O dia mal amanheceu e as filas para passar nos pontos de revista que dão acesso à praia de Copacabana já começavam a se formar e, por volta das 10h deste sábado (3), já se estendiam por mais de dois quarteirões.
A faixa de areia em frente ao palco de 2,2 metros de altura, que abrigará o grande espetáculo de Lady Gaga no Brasil, foi tomada por cangas, guarda-sóis, bolsas com água, filtro solar, sanduíches. Os Little Monsters (monstrinhos, em português, apelido carinhoso dado pela cantora aos fãs) estão preparados para enfrentar o sol até o horário do show, marcado para as 21h45.
São esperadas mais de 1,6 milhão de pessoas na faixa de areia em Copacabana, onde foi montado o palco e instaladas 16 torres com telões de 9 metros de altura por 5 metros de largura, permitindo que o público acompanhe a apresentação à distância.
Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia carioca.
O show começa às 17h30, com a apresentação de DJs, e a cantora americana deve entrar no palco às 21h45.

Fã cearense
Relato de um little monster
O professor de marketing e criador de conteúdos digitias, Lucas Leorne, cearense de 26 anos, começou a admirar a artista com apenas 9 anos. Em seu relato, Lucas disse que escutava todos os dias o álbum The Fame quando ia a escola. ‘Era o som que me fazia sentir diferente — especial: ”Me viciei nas músicas. Cada batida, cada visual, cada performance… era como se ela traduzisse tudo o que eu sentia e não conseguia dizer’‘.
O jovem relato que não foi fácil, porém crescer num lar evangélico e amando a Lady Gaga. ‘‘Me cobrava, me julgava, me sentia errado por gostar dela. Entrei em um ciclo de negação. Me forcei a parar de ouvir, a ignorar o que me fazia bem, só pra me encaixar num padrão que não era meu”, afirma o professor.
Somente aos 14 anos teve coragem de se desprender das amarras e realemtne aceitar que amava Gaga: “Foi como se eu respirasse de verdade pela primeira vez. Me joguei nas músicas, nos clipes, nas entrevistas, nos bastidores. Virei fã com todas as letras”.
Durante a adolescentes ele saía pelas lojas atrás de todos os CDs e DVD da artista, e quando achada era uma vitória, comprava e colecionava quantos podia. Até que, aos 19 anos, um familiar jogou todos os discos fora. ”Por religião, por homofobia, por ignorância. A dor foi imensa, até hoje lateja. Era mais do que objetos — era a minha história, meu refúgio, minha identidade sendo arrancada”.
O criador de conteúdos conta que em 2017, uma grande esperança nasceu dentro do seu coração após a cantora anunciar um show no Rock in Rio, mas o sonho de ouvir suas músicas ao vivo não teve êxito. ”Me preparei todo, viajei com o coração explodindo. E aí, no aeroporto Santos Dumont, a notícia: show cancelado. Foi como se o mundo parasse. O Rio inteiro parecia de luto. Eu também”.
Mas 2025 chegou, e com ele a divulgação de um show da Lady Gaga em Copacabana. ”Eu não pensei duas vezes: comprei passagem em fevereiro, reservei hotel, organizei tudo nos mínimos detalhes. Preparei meus looks, camisas, acessórios — tudo pra mostrar ao mundo o amor que sempre tive por ela. Cheguei no Rio e era como entrar num sonho: a cidade inteira respirava Lady Gaga. Em cada esquina, cada tela, cada conversa — ela estava lá. A energia era inacreditável”, contou Lucas.

Ontem (2), a artista fez uma passagem de som e ensaiou quase o espetáculo inteiro que ocorre neste sábado (3). O resultado desse singelo ensaio foi um mar de pessoas que correram dos seus hotéis e foram prestigiar de perto a diva pop. ”Cheguei lá e ela estava ali. Na minha frente. Cantando. Chorava sem conseguir me controlar”, relembra o cearense.
Lucas Leorne pontua suas expectativas para o show de logo mais a noite: ”Até que fim o grande dia chegou! É como se o garoto de 9 anos, que um dia se sentiu errado por amar a Gaga estivesse, finalmente, sendo abraçado pelo universo. Estou vivendo um que vai ficar pra sempre guardado no meu coração!”
Com informações da Agência Brasil