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Speedbird Aero prepara voos mais altos na Europa com cheque de gestora de Portugal

Speedbird Aero prepara voos mais altos na Europa com cheque de gestora de Portugal

Itália, Portugal, Estados Unidos e Brasil. Nas próximas semanas, a agenda de Manoel Coelho, cofundador e CEO da Speedbird Aero, ilustra como a startup fundada em Franca, no interior de São Paulo, em 2019, começa a ganhar escala mundo afora com seus drones para transportes e entregas em caráter comercial.

Como parte desse roteiro, a novata está estabelecendo uma nova conexão. A Speedbird Aero acaba de captar um aporte bridge para uma rodada série B, de € 3,5 milhões (R$ 22,5 milhões), liderado pela gestora portuguesa Lince Capital, em informação antecipada com exclusividade ao NeoFeed.

A Speedbird está embarcando outros dois fundos portugueses em seu captable – a Cedrus Capital e a Explorer Investments, além da brasileira AcNext Capital. O fundo MSW Multicorp 2, da MSW Capital, que tem a Embraer entre seus cotistas e já investia na startup, seguiu a rodada.

“Esse aporte representa uma entrada muito forte da Speedbird no mercado europeu”, diz Coelho, ao NeoFeed. “E, ao mesmo tempo, a manutenção de tudo o que conquistamos no Brasil. Então, vamos ter o melhor dos dois mundos.”

Boa parte dos recursos será aplicada em pesquisa e desenvolvimento, tendo como prioridade a expansão e as adaptações no portfólio que, atualmente, inclui dois drones – DLV1 e DLV2 – com certificações de voo no Brasil e em outros dez países.

“Fizemos nossas primeiras aeronaves há seis anos, quando essa indústria praticamente não existia. Então, gastamos muito em conhecimento”, afirma Coelho. “Mas passamos dessa fase e já sabemos o que precisamos ter para atender cada mercado que estamos trabalhando.”

São três projetos no forno. Um será uma evolução do DLV4, que passará a ter capacidade de transportar entre 15 kg e 20 kg de carga, com um alcance de 100 quilômetros. Outro é o DLV3, para cargas entre 50 kg e 65 kg, em até 250 quilômetros. O terceiro será uma adaptação do DLV2 para o mercado europeu.

“Vamos adaptar e submeter esses modelos em Portugal, cuja certificação, até um certo nível, vale praticamente para toda a Europa”, diz Coelho. “E fornece ainda uma chancela quando se sobe o nível e quem certifica é a EASA, a agência europeia de aviação.”

Nesse movimento, a Speedbird vai ampliar seu time de P&D – de 5 para 15 profissionais – em Portugal, onde a startup desembarcou há um ano. Os planos incluem ainda uma estrutura de montagem final dos drones no país.

A startup já acumula horas de voo no Velho Continente. Isso inclui parcerias com o Correio Britânico; o uso de drones para analisar a qualidade da água, em tempo real, na Inglaterra; e a entrega de peças de carros e turbinas eólicas na Suécia e na Escócia. Além de um contrato recém-assinado na Itália.

No Reino Unido, a expectativa é de que essas iniciativas ganhem ainda mais corpo com o anúncio feito neste mês pelo governo britânico de um financiamento de mais de £ 20 milhões para serviços de drone e táxis voadores em escala comercial.

Lá fora, esses e outros projetos são viabilizados por meio de parceiros como a britânica Sky Ports. A Speedbird vende seus drones e fornece treinamentos para que essas empresas operem os serviços na ponta. Em Portugal, a ideia, porém, é atuar diretamente.

“Estamos conversando com empresas que são potenciais clientes”, diz Coelho. “Entre elas, uma grande operadora de telecomunicações local.”

De Vespasiano a Cingapura

No Brasil, a Speedbird tem sete contratos com nomes como iFood, Neodent e Wilson Sons. Nessa última, um dos projetos envolve o transporte de mercadorias e documentos em portos, com origem em uma iniciativa semelhante tocada em Cingapura pelas duas empresas.

Essa base tem ainda companhias como o Grupo Fleury, com o transporte de amostras biológicas e materiais de exames na cidade de Vespasiano (MG), região metropolitana de Belo Horizonte. Além de contratos em avaliação com empresas como Vale e Petrobras.

A startup também acaba de assegurar seu primeiro aporte via subvenção no País. Os recursos serão injetados por meio da Finep e somam R$ 9 milhões. Já na América Latina, a empresa está fazendo seus primeiros voos de demonstração no Uruguai e na Argentina.

No total, com todos esses projetos, que incluem ainda países como Israel, a startup tem 25 aeronaves em operação, sendo 15 delas em caráter comercial.

“Parece pouco, mas somos uma das maiores do mundo hoje”, diz Coelho. A empresa já acumula 33 mil horas de voo, levando-se em conta apenas os projetos em caráter comercial. “Esse é um mercado ainda em construção.”

Para seguir ampliando esse mapa, a próxima escala é o mercado americano, onde a empresa já realizou alguns testes. Para isso, o plano é captar, em 2026, um aporte série B de US$ 20 milhões.

“Essa rodada será para entrarmos forte lá, como operadores. Já temos, inclusive, convites para produção local”, diz Coelho. “É como no setor de aviação. O Brasil, por si só, já é um grande mercado. Mas uma empresa só se sustenta quando opera nos Estados Unidos e na Europa.”

Coelho entende, porém, que a Speedbird seguiu um percurso diferente de boa parte das startups de entregas via drones. O que, em sua visão, está sendo ressaltado agora, em um momento mais escasso em termos de aportes no segmento.

Em números, as startups dedicadas ao uso de drones em caráter comercial chegaram a arrecadar, no seu auge, em 2021, um total de US$ 3,6 bilhões. Um dos destaques foi a americana Zipline, que levantou US$ 821 milhões em 11 rodadas. Na comparação, a Speedbird chega agora a US$ 10 milhões captados.

Já em 2024, o volume de captações nesse espaço “aéreo” caiu para US$ 818 milhões. E o setor vem acumulando pedidos de proteção contra falência na figura de empresas como a alemã Volocopter, que chegou a levantar mais de US$ 540 milhões junto a investidores como Mercedes-Benz e Geely.

“Houve um frenesi no mercado, inclusive com receitas fictícias, de projetos apoiados por governos, mas nós nunca participamos desse hype”, diz Coelho. “Fizemos o contrário, começamos com clientes, por nós mesmos. E é essa base que nos dá condições agora de partir para algo mais contundente.”

Nesse horizonte está um mercado que, mesmo com essas turbulências, deve registrar um salto de US$ 2,4 bilhões, em 2024, para US$ 72 bilhões, em 2031, segundo a consultoria Verified Market Research.

 





Ceará Agora e Diário do Nordeste

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