Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

“Tremembé”: Suzane von Richthofen tirou nota acima da média no Enem; saiba

"Tremembé": Suzane von Richthofen tirou nota acima da média no Enem; saiba

Mesmo cumprindo pena de 39 anos, Suzane von Richthofen demonstrou persistência para voltar a estudar. De dentro da penitenciária em Tremembé, no interior de São Paulo, ela realizou exames para ingressar na universidade e, em 2020, conquistou aprovação no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) com pontuação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) significativamente superior à média nacional.

Condenada por mandar matar os pais a paulada em 2002, Suzane voltou ao centro dos holofotes desde a estreia de “Tremembé”, série da Prime Video, streaming da Amazon, onde ela é interpretada por Marina Ruy Barbosa.

Em 2020, após várias tentativas da prisão, Suzane foi aprovada via Sisu (que utiliza a nota do Enem) para o curso de gestão de turismo, no Campus de Campos do Jordão do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo).

Com sua pontuação de 608,42, significativamente acima da média geral do exame em 2020, que foi de 527,10, ela figurou em oitavo lugar na lista de aprovados.

O curso, noturno e presencial, tinha aulas das 19h às 22h40 na cidade da serra da Mantiqueira a cerca de 40 quilômetros de Tremembé, onde ela cumpria pena. Caso obtivesse autorização para frequentar, Suzane teria de arcar com os custos do próprio transporte.

No entanto, a instituição confirmou à CNN Brasil que ela não chegou a cursar, e sua matrícula foi cancelada por evasão, após acumular dez faltas sem justificativa.

A trajetória de tentativas acadêmicas de Suzane é extensa, mas antes de ser condenada pela morte dos pais, ela cursava direito na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) em 2002, ano dos assassinatos.

Antes do crime que a tornaria infame, a vida de Suzane era marcada por um ambiente familiar tenso de acordo com o jornalista e roteirista Ullisses Campbell em seu livro “Suzane Assassina e Manipuladora”.

Ele revela que, em meio às constantes desavenças entre Marísia e Manfred von Richthofen, pais de Suzane, ela encontrava um contraste no lar dos Cravinhos, percebendo-o como um “paraíso” em oposição ao “inferno” de sua própria casa.

Foi nesse cenário que a jovem traçou uma estratégia para evitar ser enviada ao exterior pelos pais, que discordavam de seu relacionamento: a aprovação no vestibular. Ela pediu um tempo para o namorado Daniel Cravinhos para se dedicar aos estudos. Quando foi aprovada, foi recompensada com um presente dos pais, um Gol dourado, carro da moda na época.

Vestibular após os crimes

Já da prisão, Suzane iniciou uma batalha de anos para conseguir estudar. A tentativa mais recente ocorreu em 2024, quando se matriculou e chegou a frequentar por alguns meses a Universidade São Francisco de Bragança Paulista. Contudo, apesar de sua matrícula ainda estar ativa, ela não tem sido mais vista na cidade.

Mas bem antes disso, ela prestou vestibular em várias tentativas. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) afirmou à CNN Brasil que, no período em que Suzane esteve sob custódia na Penitenciária Feminina 1 de Tremembé, suas aprovações em unidades de ensino superior foram obtidas por meio da nota do Enem, com o apoio de sua defesa.

Suzane conseguiu prestar as provas de dentro da prisão por meio do Enem PPL (Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade), um programa do Inep que permite a detentos buscarem o ensino superior.

Suzane cumpre pena em regime aberto desde 2023.assassinato dos pais, Manfred e Marísia. O crime que chocou o país foi executado pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos – Daniel, seu então namorado –, que desferiram golpes contra o casal enquanto dormia.

Trajetória acadêmica da prisão

Conforme detalhado por Campbell em seu livro sobre Suzane, a busca por conhecimento e o desejo de ascensão acadêmica permeiam diferentes fases da vida dela.

Em 2016, Suzane foi aprovada no vestibular de administração da Universidade Anhanguera de Taubaté. Embora sua matrícula tenha sido inicialmente barrada pela 2ª Vara de Execuções Criminais, a decisão foi revertida em segunda instância.

O desembargador Damião Cogan defendeu o “direito inalienável do preso ao estudo”, classificando a “repulsa” como “ilação subjetiva”. Contudo, mesmo com a vitória legal, Suzane optou por não se matricular, alegando temor da hostilidade dos demais alunos.

Em 2017, Suzane tentou novamente, sendo pré-selecionada para o Fies (Financiamento Estudantil) e conquistando uma das duas vagas para administração na Faculdade Dehoniana de Taubaté, também via Enem PPL.

Apesar do mérito acadêmico e do financiamento disponível, Suzane, mais uma vez, preferiu não efetuar a matrícula, citando o medo de represálias e hostilidade.

Suzane, que no dia 3 de novembro completou 42 anos, foi procurada pela reportagem, mas não respondeu. Atualmente, ela vive em Bragança Paulista, atende pelo nome de Suzane Louise Magnani Muniz e é casada com o médico Felipe Zecchini Muniz, com quem tem um filho.



Revista do Ceará e CNN

Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *