O homem preso pelo assassinato do ativista de direita Charlie Kirk não está cooperando com as autoridades, mas os investigadores estão trabalhando para esclarecer o motivo do ataque conversando com seus amigos e familiares, disse o governador de Utah, Spencer Cox, neste domingo.
Cox afirmou que o atirador Tyler Robinson, 22, seria formalmente acusado na terça-feira. Ele permanece sob custódia em Utah. Os investigadores ainda precisam descobrir por que Robinson supostamente escalou um telhado na Universidade Utah Valley durante um evento ao ar livre e atirou em Kirk no pescoço à longa distância na quarta-feira (10).
Kirk, um aliado fiel do presidente Donald Trump e cofundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA, foi morto com um único tiro de rifle durante um evento que reuniu 3.000 pessoas em Orem, cerca de 65 km ao sul de Salt Lake City.
O assassinato desencadeou novos temores de um aumento da violência política nos Estados Unidos e de uma divisão cada vez maior entre a esquerda e a direita. Robinson não confessou o crime aos investigadores, disse Cox ao programa “This Week” da ABC.
“Ele não está cooperando, mas todas as pessoas ao seu redor estavam cooperando, e acho isso muito importante”, disse o governador republicano. Uma pessoa que aparentemente está conversando com os investigadores é o colega de quarto de Robinson, que também era um parceiro romântico, disse Cox, citando o FBI.
Cox descreveu o colega de quarto como “uma pessoa em processo de transição para outro gênero” e disse que o colega de quarto tem sido “incrivelmente cooperativo”. A Reuters não conseguiu localizar o colega de quarto, nem seus representantes, para obter comentários. A reportagem também não conseguiu determinar quem é o representante legal de Robinson.
Questionado no programa “State of the Union”, da CNN, se a identidade de gênero do colega de quarto é relevante para a investigação, Cox disse: “É isso que estamos tentando descobrir agora. … É fácil tirar conclusões disso, então temos as cápsulas de bala, outras evidências forenses que estão chegando – e estamos tentando juntar todas essas coisas.”
Os investigadores encontraram mensagens gravadas em quatro cápsulas de bala, que incluíam referências a memes e piadas internas de videogame. Um depoimento apresentado pelas autoridades no caso descreveu essas mensagens. Uma das inscrições, de acordo com o depoimento, dizia: “Ei, fascista! PEGUE!”, seguido por uma combinação de setas direcionais, uma aparente referência a uma sequência de botões pressionados que libera uma bomba em um videogame popular.
Outro depoimento dizia: “Se você ler isso, você é GAY, kkkk”, abreviação de “rindo pra caramba”. A retórica carregada de Kirk, que frequentemente envolvia comentários anti-LGBT e anti-imigrantes, atraiu legiões de conservadores, mas também gerou fortes sentimentos entre os liberais e críticas generalizadas.
Robinson, um aluno do terceiro ano do programa de aprendizagem em eletricidade no Dixie Technical College, parte do sistema universitário público de Utah, foi detido na casa de seus pais, cerca de 420 km a sudoeste da cena do crime, após uma busca de 33 horas.
Investigadores procuram o motivo
Parentes e um amigo da família alertaram as autoridades de que ele havia se implicado no crime, disse Cox anteriormente. Embora Robinson tenha sido criado por pais religiosos em uma região profundamente conservadora do estado, “sua ideologia era muito diferente da de sua família”, disse Cox no domingo no programa “Meet the Press” da NBC, sem entrar em detalhes.
Registros estaduais mostram que Robinson era um eleitor registrado, mas não filiado a nenhum partido político. Um parente disse aos investigadores que Robinson havia se tornado mais político nos últimos anos e que certa vez havia discutido com outro membro da família a antipatia que eles tinham por Kirk e seus pontos de vista, de acordo com o mandado de prisão. Robinson “não era fã” de Kirk, disse Cox no domingo.
O assassinato provocou indignação entre os apoiadores de Kirk e a condenação da violência política por parte de pessoas de outro espectro ideológico. Muitos republicanos, incluindo Trump, foram rápidos em atacar a esquerda política, acusando-os de fomentar o ódio anticonservador que encorajaria um espírito semelhante a cruzar a linha da violência – mesmo que o presidente e seus aliados frequentemente invocassem imagens violentas contra seus oponentes.
Mike Johnson, o presidente republicano da Câmara dos Representantes dos EUA, pediu calma no domingo. “Temos que diminuir a retórica”, disse Johnson no programa “Fox News Sunday”.
Em conversas que teve com deputados republicanos e democratas desde o assassinato de Kirk, Johnson disse: “Há um reconhecimento de que as pessoas precisam parar de enquadrar simples divergências políticas em termos de ameaças existenciais à nossa democracia”.
Mas Johnson também criticou os democratas. “Não se pode chamar o outro lado de fascista e inimigo do Estado e não entender que existem pessoas perturbadas em nossa sociedade que interpretam isso como um sinal para agir e fazer coisas loucas e perigosas. E é isso que temos visto com frequência crescente”, disse Johnson.
No programa “Meet the Press”, Cox atribuiu parte da culpa às mídias sociais, afirmando que elas “desempenharam um papel direto em todos os assassinatos e tentativas de assassinato que vimos nos últimos cinco ou seis anos”.
Trump atribuiu a Kirk o mérito de levar os jovens eleitores ao conservadorismo. Seu movimento Turning Point afirma ter mais de 800 filiais em campi universitários. A viúva de Kirk disse na sexta-feira que os esforços do movimento seguirão adiante. Um evento em memória de Kirk será realizado em 21 de setembro em Glendale, Arizona, informou sua organização.