A Transnordestina Logística S.A. (TLSA) estuda a construção de terminais para carga e descarga no caminho da Ferrovia Transnordestina nos estados de Piauí, Pernambuco e Ceará. A tendência é de que pelo menos cinco portos secos sejam construídos ao longo da linha férrea.
Esses detalhes foram repassados em entrevista ao Diário do Nordeste por Tufi Daher Filho, presidente da Transnordestina Logística S.A. (TLSA), companhia responsável pela construção da ferrovia. Cinco infraestruturas denominadas de portos secos estão em análise para serem construídas na região.
Vamos ter um (porto) lá no Piauí em Eliseu Martins. Vamos ter um grande terminal nosso próprio lá. Além do Pecém, vamos ter muito provavelmente em Trindade (PE), por causa do polo gesseiro. Estamos avaliando Missão Velha e Salgueiro (PE), uma delas para se ter um, e provavelmente entre o Porto do Pecém e Iguatu, a gente deve ter mais um, ainda não sabemos em qual será o local. Serão da TLSA.
Um porto seco tem a mesma estrutura existente em portos marítimos (a exemplo do Pecém) e fluviais (como o de Manaus), incluindo operação alfandegária e incentivos fiscais.
Em vez de estar ligado a um modal aquático, como embarcações, está instalado dentro do continente, completamente cercado por terra. Em geral, está associado com modais rodoviários e/ou ferroviários.
Um desses portos secos já foi anunciado. Será em Quixeramobim, no sertão central cearense, com investimento que pode chegar próximo de R$ 1 bilhão e está sendo construído pela Value Global Group, empresa responsável pelo projeto, e que deve ser concluído até 2027.
Conforme informações do Governo do Ceará, o empreendimento deve ocupar uma área de 360 hectares e chegar a R$ 300 milhões de faturamento anual, gerando mais de 1,3 mil empregos diretos e indiretos.
O governo estadual também reforça que está em estudo um segundo porto seco no Estado, em Missão Velha, na mesma cidade onde a TLSA avalia um terminal próprio. Caberá à Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) entender a viabilidade do empreendimento.
Transnordestina começa a funcionar em 2025, garante presidente da TLSA
Tufi reafirmou o compromisso em colocar a Transnordestina para operar ainda em 2025, no fim do ano, em espécie de operação assistida.
Essa funcionalidade será feita entre estruturas chamadas pela TLSA de terminais intermodais, isto é, que funciona de forma similar a um porto seco, mas em tamanho menor e sem as funções alfandegárias e de incentivos fiscais.
Um desses terminais será da própria empresa, em Bela Vista do Piauí (PI). Já o outro ficará em Iguatu, no Centro-Sul do Ceará, mas segundo Tufi Daher, a estrutura que está sendo construída na cidade cearense “é privada” e não pertence à TLSA.
“Iguatu vai ser, na nossa visão, a primeira estrutura intermodal para o transporte de grãos que vai sair do Piauí. Vai chegar em Iguatu para abastecer toda aquela bacia leiteira, aquelas granjas da região. Estamos com bastante segurança de que, no final deste ano, a gente começa a fazer os primeiros transportes. Não são grandes volumes, não pode se comparar com volume para exportação, mas começa em fase de comissionamento a funcionar a Transnordestina”, explicou.
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Tufi Daher Filho, presidente da FTL e da TLSA, explica o processo para chegada da Ferrovia Transnordestina no Porto do Pecém
Kid Júnior
O presidente da TLSA enfatizou a questão do terminal a ser construído no Porto do Pecém, destino da Transnordestina. A empresa vai começar em 2026 a construir a própria estrutura, com previsão de entrega no segundo semestre de 2027.
“Estamos em conversas quase que semanais com o Porto do Pecém, integrando as nossas estruturas com as existentes. Queremos chegar com a ferrovia e estar com o porto pronto. No Ceará, a gente tem conversas com vários setores: combustíveis, fertilizantes, cimento. Onde tiver uma demanda que faça sentido para um transporte ferroviário de longa ou média distância e de grande volume, pode ter certeza que esses lugares vão ser certamente portos intermodais de transporte”, apontou.
Como está a construção da Transnordestina?
Os trabalhos para a montagem da ferrovia transcorrem a todo vapor no interior do Ceará na chamada fase 1. Ela interliga o São Miguel do Fidalgo (PI) ao Porto do Pecém (CE) passando por Pernambuco.
Nos mapas recém-divulgados pela empresa, três trechos estão concluídos no território cearense. Atualmente, a ferrovia está finalizada entre a divisa do Ceará e Pernambuco, chegando até Acopiara.
Entre Acopiara e Itapiúna, outros quatro trechos estão em obras de execução de infraestrutura (lotes 4, 5, 6 e 7), assim como o lote 11, que interligará Caucaia e o Porto do Pecém, o último da ferrovia em solo cearense. Somados, esses espaços têm 235 quilômetros (km) de linha férrea.
Os últimos três trechos estão com estágios diferentes. O lote 8 (Itapiúna – Baturité), de 46 km, foi contratado no início de junho. No segundo semestre, os lotes 9 (Baturité – Aracoiaba) e 10 (Aracoiaba – Caucaia) serão contratados, finalizando todas as partes de pré-construção da ferrovia.
As obras de infraestrutura são realizadas em cada trecho antes de receberem os trilhos. Ao todo, 32 mil km de linha férrea foram compradas da China pela TLSA, e vão chegar ao Ceará pelo Porto do Pecém, conforme expôs Tufi Daher Filho. Esse material será utilizado para os lotes restantes.
“No final deste ano, a gente começa a montar o lote 4 de superestrutura. Em 2026, a gente já monta o lote 5. No começo de 2026, monta o lote 11. Vamos deixar o lote 11 praticamente montado no primeiro semestre de 2026”, elencou o presidente da TLSA.