
Gente de Deus! Passaram-se cinco anos. Um lustro inteiro desde que o grande silêncio desceu sobre as cidades e aquele vírus coroado, o famigerado Covid-19, trancafiou o mundo. Prometemos que sairíamos dali melhores, mas parece que a humanidade tem a memória curta e a teimosia longa. Não aprendemos absolutamente nada.
É compreensível, e até louvável, que busquemos na ciência o alívio para as dores da carne. Mas há um momento em que a busca pela cura flerta com a arrogância de querer “brincar de Deus”. Quando a ciência começa a esmiuçar os códigos da vida — clonagens e manipulações genéticas — sem o devido temor sagrado, corremos o risco de perder o respeito pelos limites da ética. E o resultado dessa húbris raramente é a benesse; quase sempre é o castigo.
Mas o perigo não mora apenas nos laboratórios futuristas. Ele está aqui, no prato feito do nosso cotidiano, ignorado pelas grandes economias em nome de um progresso que enriquece poucos e adoece muitos. Falo do desrespeito total e irrestrito à natureza. Enchemos o mundo de uma alquimia perversa: corantes que tingem a realidade, “reforçadores de sabor” que mascaram a pobreza nutricional. Tudo para alimentar com pressa, tudo para o lucro imediato, tudo à base de compostos que sabe-se lá o que farão às nossas células.
E o que colhemos desse plantio tóxico? Uma velocidade de mutações virais inédita na história moderna. Injetamos hormônios em aves e bovinos para vencer o relógio biológico e lucrar rápido, sem nos importarmos com os efeitos colaterais de longo prazo. Criamos superbactérias resistentes aos nossos melhores remédios. E assim, preparamos o terreno para o que estamos vendo agora na Ásia, na Europa e na América do Norte: o vírus subclado da Influenza A (H3N2) circulando livre, levando pacientes de estados graves ao silêncio definitivo do óbito.
Para não ficarmos de fora dessa triste valsa global, a tal “lindeza” — a variante K — já deu o ar da graça em amostras aqui em Pindorama. E adivinhem onde? O destino é um roteirista irônico. No Estado do Pará. Justamente no solo onde o mundo debateu, na já realizada COP-30, o clima e a sobrevivência da espécie. Não é uma coincidência de matar? (Perdoem-me o chiste, mas o humor é a última defesa contra o desespero).
Agora, enfrentamos o paradoxo dos nossos tempos. O Ministério da Saúde, cumprindo seu dever com agilidade, corre para enviar a vacina da Influenza a todos os recantos deste país continental. O remédio existe, a logística funciona. O problema, meu caro leitor, não é o Estado; somos nós.
Vivemos tempos estranhos onde a população, inebriada por uma polarização que emburrece, resolveu negar o óbvio. Entramos numa onda de loucura coletiva, questionando o que vem salvando a humanidade há décadas: a vacina. Em vez de arregaçar as mangas em busca da vida, muitos preferem cruzar os braços em nome de ideais vazios.
Enquanto isso, fico eu aqui, do meu posto de observação no nosso Siará, torcendo para que haja um lampejo mínimo de raciocínio. Que entendam que o vírus não tem partido político e não lê redes sociais. Se continuarmos a poluir o planeta e a negar a ciência, estamos apenas estendendo o tapete vermelho para futuros COVID-29, COVID-35 ou coisa ainda mais tenebrosa.
O Ministério faz a parte dele. Tomara que o povo tome juízo antes que seja tarde demais. A K chegou, e a ignorância não serve de escudo para ninguém.
O post A K Chegou! (E a insensatez continua?) apareceu primeiro em O Estado CE.