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ONS castiga o Nordeste, que exporta energia para o resto do país – Egídio Serpa

ONS castiga o Nordeste, que exporta energia para o resto do país - Egídio Serpa

Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e até março passado presidente, por dois mandatos, da Associação Nordeste Forte, está a celebrar mais uma conquista desta região, que responde, agora, por 24,2% da geração de energia elétrica no país, tornando-se vice-campeã nacional, atrás apenas da região Sudeste, que gera 27,5% — a região Sul, que era a segunda colocada, agora é a terceira, com 22,0%. Cavalcante chama atenção para um dado relevante: em 2009, a geração nordestina de energia correspondia, apenas, a 13,0% da geração nacional – o Sul produzia 26,4% e o Sudeste, sempre líder, 36,5%. Foi extraordinário, como se observa, o crescimento da geração de energia no Nordeste. 

Os dados acima são da Empresa de Planejamento Energético (EPE), vinculada ao ministério de Minas e Energia, mas o presidente da Fiec aponta outro, também importante, que é resultado da pesquisa IPC Maps 2025, revelando que o Nordeste passou a disputar com o Sul do país, também, a vice-liderança nacional entre as regiões que mais consomem no Brasil.  De acordo com essa pesquisa, o Nordeste já participa com 18,59% do consumo nacional das famílias, empatando, praticamente, com a região Sul, cuja participação é de 18,50%.  

A economia nordestina, porém, teve maior crescimento no potencial de consumo em relação ao período anterior. O aumento foi de 2,9%, enquanto o indicador diminuiu 0,3% no Sul e 0,8% no Sudeste.  

“Isto expõe todo o potencial de crescimento da região Nordeste”, lembra Ricardo Cavalcante, na opinião de quem a economia regional só cresce se dispuser de energia elétrica, “um insumo que temos até para exportar para outras regiões”, o que é verdade há alguns anos graças à implantação e operação de dezenas de grandes projetos de geração de energias renováveis, principalmente as das fontes solar fotovoltaica e eólica onshore (em terra firme). 

Esta coluna anota um paradoxo, próprio das coisas administradas pelo serviço público brasileiro: produzindo muito mais energia do que pede sua demanda interna, o Nordeste ajuda o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) injetando em sua rede unificada todo o excedente – um excedente que mantém viés de alta. Mas o Nordeste – e aqui está o inacreditável – mesmo exportando energia para o Sul, o Sudeste e o Centro Oeste, é impiedosamente apenado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com tarifas de bandeiras amarela e vermelha. Acredite, que é vero. 

Há outra incongruência ainda mais inacreditável: por falta de Linhas de Transmissão ou por causa de restrições da infraestrutura da rede nacional, o ONS tem limitado a geração de energia dos parques eólicos e solares, o que vem gerando, principalmente na região Nordeste, altos prejuízos às empresas que investiram nesses projetos (somente no ano passado de 2024, os investimentos em energia solar fotovoltaica alcançaram um Evereste de R$ 55 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). 

Há outro detalhe inverossímil: no justo momento em que o mundo todo se mobiliza para substituir as energias fósseis por energias limpas e renováveis, o que fez o Parlamento brasileiro? Decidiu por permitir a construção e operação de mais usinas termelétricas movidas a carvão mineral, fonte poluidora da atmosfera e emissora de gases de efeito estufa, que aquecem o planeta. Esse paradoxo há, igualmente, nos Estados Unidos, onde o mercurial presidente Donald Trump tornou pública sua prioridade pela extração de petróleo até na Groelândia, uma ilha da Dinamarca.  

O Brasil segue a mesma trilha, e seu governo tenta acelerar o devido licenciamento ambiental para extrair petróleo da Faixa Equatorial, que se estende desde o litoral de Roraima até o do Rio Grande do Norte. Vizinho a Roraima, está a Guiana, cujo PIB triplicou nos últimos cinco anos com a exploração do que lhe cabe nessa Faixa Equatorial.  

Neste ponto, esta coluna já se posicionou: como o petróleo seguirá sendo, pelos próximos 30 anos, a fonte de energia mais abundante do planeta, é justo que o Brasil se junte à Guiana e explore essa riqueza, cuidando de preservar e defender o meio ambiente, ou seja, a vida marinha na área a ser explorada. 



Secretaria da Cultura

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