanol após a ingestão de bebidas alcoólicas. Desses casos, 14 foram confirmados e 178 estão sob apuração. Segundo o balanço divulgado nesta segunda-feira pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), há nove mortes suspeitas por intoxicação por metanol: duas já foram confirmadas e sete ainda são investigadas.
Na semana passada, havia uma confirmação de morte após a ingestão de metanol em bebida contaminada e nove casos em investigação. Tarcísio afirmou que 15 casos suspeitos de contaminação foram descartados depois de análise laboratorial.
O governador concedeu uma entrevista à imprensa para fazer um balanço das ações da gestão, após o desgaste político com o caso. Ao lado de Tarcísio, o secretário estadual de Segurança e pré-candidato ao Senado, Guilherme Derrite (PL), tentou destacar que o crime organizado estaria envolvido no problema.
Segundo Derrite, uma das principais linhas de investigação indica que a contaminação é feita no momento da lavagem dos vasilhames. “Não há participação nenhuma do crime organizado nesse processo”, afirmou Derrite, em declaração à imprensa, na sede do governo paulista.
Segundo o secretário, nenhum dos 41 presos por suposto envolvimento na contaminação de bebidas por metanol pertencem a uma organização criminosa. “Até agora, não há nenhum indício do crime organizado”, disse Derrite, reforçando o discurso usado na semana passada pelo governador.
Brasília investiga participação do PCC
O governo federal, por meio da Polícia Federal, disse investigar a suposta participação do PCC no esquema. Ao tentar descartar a participação do crime organizado na contaminação de bebidas, Derrite disse que o PCC ganha mais com outras atividades ilícitas, como o tráfico de entorpecentes. “Por que quem lucra com tráfico de drogas iria migrar para um negócio muito menos rentável?”, questionou o secretário.
O governador disse ter interditado de forma cautelar 11 estabelecimentos que supostamente vendiam bebidas contaminadas por metanol, e que tiveram a suspensão preventiva da inscrição estadual. Foram seis distribuidoras e dois bares, de acordo com Tarcísio.
Estabelecimentos fechados
“A ideia é dar um recado para todos que a gente não vai tolerar comércio ilegal. O comerciante que topa o risco de comprar sem nota fiscal está sendo irresponsável”, disse Tarcísio, afirmando em seguida que “quem não conseguir comprovar de onde a bebida está vindo vai ter a inscrição estadual cancelada”. “Quem opera no comércio sabe o preço de uma bebida verdadeira e de uma falsificada”, afirmou, sem divulgar os comércios que já foram fechados por venda de bebida adulterada.
Tarcísio e Derrite reforçaram que uma das linhas de investigação aponta que a contaminação das bebidas com metanol foi feita durante o processo irregular de limpeza de garrafas reaproveitadas. Outra linha de investigação é o uso de metanol para alterar o volume de bebidas adulteradas.
“Até o momento, não foi identificada relação entre os estabelecimentos flagrados com bebidas falsificadas nem entre os presos”, disse Tarcísio, descartando a ação do crime organizado.
Segundo Tarcísio, o governo paulista deve elaborar propostas legislativas nos âmbitos estadual e federal para apresentar na Assembleia Legislativa paulista e no Congresso medidas “que vão além do que já está na pauta de tornar criminalização crime hediondo”. “Pode aperfeiçoar logística reversa, melhorar a fiscalização da cadeia [produtiva]’, disse.
O governador tentou descolar o caso do Estado de São Paulo e disse que é um problema nacional, que precisa do envolvimento de todos os entes federativos. “Precisa enfrentar de maneira estruturada, respeitando a estrutura dos entes, com coordenação com governo federal e parceria com a iniciativa privada”, disse.